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EUA retaliam milícias pró-Irã no Iraque; Teerã promete 'vingança' a Israel

Pelo menos um membro de uma facção pró-iraniana morreu e 24 pessoas ficaram feridas nesta terça-feira (26) em ataques efetuados pelos Estados Unidos no Iraque contra três instalações utilizadas pelo grupo pró-iraniano Kataeb Hezbollah. O Irã promete vingança, por sua vez, após Israel ter matado, na segunda-feira, um oficial iraniano na Síria. Todo o Oriente Médio é afetado pela guerra entre Israel, forte aliado dos EUA, e o Hamas, apoiado pelo Irã.

Blindados e soldados iraquianos patrulham rua em Bagdá, depois de o governo condenar como um "ato hostil" dos EUA os bombardeios que visaram milícias pró-iranianas.
Blindados e soldados iraquianos patrulham rua em Bagdá, depois de o governo condenar como um "ato hostil" dos EUA os bombardeios que visaram milícias pró-iranianas. AFP - AHMAD AL-RUBAYE
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Segundo um funcionário do Ministério do Interior iraquiano, um dos ataques dos EUA visou uma instalação da coligação Hashed al-Shaabi, formada por antigos paramilitares que estão agora integrados nas forças armadas regulares do Iraque. O bombardeio contra este alvo na cidade de Hila, capital da província da Babilônia, deixou um morto e 20 feridos. Um segundo bombardeio em Wassit, no sul do Iraque, deixou quatro feridos.

"Um ato hostil", segundo Bagdá

O governo iraquiano condenou os bombardeios dos EUA contra instalações militares do país, qualificando-os de "ato hostil", bem como de “ataque inaceitável à soberania iraquiana”. A nota oficial de Bagdá afirma ainda que as relações entre os dois países foram prejudicadas por essas operações.

Anteriormente, o secretário da Defesa dos EUA, Lloyd Austin, anunciou num comunicado que os militares dos EUA tinham "realizado ataques necessários e proporcionais a três instalações usadas pelo Kataeb Hezbollah e grupos afiliados no Iraque".

Esses bombardeios são "uma resposta a uma série de ataques contra funcionários americanos no Iraque e na Síria, realizados por milícias apoiadas pelo Irã, incluindo a do Kataeb Hezbollah e grupos afiliados, contra a base aérea de Erbil (norte)” na segunda-feira (25), frisou o secretário da Defesa dos EUA.

As Brigadas do Hezbollah são consideradas uma organização terrorista pelo Departamento de Estado americano desde 2009.

Milícias pró-Irã

O ataque em Erbil feriu três funcionários americanos, um deles de forma grave, segundo Adrienne Watson, porta-voz do Conselho de Segurança Nacional da Casa Branca. A ação, realizada com um drone carregado de explosivos, foi reivindicada pelo grupo de Resistência Islâmica no Iraque, uma nebulosa de combatentes de vários grupos armados pró-Irã – que também são afiliados ao Hashed al-Shaabi, ex-paramilitares integrados nas forças regulares do Iraque.

Grupo denuncia apoio dos EUA a Israel

Os ataques atribuídos a grupos pró-iranianos contra tropas americanas aumentaram no Iraque e na Síria desde o início da guerra entre o Hamas e Israel, em 7 de outubro. Cento e três deles foram identificados por Washington desde meados de outubro, a maioria reivindicada pelo grupo Resistência Islâmica no Iraque, que denuncia o apoio americano a Israel.

“Os Estados Unidos agirão no momento e da maneira que escolherem se esses ataques continuarem”, sublinhou a porta-voz do Conselho de Segurança Nacional da Casa Branca.

Washington tem cerca de 2.500 soldados no Iraque e 900 na Síria, como parte de um sistema destinado a lutar contra um possível ressurgimento do grupo jihadista Estado Islâmico (EI).

A guerra entre Israel e o Hamas, no poder na Faixa de Gaza, foi desencadeada em 7 de outubro por um ataque sem precedentes em solo israelense por parte do movimento islâmico palestino, que conta historicamente com apoio do Irã. Ambos são contrários à existência do Estado de Israel na região.

Irã promete 'vingança' após morte de oficial 

Na segunda-feira (25), o presidente iraniano, Ebrahim Raisi, acusou Israel de matar um dos líderes da Guarda Revolucionária ideológica do Irã num ataque perto de Damasco, na Síria.

O líder iraniano prometeu que Israel “certamente pagará por este crime”. “Esta ação é, sem dúvida, mais um sinal de frustração, desamparo e incapacidade do regime sionista usurpador na região”, disse o presidente do Irã em um comunicado.

O brigadeiro-general iraniano Razi Mousavi era o gestor logístico de todos os movimentos anti-israelenses na região.
O brigadeiro-general iraniano Razi Mousavi era o gestor logístico de todos os movimentos anti-israelenses na região. © Reuters

O brigadeiro-general iraniano Razi Mousavi morreu num bombardeio de Israel que atingiu o bairro de Sayeda Zeinab, onde estão estabelecidas as milícias pró-iranianas que apoiam o regime do presidente Bashar al-Assad. Segundo Teerã, três mísseis israelenses explodiram na área.

O Observatório Sírio para os Direitos Humanos (OSDH), com sede no Reino Unido, que tem uma vasta rede de fontes na Síria, informou nesta terça que outros três combatentes pró-iranianos, um sírio e dois estrangeiros, também foram mortos neste ataque.

Mousavi foi apresentado por Teerã como “um dos conselheiros mais experientes” da Força Quds, unidade de elite da Guarda Revolucionária iraniana, encarregada de operações no exterior.

O general Mousavi era, segundo os Guardiões, “o gestor logístico do eixo de resistência” na Síria, que reúne além do poder de Damasco todos os movimentos anti-israelenses da região.

Moradores de Sayeda Zeinab indicam que os combatentes pró-iranianos estão em alerta na área, onde estão presentes membros do Hezbollah libanês. O Hezbollah disse em comunicado na noite de segunda-feira que considerava este “assassinato como um ataque flagrante que ultrapassa todos os limites”.

(Com informações da AFP)

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