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EUA: Em reviravolta inédita, Biden considera proposta para absolver Julian Assange

A esposa de Julian Assange, Stella, considerou nesta quinta-feira (11) um "bom sinal" que o presidente americano, Joe Biden, tenha informado, na véspera (10), que os Estados Unidos estão "examinando" o pedido da Austrália para retirar as acusações de espionagem contra o fundador do WikiLeaks. Julian Assange pode pegar até 175 anos de prisão por ter publicado, desde 2010, mais de 700.000 documentos confidenciais sobre as atividades militares e diplomáticas dos Estados Unidos, principalmente no Iraque e no Afeganistão.

Apoiadores do fundador do WikiLeaks, Julian Assange, seguram uma faixa e cartazes do lado de fora do Royal Courts of Justice, o Tribunal Superior da Grã-Bretanha, no centro de Londres, em 26 de março de 2024.
Apoiadores do fundador do WikiLeaks, Julian Assange, seguram uma faixa e cartazes do lado de fora do Royal Courts of Justice, o Tribunal Superior da Grã-Bretanha, no centro de Londres, em 26 de março de 2024. © AFP / DANIEL LEAL
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Daniel Postico, correspondente da RFI em Londres, e AFP

O caso da extradição de Julian Assange para os Estados Unidos, que estava praticamente decidido há algumas semanas, sofreu uma reviravolta depois que o presidente Joe Biden admitiu que o país considera retirar as acusações contra ele.

Trata-se de uma solicitação do governo australiano, um aliado de Washington, que quer que Assange seja autorizado a retornar ao seu país de origem, a Austrália.

"Estamos considerando a possibilidade", respondeu Joe Biden à pergunta de um jornalista sobre se haveria uma resposta dos EUA à solicitação australiana, sem entrar em detalhes.

Os Estados Unidos tentam há 12 anos extraditar Assange, que está sob custódia em Londres há cinco anos, para que ele possa ser julgado por 18 acusações de espionagem e invasão de documentos militares secretos publicados no WikiLeaks. O governo britânico já autorizou sua extradição, mas a defesa de Assange quer impedi-la.

Lula defende Assange

O presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, que se manifesta publicamente pela libertação do ativista desde 2010, defendeu Assange em diversas ocasiões em 2023 e 2024. 

Ao site investigativo francês Mediapart, Lula declarou que "a prisão de Assange vai de encontro aos Direitos Humanos", e que "ao invés de ser tratado como herói, ele é visto como um pária". Outros veículos franceses, como a revista Le Point, o jornal L'Humanité e a emissora Europe 1 também repercutiram as declarações do chefe de Estado brasileiro.

Pedido da esposa de Assange

A Suprema Corte britânica buscou garantias judiciais da promotoria dos EUA antes de entregá-lo nas mãos dos norte-americanos e marcou uma decisão final para 20 de maio, mas a extradição pode não ser mais necessária até lá. A esposa de Assange, a advogada Stella Assange, pediu publicamente para Biden retirar as acusações.

Há muito tempo, Stella vem apontando que a única solução para o caso é política. "Acho que é um bom sinal. Parece que as coisas podem finalmente estar caminhando na direção certa, depois de cinco anos na prisão de alta segurança de Belmarsh e 14 anos desde que ele perdeu sua liberdade", disse ela à BBC em uma entrevista nesta quinta-feira (11).

Os Estados Unidos solicitaram a extradição de Assange, que pode pegar até 175 anos de prisão nos EUA por ter publicado mais de 700.000 documentos confidenciais sobre as atividades militares e diplomáticas dos EUA, especialmente relacionadas ao Iraque e ao Afeganistão, desde 2010.

Luta pela liberdade de imprensa

Para os defensores de Assange, ele expôs irregularidades nas forças armadas dos EUA e sua batalha legal representa uma luta pela liberdade de imprensa. Por sua vez, Washington argumenta que os vazamentos colocaram vidas em risco, ao exporem documentos que incluíam nomes de fontes de inteligência norte-americana.

Na quarta-feira, o editor-chefe do WikiLeaks, Kristinn Hrafnsson, pediu uma "solução política" para a situação de Assange, enquanto uma demonstração de apoio era realizada no centro de Londres, na véspera do quinto aniversário da prisão de Assange.

"Esse é o tipo de caso que nunca deveria ter começado", disse Hrafnsson na manifestação, acrescentando que o tempo que Assange passou na prisão de Belmarsh, no sudeste de Londres, foi "longo demais, excessivo e brutal".

No final de março, o judiciário britânico pediu aos EUA mais garantias sobre como Assange seria tratado se fosse extraditado, caso contrário poderia conceder ao fundador do WikiLeaks um último recurso no Reino Unido.

Antes de ser preso, Assange passou sete anos na embaixada do Equador em Londres, para evitar a extradição para a Suécia, onde enfrentou acusações de agressão sexual, que foram posteriormente abandonadas.

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