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“Um grande dia para os EUA”, diz advogado de Weinstein após Corte anular condenação por crime sexual

Em um revés para o movimento #MeToo, a Corte de Apelações de Nova York anulou, nesta quinta-feira (25), uma condenação do júri popular em 2020 do ex-produtor de cinema Harvey Weinstein por crimes sexuais. A Corte considerou que erros foram cometidos durante o processo e o caso deve ter um novo julgamento.

Harvey Weinstein durante o processo em Nova York, em 2020.
Harvey Weinstein durante o processo em Nova York, em 2020. AFP
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“Um grande dia para os Estados Unidos”. Foi assim que Arthur Aidala, um dos advogados de Harvey Weinstein, classificou a decisão da Corte de Nova York. “Sabíamos que Harvey Weinstein não teve um processo justo”, completou.

Em uma decisão por 4 a 3, os juízes citam erros na condução do julgamento, como a inclusão do testemunho de uma mulher que não fazia parte das acusações contra o então poderoso produtor de filmes de Hollywood. "Ordem revertida e novo julgamento", conclui o documento de 11 páginas do tribunal.

Weinstein, 72 anos, foi condenado por estupro e assédio sexual por um júri de Nova York e sentenciado a 23 anos de prisão na cidade de Roma, no estado de Nova York. Outro tribunal da Califórnia o condenou a 16 anos de detenção em 2022 por estuprar uma mulher em um hotel de Los Angeles. Ele deveria cumprir essa sentença após o término da que agora foi anulada.

As alegações contra ele começaram a surgir em 2017, lançando o movimento #MeToo, abrindo caminho para que centenas de mulheres lutassem contra a violência sexual no local de trabalho. O poderoso produtor foi acusado de crimes sexuais por mais de cem mulheres.

"O réu tem o direito de ser responsabilizado apenas pelo crime do qual é acusado e, portanto, alegações de maus atos anteriores com o único propósito de estabelecer sua propensão à criminalidade não podem ser admitidas contra ele", escreveu a juíza Jenny Rivera do grupo majoritário. "O tribunal agravou esse erro quando decidiu que o réu, que não tinha antecedentes criminais, poderia ser interrogado sobre essas alegações, bem como sobre inúmeras alegações de má conduta que retratavam o réu sob uma luz altamente prejudicial", continuou o texto.

Agora, o procurador de Manhattan, Alvin Bragg, o mesmo que colocou Donald Trump no banco dos réus, terá que decidir se Weinstein será julgado novamente.

"Este é um dia chocante e desanimador para as sobreviventes de agressão sexual", disse Jane Manning, diretora do projeto Equal Justice for Women e ex-promotora de crimes sexuais, segundo o New York Times. "Isso só mostra o quanto ainda temos que trabalhar para levar adiante os ideais do movimento #MeToo", acrescentou.

Mulheres "esquecidas"

"Com a decisão de hoje, este tribunal continua a frustrar os ganhos constantes pelos quais os sobreviventes de violência sexual lutaram em nosso sistema de justiça criminal", disse Madeline Singas, uma das juízas que votou contra a anulação da condenação. Para essa magistrada, as "mulheres que suportam o trauma psicológico da violência sexual e as cicatrizes de testemunhar repetidas vezes" são "esquecidas".

Os rumores sobre o comportamento abusivo do produtor de "Shakespeare Apaixonado" e "Pulp Fiction" circulavam pelos bastidores de Hollywood há anos. De acordo com os promotores, Weinstein usou sua influência para pressionar e abusar de mulheres e se beneficiou da impunidade concedida a ele por sua posição privilegiada no setor de entretenimento, onde ele e seu irmão Bob desfrutavam de um poder quase onipotente.

Em 1979, eles cofundaram a Miramax Films, uma empresa de distribuição que recebeu o nome de sua mãe Miriam e de seu pai Max. Ela foi vendida para a Disney em 1993.

Com "Shakespeare Apaixonado" (1998), Weinstein dividiu o Oscar de Melhor Filme. Ao longo dos anos, seus filmes receberam mais de 300 indicações ao Oscar e 81 estatuetas desta premiação.

(Com informações das AFP)

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