Acessar o conteúdo principal

Cúpula de países na Jordânia tenta reduzir influência do Irã em governo iraquiano

A França e outros atores regionais pediram ao Iraque nesta terça-feira (20), durante uma cúpula na Jordânia, que se afaste do governo iraniano para facilitar a resolução das crises que assolam o Oriente Médio. Em novembro, o novo primeiro-ministro do Iraque visitou o Irã já durante a crise do país vizinho, mostrando simpatia pelo regime.

O presidente iraniano, Ebrahim Raisi, durante visita do primeiro-ministro iraquiano, Mohammed Shia al-Sudani, a Teerã, em novembro de 2022.
O presidente iraniano, Ebrahim Raisi, durante visita do primeiro-ministro iraquiano, Mohammed Shia al-Sudani, a Teerã, em novembro de 2022. via REUTERS - IRAQI PRIME MINISTER MEDIA OFFIC
Publicidade

A França, a União Europeia e países do Oriente Médio estão reunidos em uma Cúpula na Jordânia para tentar negociar a duradoura crise da região. A conferência Bagdá II foi realizada nas margens do Mar Morto, mais de um ano após a primeira reunião na capital iraquiana organizada por iniciativa do presidente francês, Emmanuel Macron, e do Iraque.

A conferência foi um teste para o primeiro-ministro iraquiano, Mohamed Chia al-Soudani, nomeado em outubro após mais de um ano de impasse político e visto como mais próximo do Irã do que seu predecessor.

Em um comunicado final, os participantes asseguraram que vão "cooperar com o Iraque para apoiar sua estabilidade, soberania e processo democrático", à medida que ele emerge de uma crise política que dura mais de um ano.

Macron, em seu discurso, pediu a Bagdá que seguisse um caminho que não viesse de um "modelo ditado de fora", em uma alusão ao Irã. 

Sem mencionar o país comandado por aiatolás, o francês salientou que "o Iraque é hoje o cenário de influências, incursões, desestabilizações ligadas a toda a região".

Com partidos pró-iranianos dominando o parlamento iraquiano e um governo formado a partir dessa maioria, o Irã está consolidando seu domínio sobre seu vizinho.

Influência do Irã na Síria, no Líbano e no Iêmen

Apesar da crise doméstica de contestação, o governo iraniano continua a ampliar sua sombra de influência sobre outros países do Oriente Médio.

Teerã fornece apoio militar ao regime do presidente Bashar al-Assad na Síria, apoia os rebeldes bouthis no Iêmen e tem forte influência no Líbano, país sem presidente há quase dois meses, por meio do poderoso Hezbollah xiita.

Em seu discurso, o primeiro-ministro iraquiano prometeu manter "relações equilibradas com todos os parceiros regionais e internacionais" e manter-se "afastado dos eixos" da política.

Grande rival regional do Irã, a Arábia Saudita garantiu estar "ao lado do Iraque para preservar sua estabilidade e soberania", nas palavras do ministro de Relações Exteriores saudita, Faisal bin Farhane.

Europa pressiona Irã

Durante a cúpula, o chefe da diplomacia da União Europeia, Josep Borrell, aproveitou para encontrar o representante do governo iraniano e pressioná-lo sobre dois temas candentes: a guerra na Ucrânia e a violência contra manifestantes iranianos.

"Salientei a necessidade de cessar imediatamente o apoio militar à Rússia e a repressão interna no Irã", anunciou Borrell em uma rede social.

A cúpula na Jordânia acontece em um contexto de alta tensão com o governo do Irã. As negociações sobre o acordo nuclear do Irã pararam e a UE impôs novas sanções ao país em protesto contra a repressão a manifestações em seu território e o fornecimento de drones à Rússia para sua guerra na Ucrânia.

O chanceler iraniano, Amir-Abdollahian, "condenou a aproximação dos países ocidentais para apoiar os amotinados e impor sanções ilegais".

Na próxima quarta-feira (21), Emmanuel Macron terá um novo encontro com o rei Abdullah II, da Jordânia, "um aliado na luta contra o terrorismo".

(Com informações da AFP)

NewsletterReceba a newsletter diária RFI: noticiários, reportagens, entrevistas, análises, perfis, emissões, programas.

Acompanhe todas as notícias internacionais baixando o aplicativo da RFI

Compartilhar :
Página não encontrada

O conteúdo ao qual você tenta acessar não existe ou não está mais disponível.