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"Destruir o Hamas, desmilitarizar e desradicalizar": as exigências de Netanyahu para a paz em Gaza

Em um artigo de opinião publicado no diário econômico americano The Wall Street Journal, o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, estabelece três pré-requisitos para encerrar a guerra na Faixa de Gaza: "Destruir o Hamas, desmilitarizar e desradicalizar toda a sociedade palestina". 

O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu (centro), durante visita ao norte da Faixa de Gaza na segunda-feira, 25 de dezembro de 2023.
O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu (centro), durante visita ao norte da Faixa de Gaza na segunda-feira, 25 de dezembro de 2023. AP - Avi Ohayon
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“Estados Unidos, Reino Unido, França, Alemanha e muitos outros países apoiam a intenção de Israel de destruir o grupo terrorista [Hamas]. Para alcançar esse objetivo, as suas capacidades militares devem ser desmanteladas e seu governo político em Gaza deve acabar”, escreve Netanyahu.

Em segundo lugar, o premiê conservador afirma que também é preciso garantir que Gaza “nunca mais será usada como base para atacar” Israel. “Entre outras coisas”, declara Netanyahu, “isso exigirá o estabelecimento de uma zona de segurança temporária no perímetro de Gaza e um mecanismo de inspeção na fronteira entre Gaza e o Egito que atenda às necessidades de segurança de Israel e impeça o contrabando de armas para o território”.

Netanyahu sublinha que a “expectativa de que a Autoridade Palestina desmilitarize Gaza é um sonho impossível”, uma vez que essa força política, que atualmente governa a Cisjordânia, “educa as crianças palestinas para procurar a destruição de Israel”. “A sociedade civil palestina precisa de ser transformada, para que o seu povo apoie o combate ao terrorismo em vez de o financiar”, escreve o primeiro-ministro de Israel.

“Se o Hamas for destruído, Gaza desmilitarizada e a sociedade palestina iniciar um processo de desradicalização, a Faixa de Gaza poderá ser reconstruída e as perspectivas de uma paz mais ampla no Oriente Médio se tornarão realidade”, pontua o líder israelense.

“Num futuro próximo, Israel deve manter a responsabilidade primária pela segurança em Gaza”, de onde se retirou unilateralmente em 2005, após 38 anos de ocupação, repetiu.

Apesar dos apelos internacionais por um cessar-fogo, da fome e do desespero que abatem mais de 2 milhões de moradores de Gaza, as recentes declarações de Netanyahu indicam que a guerra está longe de terminar. "Não vamos parar, (...) vamos intensificar os combates nos próximos dias. Será uma longa guerra", insistiu o líder israelense depois de visitar Gaza na segunda-feira (25).

Novos ataques em Gaza e na Cisjordânia

Conforme anunciou, Israel intensificou sua ofensiva nesta terça-feira (26), agora centrada em destruir posições do Hamas em Rafah, na fronteira com o Egito, e Khan Yunes, cidade no sul do enclave palestino, onde milhares de deslocados se refugiaram em acampamentos improvisados para fugir dos bombardeios na região norte.

Trinta corpos de vítimas desses bombardeios foram transportados para o hospital Nasser, em Khan Yunes, segundo o Ministério da Saúde do Hamas.

O Exército de Israel informou ter atingido mais de uma centena de alvos do Hamas nas últimas 24 horas, incluindo entradas de túneis e instalações militares utilizadas ​​para atacar soldados, principalmente em Jabalia, no norte, e Khan Yunes, no sul da Faixa de Gaza.

Dois palestinos, de 17 e 31 anos, também morreram nesta terça-feira baleados por soldados israelenses no campo de refugiados de Fawwar, ao sul de Hebron, na Cisjordânia ocupada.

Incentivo ao exílio de palestinos de Gaza

De acordo com o diário israelense Haaretz, Netanyahu se declara pronto a encorajar a migração voluntária de palestinos para fora de Gaza. “O nosso problema não é se autorizaremos uma saída, mas se haverá países que estarão prontos para absorver uma saída”, declarou ele perante os representantes eleitos do Likud, o seu partido, segundo o Haaretz.

“Projeto absurdo”

O Hamas reagiu denunciando um “projeto absurdo”. Os palestinos “se recusam a ser deportados e deslocados. Não pode haver exílio e não há outra escolha senão permanecer na nossa terra”, declarou o grupo radical islâmico em um comunicado.

EUA rejeitam pedido de helicópteros

A agência de notícias israelense Yedioth Ahronoth informa que Washington rejeitou o pedido de Tel Aviv para obter helicópteros de combate. 

“Atualmente, os EUA estão recusando o pedido. No entanto, fontes de segurança disseram que a última palavra sobre essa questão sensível ainda não foi definida, e a pressão israelense para trazer mais helicópteros Apache para as Forças de Defesa de Israel (IDF) continua”, reporta a agência, citada pelo canal de TV Al Jazeera

O ministro da Defesa de Israel, Yoav Galant, abordou a questão com o colega de pasta norte-americano, Lloyd Austin, durante a sua visita a Tel Aviv na semana passada.

Desde o início da guerra contra o Hamas, 20.674 pessoas – a maioria mulheres e crianças – morreram em decorrência das operações militares israelenses, que também deixaram cerca de 55.000 feridos na Faixa de Gaza.

Esta ofensiva, a mais sangrenta realizada por Israel contra o Hamas, foi lançada em retaliação ao ataque do movimento islâmico palestino no seu território, em 7 de outubro, que deixou cerca de 1.140 mortos, a maioria civis, segundo Israel.

(Com informações da AFP)

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