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Novo julgamento de Harvey Weinstein tem início em Los Angeles, cinco anos após #MeToo

O ex-magnata do cinema Harvey Weinstein, já condenado em Nova York, se apresenta à justiça americana nesta segunda-feira (10) para um novo processo por estupros e agressões sexuais em Los Angeles. Ele pode ser condenado a até 140 anos de prisão.

O ex-produtor de cinema Harvey Weinstein, durante audiência no Centro Criminal de Justiça de Los Angeles, em 4 de outubro de 2022.
O ex-produtor de cinema Harvey Weinstein, durante audiência no Centro Criminal de Justiça de Los Angeles, em 4 de outubro de 2022. AP - Etienne Laurent
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Weinstein, de 70 anos, é o grande vilão do #MeToo, iniciado em outubro de 2017. Graças a dezenas de depoimentos de mulheres da indústria do cinema nas redes sociais, o movimento feminista se espalhou pelo mundo e suscitou uma revolução em todos os setores da sociedade

No total, mais de 90 mulheres, entre elas, grandes estrelas de Hollywood como Angelina Jolie, Gwyneth Paltrow e Rosanna Arquette, apontaram o ex-produtor de ter praticado estupros, agressões sexuais e assédios. Em 2020, Weinstein foi julgado em Nova York e condenado a 23 anos de prisão. No entanto, várias acusações - que ocorreram a partir do final dos anos 1970 - prescreveram e não puderam ser julgadas. 

Agressão de cinco mulheres em Los Angeles

Em Los Angeles, Weinstein é acusado de ter estuprado ou agredido sexualmente cinco mulheres em hotéis, entre 2004 e 2013. A audiência tem início nesta segunda-feira com a escolha dos jurados. Em julho de 2021, o ex-magnata se declarou não culpado durante os testemunhos preliminares. 

A única a não ter mantido o anonimato neste processo é a atriz Lauren Young, que afirma ter sido violentada sexualmente por Weinstein no banheiro de um hotel. Ela já havia testemunhado no processo de Nova York. 

Outras mulheres serão ouvidas em Los Angeles, entre elas, está uma modelo italiana que afirma ter sido estuprada pelo produtor em um hotel de Bervely Hills, em fevereiro de 2013. Como ocorreu em Nova York, Weinstein alega que todas elas consentiram os atos sexuais. 

140 anos de prisão

O ex-magnata enfrenta 11 acusações de estupro e agressões sexuais pelas quais pode pegar até 140 anos de prisão. Seus advogados pediram, em vão, o adiamento do processo de Los Angeles. O motivo seria a estreia do lançamento do filme "She Said" (Ela Disse), adaptação do livro das jornalistas do New York Times Jodi Kantor e Megan Twohey, que revelaram o caso há cinco anos. Segundo a defesa de Weinstein, a mediatização em torno do longa poderia prejudicar o acusado.

Condenado a 23 anos de prisão, Weinstein foi transferido em julho de 2021 do presídio de Wende, no Estado de Nova York, ao Twin Towers, em Los Angeles. Há alguns meses, na audiência de acusação, ele apareceu em cadeira de rodas, desorientado e usando uma máscara debaixo do nariz.

Em setembro, ele pediu ao juiz responsável pelo caso permissão para ver um dentista particular para evitar que seus dentes fossem arrancados na detenção. "Tenho dor todos os dias. Sofro com as cáries e não posso comer porque meus dentes estão caindo", declarou Weinstein, segundo o jornal New York Post

Outros processos em andamento

A apelação de Weinstein no processo de Nova York foi aprovada no final de agosto pela mais alta jurisdição do Estado, depois de uma primeira recusa de uma corte inferior. "Questões de direito estão em jogo e devem ser avaliadas pela corte de apelações", afirmou a justiça de Nova York.

Segundo os advogados do ex-produtor, os jurados deste processo estavam submersos de "provas incorretas" e um dos jurados que havia escrito um livro sobre homens predadores sexuais teve de ser afastado. 

As vítimas de Weinstein temem uma possível reviravolta do caso, a exemplo da anulação da condenação por agressão sexual do ator Bill Cosby, em 2021. "Se esse primeiro processo for cancelado, não será um bom sinal", afirmou Caitlin Dulany à Franceinfo uma das atrizes que acusou o ex-magnata. 

Weinstein ainda enfrenta outros processos no Reino Unido, onde é acusado de duas agressões sexuais que datam de 1996. Segundo o jornal The Guardian, a denúncia foi feita por uma mulher que atualmente tem 50 anos. No entanto, não se sabe se o ex-magnata será extraditado para ser julgado por um tribunal britânico.

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