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Protestos pelo fim da guerra em Gaza se espalham por universidades americanas

O que começou com um acampamento formado por 60 barracas no campus da Universidade de Columbia na semana passada, transformou-se em uma onda de ocupações e protestos em diversas outras instituições.

Pessoas entram na Universidade de Columbia enquanto as medidas de segurança são reforçadas em 22 de abril de 2024 na cidade de Nova York.
Pessoas entram na Universidade de Columbia enquanto as medidas de segurança são reforçadas em 22 de abril de 2024 na cidade de Nova York. Getty Images via AFP - DAVID DEE DELGADO
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Luciana Rosa, correspondente da RFI em Nova York

Nesta manhã desta segunda (22), cerca de 47 estudantes da Universidade de Yale foram detidos após passar três noites pedindo pelo desligamento da instituição de fundos ligados ao conflito em Gaza.

A demanda é comum também a outros campi, como em Harvard, (MIT) Massachusetts Institute of Technology, University of Michigan, da Califórnia e a Berkeley.

Em Manhattan, a tensão se concentrou nos protestos ao redor da Universidade de Nova York, onde estudantes se recusaram a acatar a ordem das autoridades para deixar o campus, mesmo após a chegada de dezenas de policiais ao local.

Os estudantes resistiram por mais de duas horas após pedido de dispersão, fazendo uma espécie de cordão humano ao redor do acampamento para impedir a aproximação da polícia.

Ao redor das 6 da tarde os estudantes rezaram juntos, curvando-se em direção a Meca na entrada da Stern School of Business, onde do lado de fora a presença policial se intensificava, já que outra manifestação estava marcada para iniciar às 7 da noite.

Os policiais, preparados com equipamento anti-rebelião, começaram a deter os manifestantes sob fortes enfrentamentos, uma hora e meia após o início do ato. O acampamento foi desarmado, mas alguns estudantes permaneceram sentados no local com os braços cruzados, em forma de resistência.

Columbia passa a ter aulas virtuais

Em Columbia, onde mais de 100 estudantes foram detidos durante manifestações na semana passada, as aulas foram ministradas virtualmente nesta segunda-feira.

A permanência dos acampamentos em defesa de Gaza vem intensificando uma crise que teve início na semana passada, quando a presidente da instituição, Nemat Shafik, foi chamada a responder no Congresso questões sobre o aumento do discurso antissemita no campus.

A segurança na área de Columbia foi intensificada e a entrada ficou restrita a pessoas portando a identificação de estudante da Universidade.

No início da tarde, porém, cerca de 100 professores da Columbia se reuniram para criticar a repressão que seus alunos vêm sofrendo ao pedir o fim do financiamento da guerra, outros pediam por mais proteção para os estudantes judeus.

O professor da Faculdade de História e Literatura, Joseph Howley, conta que chegou às 9 da manhã à Universidade, identificado com um colete verde, a pedido de um dos organizadores do acampamento, o Jewish Voice for Peace (Voz Judaica pela Paz), para que os professores que viessem à Columbia e ajudassem a proteger os estudantes.

Ele diz ter dado a aula de forma virtual, como foi determinado pela administração, mas com um olho no que acontecia no acampamento.

"O corpo docente se reuniu e passamos por um treinamento para desescalar a violência, recebemos esses lindos coletes verdes e ficamos aqui na entrada para garantir que nada acontecesse", completa.

Em meio às dezenas de barracas armadas nos gramados em frente a biblioteca da Universidade, Mohammed, estudante de história de 20 anos, diz que os protestos que ocorrem desde outubro têm sido pacíficos, mas que a "Columbia optou por punir os seus estudantes, chamar o Departamento de Polícia de Nova York para prender nos prender e nos levar para dentro de ônibus estacionados na porta".

O jovem diz ainda que se tornou "extremamente difícil e assustador para falar abertamente sobre genocídio nas salas de aula".

Outra jovem acampada, uma estudante de psicologia de 21 anos que preferiu manter a identidade sob sigilo, explica que os estudantes estão pedindo por uma "total transparência financeira" de Columbia com relação aos seus fundos de financiamento, e pela "anistia para todos os estudantes, professores e membros do corpo docente detidos como uma forma de discipliná-los quanto ao seu ativismo pró-Palestina".

A resposta de Washington

O governo americano está de olho na onda de protestos e o presidente Biden disse que condena “os protestos antissemitas” nos campi, bem como “aqueles que não entendem o que está acontecendo com os palestinos”.

Alguns legisladores republicanos se manifestaram também, pedindo a renúncia da presidente da Columbia.

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