Acessar o conteúdo principal

Netanyahu promete intensificar ofensivas em Gaza, território já totalmente devastado

Cerca de uma centena de palestinos foram mortos nas últimas horas em intensos ataques israelenses, segundo o Hamas, na Faixa de Gaza. O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, esteve na região nesta segunda-feira (25) e prometeu intensificar as ofensivas no território já devastado e sitiado.

A fumaça cobre o céu de Khan Yunis após um bombardeio coordenado pelo Exército israelense em 25 de dezembro de 2023.
A fumaça cobre o céu de Khan Yunis após um bombardeio coordenado pelo Exército israelense em 25 de dezembro de 2023. © Said Khatib / AFP
Publicidade

Ao entrar no seu 80º dia, a guerra não oferece trégua aos civis palestinos ameaçados de fome, segundo a ONU, apesar dos apelos urgentes por um cessar-fogo.

De acordo com o último relatório do Ministério da Saúde do Hamas, no poder em Gaza desde 2007, 20.674 pessoas morreram em operações militares israelenses, a maioria mulheres, crianças e adolescentes, e cerca de 55 mil pessoas foram feridas.

A ofensiva, a mais sangrenta já operada por Israel contra o Hamas na Faixa de Gaza, foi lançada em retaliação ao ataque de 7 de outubro, que deixou cerca de 1.140 mortos, a maioria civis, segundo os dados oficiais israelenses. O Hamas também sequestrou cerca de 250 pessoas, 129 das quais permanecem detidas em Gaza.

Nesta segunda-feira, antes do amanhecer, aviões israelenses bombardearam Gaza de forma intensa. A região está sujeita a um bloqueio de Israel desde 2007, dois anos depois da retirada unilateral de Israel, em 2005, deste território que ocupou durante 38 anos.

Um dos ataques, perto da aldeia de Al-Zawaida (centro), deixou 12 mortos, enquanto outro deixou pelo menos 18 mortos em Khan Yunis (sul), segundo o Ministério da Saúde do Hamas.

Na noite de domingo (24), pelo menos 70 pessoas foram mortas num ataque ao campo de refugiados de Al-Maghazi (centro), segundo a mesma fonte. O Exército israelense disse que estava “verificando o incidente”.

“E se fosse seu filho!”

Do lado israelense, o Exército anunciou a morte de dois soldados, elevando para 156 o número de militares mortos desde o início da ofensiva terrestre em Gaza, em 27 de outubro, 20 dias após o início dos bombardeios aéreos. “Um preço muito alto pela guerra”, segundo Benjamin Netanyahu.

Apesar dos crescentes apelos a um cessar-fogo, de um elevado número de vítimas e de uma crise humanitária descrita como catastrófica pela ONU e pelas ONGs, o premiê israelense continua inflexível.

Depois de viajar para Gaza na segunda-feira, declarou perante os representantes eleitos do seu partido Likud: "Estou agora a regressar de Gaza. Não paramos, continuamos a lutar e intensificamos os combates nos próximos dias. Vai ser uma guerra longa (...)”.

Depois, durante um discurso no Parlamento no qual explicou que as tropas precisavam de “mais tempo” para garantir a libertação dos reféns, Netanyahu foi questionado por famílias das vítimas, que gritavam “Agora, agora!”.

“E se fosse seu filho?”, “80 dias, cada minuto é um inferno”, era possível ler nos cartazes pendurados por essas famílias.

Na Faixa de Gaza, sujeita a um cerco total por Israel desde 9 de outubro, a situação dos 1,9 milhão de deslocados - 85% da população - é desesperadora, segundo agências da ONU, que afirmam que nenhum lugar é seguro no território.

"Como um terremoto"  

“O Exército israelense não poupa civis”, acusa Ziad Awad, no campo de al-Maghazi, referindo-se aos ataques noturnos. Foi como um “terremoto”.

Apesar da votação, na sexta-feira (22), no Conselho de Segurança da ONU, de uma resolução que apela à entrega “imediata” e “em grande escala” de ajuda humanitária, esta não registrou um aumento significativo e os residentes carecem de tudo.

O chefe da ONU, António Guterres, e a sua equipe, que continuam a alertar para a situação catastrófica em Gaza e a pedir um cessar-fogo, atraíram a ira do chefe da diplomacia israelense, Eli Cohen, que considera que “a conduta da ONU é uma vergonha para a organização e para a comunidade internacional”.

A ONU alertou que a maioria dos hospitais está fora de serviço em Gaza e que nas próximas seis semanas toda a população corre o risco de enfrentar um elevado nível de insegurança alimentar, incluindo a fome. Após missões a hospitais em Gaza nos últimos dias, a Organização Mundial da Saúde (OMS) disse ter encontrado palestinos desesperados e famintos, alguns dos quais atacaram um dos seus comboios de ajuda.

Apesar das posições intransigentes dos protagonistas, os mediadores do Egito e do Catar continuam tentando negociar uma nova trégua, depois daquela de uma semana no final de novembro que permitiu a libertação de 105 reféns contra 240 prisioneiros palestinos e a entrada em Gaza de ajuda humanitária importante.

A guerra também acaba se estendendo para além do território palestino. Rebeldes huthis do Iêmen, supostamente apoiados pelo Irã, vêm atacando navios no Mar Vermelho em solidariedade aos palestinos. Por outro lado, nesta segunda-feira, a agência oficial iraniana IRNA anunciou a morte do general Razi Moussavi, um oficial de alta patente dos Guardas Revolucionários, o exército ideológico do Irã, morto num ataque atribuído ao exército israelense perto de Damasco.

Israel comenta raramente as suas operações na vizinha Síria, mas diz que quer impedir que o Irã, seu inimigo jurado, se estabeleça à sua porta.

(Com informações da AFP)

NewsletterReceba a newsletter diária RFI: noticiários, reportagens, entrevistas, análises, perfis, emissões, programas.

Acompanhe todas as notícias internacionais baixando o aplicativo da RFI

Compartilhar :
Página não encontrada

O conteúdo ao qual você tenta acessar não existe ou não está mais disponível.