Cúpula de países na Jordânia tenta reduzir influência do Irã em governo iraquiano
A França e outros atores regionais pediram ao Iraque nesta terça-feira (20), durante uma cúpula na Jordânia, que se afaste do governo iraniano para facilitar a resolução das crises que assolam o Oriente Médio. Em novembro, o novo primeiro-ministro do Iraque visitou o Irã já durante a crise do país vizinho, mostrando simpatia pelo regime.
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A França, a União Europeia e países do Oriente Médio estão reunidos em uma Cúpula na Jordânia para tentar negociar a duradoura crise da região. A conferência Bagdá II foi realizada nas margens do Mar Morto, mais de um ano após a primeira reunião na capital iraquiana organizada por iniciativa do presidente francês, Emmanuel Macron, e do Iraque.
A conferência foi um teste para o primeiro-ministro iraquiano, Mohamed Chia al-Soudani, nomeado em outubro após mais de um ano de impasse político e visto como mais próximo do Irã do que seu predecessor.
Em um comunicado final, os participantes asseguraram que vão "cooperar com o Iraque para apoiar sua estabilidade, soberania e processo democrático", à medida que ele emerge de uma crise política que dura mais de um ano.
Macron, em seu discurso, pediu a Bagdá que seguisse um caminho que não viesse de um "modelo ditado de fora", em uma alusão ao Irã.
Sem mencionar o país comandado por aiatolás, o francês salientou que "o Iraque é hoje o cenário de influências, incursões, desestabilizações ligadas a toda a região".
Com partidos pró-iranianos dominando o parlamento iraquiano e um governo formado a partir dessa maioria, o Irã está consolidando seu domínio sobre seu vizinho.
Influência do Irã na Síria, no Líbano e no Iêmen
Apesar da crise doméstica de contestação, o governo iraniano continua a ampliar sua sombra de influência sobre outros países do Oriente Médio.
Teerã fornece apoio militar ao regime do presidente Bashar al-Assad na Síria, apoia os rebeldes bouthis no Iêmen e tem forte influência no Líbano, país sem presidente há quase dois meses, por meio do poderoso Hezbollah xiita.
Em seu discurso, o primeiro-ministro iraquiano prometeu manter "relações equilibradas com todos os parceiros regionais e internacionais" e manter-se "afastado dos eixos" da política.
Grande rival regional do Irã, a Arábia Saudita garantiu estar "ao lado do Iraque para preservar sua estabilidade e soberania", nas palavras do ministro de Relações Exteriores saudita, Faisal bin Farhane.
Europa pressiona Irã
Durante a cúpula, o chefe da diplomacia da União Europeia, Josep Borrell, aproveitou para encontrar o representante do governo iraniano e pressioná-lo sobre dois temas candentes: a guerra na Ucrânia e a violência contra manifestantes iranianos.
"Salientei a necessidade de cessar imediatamente o apoio militar à Rússia e a repressão interna no Irã", anunciou Borrell em uma rede social.
Necessary meeting w Iranian FM @Amirabdolahian in Jordan amidst deteriorating Iran-EU relations
— Josep Borrell Fontelles (@JosepBorrellF) December 20, 2022
Stressed need to immediately stop military support to Russia and internal repression in Iran
Agreed we must keep communication open and restore #JCPOA on basis of Vienna negotiations
A cúpula na Jordânia acontece em um contexto de alta tensão com o governo do Irã. As negociações sobre o acordo nuclear do Irã pararam e a UE impôs novas sanções ao país em protesto contra a repressão a manifestações em seu território e o fornecimento de drones à Rússia para sua guerra na Ucrânia.
O chanceler iraniano, Amir-Abdollahian, "condenou a aproximação dos países ocidentais para apoiar os amotinados e impor sanções ilegais".
Na próxima quarta-feira (21), Emmanuel Macron terá um novo encontro com o rei Abdullah II, da Jordânia, "um aliado na luta contra o terrorismo".
(Com informações da AFP)
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