Irã executa segundo homem envolvido em manifestações contra o regime
Um jovem de 23 anos foi enforcado nesta segunda-feira (12) no Irã pelo assassinato de dois agentes de segurança islâmicos, os chamados bassidjis. O fato ocorre quatro dias após a execução de Mohsen Shekari, acusado de ter esfaqueado um membro das forças de ordem durante os protestos que abalaram o país por três meses.
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Por Siavosh Ghazi, correspondente da RFI em Teerã
O enforcamento de Majid Reza Rahnavard ocorreu em público nesta manhã na cidade sagrada de Macchad. Ele foi detido em 19 de novembro. E entre sua prisão e execução, se passaram apenas cerca de 20 dias.
Rahnavard se soma a tantos outros manifestantes que tomaram as ruas do Irã em protestos contra o poder desde a morte, em 16 de setembro, de Mahsa Amini, uma curda de 22 anos presa pela polícia da moralidade por violar o rígido código de vestimentas da República Islâmica, e que morreu durante sua detenção.
Para incriminar Majid Reza Rahnavard, as autoridades divulgaram dois vídeos feitos por câmeras de vigilância. Nos vídeos, é possível ver um homem, apresentado como o jovem, atacando alguém no meio da rua e o esfaqueando diversas vezes. O agressor então, em seguida, esfaqueia uma segunda pessoa que chega para interceder e prestar socorro. Os dois bassidjis morreram no local. Em sua fuga, o iraniano ainda teria ferido mais quatro pessoas, de acordo com as autoridades.
Rahnavard foi condenado por “moharebeh”, ou guerra contra Deus e corrupção na Terra, sendo condenado à pena de morte. Organizações de direitos humanos denunciam um julgamento apressado e o fato do acusado não poder escolher seu próprio advogado.
A Justiça não será influenciada
Esta é a segunda execução em um intervalo de quatro dias. Mohsen Shekari, também de 23 anos, foi enforcado na última quinta-feira (8) também sob a acusação de esfaquear um agente de segurança islâmico.
Diversas autoridades iranianas, incluindo o líder supremo Ali Khamenei e o presidente Ebrahim Raisi, foram enfáticas ao afirmar que aqueles que causaram distúrbios serão julgados e punidos, e que a Justiça não será influenciada por campanhas contra a pena de morte. Uma resposta aos países ocidentais que criticam duramente a aplicação desta pena máxima, mas também às campanhas realizadas nas redes sociais por muitos iranianos, em particular artistas, médicos e jogadores de futebol contra esta sentença.
Na noite deste sábado (10), diversas manifestações silenciosas ocorreram em Teerã e nas províncias contra a pena de morte, mas foram dispersadas pelas forças de choque.
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