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"Mamãe, não olhe os prédios desabando, senão você fica triste": brasileira na Turquia conta como viveu terremoto

Mais de 1.900 pessoas morreram, e milhares ficaram feridas por um devastador terremoto de magnitude 7,8 na escala de Richter que atingiu o sudeste da Turquia e o norte da Síria, nesta segunda-feira (6), com tremores sentidos até na Groenlândia. A RFI conversou com brasileiros na Turquia, que contaram como vivenciaram os tremores.  

Equipes de resgate separam os destroços causados ​​pelo terremoto na Turquia.
Equipes de resgate separam os destroços causados ​​pelo terremoto na Turquia. © AP - Mahmut Bozarslan
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Paloma Varón, da RFI, com produção de Fernanda Castelhani

A reportagem da RFI falou com Eliana Monteiro Pereira, que mora na Turquia há seis anos e estava dentro do seu carro, estacionado em uma área aberta, perto de um posto de gasolina em Iskenderun, na província de Hatay, uma cidade no sul da Turquia, limítrofe com a Síria. 

"Era por volta de quatro horas e pouco da manhã quando começou a tremer, eu estava dormindo no quarto com a minha filha. Meu marido tinha ido ao banheiro e eu acordei com os tremores, com tudo chacoalhando. Foram os 10 piores segundos da minha vida. Parecia que não terminavam nunca. A gente se jogou entre a cama e o criado-mundo, ali, no triângulo de segurança. Meu marido veio também. Nós esperamos passar, pegamos a roupa do corpo, uma blusa de frio e um cobertor e saímos para a rua", conta Eliana, que é casada com um turco e mãe de uma menina de 4 anos. 

"Estava uma chuva muito forte, ventava bastante, e nosso prédio trincou. Nós viemos então para um posto de gasolina. Está tendo tremores constantes desde então, mas pouco depois das 13:00 teve um segundo terremoto mais forte. A gente estava no posto comendo alguma coisa e se jogou no chão imediatamente", acrescentou Eliana, que continuava dentro do carro quando deu a entrevista.

Segundo ela, a chuva e o frio continuavam, e, no posto, havia água potável e eletricidade de gerador. "Não dá para voltar para casa para pegar nada, porque o governo está nos mandando, pelo aplicavo, não voltar pra casa. E ficamos sabendo agora que o hospital público desabou", conta Eliana, sem esconder a voz de choro ao relatar a situação. 

"Eu não sei se eu vou conseguir falar agora, porque está previsto outro grande terremoto aqui." Foi desta forma que Eliana se despediu da reportagem da RFI na tarde desta segunda-feira. 

Eliana, que tem o canal Uma brasileira por aí, no Youtube, gravou vídeos em que mostra a situação da cidade onde mora. No trajeto para o posto onde estão estacionados sua filha lhe disse: "Mamãe, não olhe os prédios desabando, senão você fica triste". 

Forte terremoto deixa mais de 1.900 mortos na Turquia e na Síria
Forte terremoto deixa mais de 1.900 mortos na Turquia e na Síria © Captura de tela France 24

Plantão consular para brasileiros na Turquia

O ministro conselheiro Marcelo Viegas, da Embaixada do Brasil em Ancara, também falou à RFI. "Por enquanto, felizmente, não temos informação de nenhuma vítima fatal brasileira", disse Viegas, acrescentando que há apenas 350 brasileiros inscritos na jurisdição, a maior parte em Ancara, onde o terremoto foi pouco sentido. "Aqui na Embaixada não sentimos."

"Por enquanto, a única notícia que temos de brasileuros afetados é de uma família turco-brasileira que estaria desabrigada em Antáquia. Estamos tentando prestar a melhor assistência possível dada a distância e a precariedade de acesso. Inclusive o contato telefônico está prejudicado, só conseguimos manter contato com esta família por e-mail", conta Viegas. 

O ministro conselheiro indica que os brasileiros que estão na Turquia e precisem de ajuda liguem para o plantão consular: +90 533 424 04 29. Orientações também serão dadas na página da Embaixada do Brasil em Ancara no Facebook

Balanço parcial

Na Turquia, onde foi registrado o epicentro do terremoto, pelo menos 1.121 pessoas morreram, de acordo com o último balanço informado pelo órgão público de gestão de catástrofes. Além disso, quase 5.400 ficaram feridas, afirmou o presidente Recep Tayyip Erdogan, acrescentando que pelo menos 2.818 prédios desabaram com o tremor.

Na vizinha Síria, o terremoto provocou ao menos 783 mortes e 2.280 feridos. O Ministério da Saúde sírio relatou 403 pessoas mortas, e 1.284, feridas, em áreas controladas pelo governo desse país devastado pela guerra.

Os Capacetes Brancos, que operam nas áreas controladas pelos rebeldes na Síria, registraram pelo menos 380 mortos e mais de 1.000 feridos nesses setores.

O tremor foi sentido às 4h17 (22h17 de domingo, no horário de Brasília) e ocorreu a uma profundidade de 17,9 quilômetros, segundo o Serviço Geológico dos Estados Unidos (USGS).

O epicentro foi localizado no distrito de Pazarcik, na província de Kahramanmaras, no sudeste da Turquia, a cerca de 60 km da fronteira com a Síria.

Um novo terremoto de magnitude 7,5 atingiu a região às 13h24 (7h24 no horário de Brasília), quatro quilômetros a sudeste da cidade de Ekinozu, de acordo com o USGS. Também houve cerca de 50 tremores secundários, de acordo com Ancara.

(Com AFP)

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