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Justiça britânica autoriza extradição de Assange aos Estados Unidos

A justiça britânica emitiu nesta quarta-feira (20) uma ordem que autoriza a extradição do fundador do WikiLeaks, Julian Assange, aos Estados Unidos. Washington trava uma queda de braço jurídica há mais de uma década para julgar o australiano pela publicação de centenas de documentos secretos. 

Simpatizantes de Julian Assange protestaram diante do Tribunal Westminster Magistrates, em Londres, nesta quarta-feira (20).
Simpatizantes de Julian Assange protestaram diante do Tribunal Westminster Magistrates, em Londres, nesta quarta-feira (20). © AP - Alastair Gran
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Apesar do tribunal de Westminster Magistrates, em Londres, ter autorizado formalmente a extradição de Assange, cabe agora à ministra do Interior do Reino Unido, Priti Patel, a aprovação da decisão. Os advogados do fundador do Wikileaks também podem recorrer na Suprema Corte britânica até o próximo 18 de maio.

"Em termos simples, decidi enviar o seu caso à ministra para decisão", afirmou o juiz Paul Goldspring durante uma audiência de apenas sete minutos. Assange, de 50 anos, não estava presente fisicamente, mas acompanhou a declaração do tribunal por vídeo, da penitenciária de segurança máxima de Belmarsh, ao sul de Londres. 

Dezenas de simpatizantes de Assange se reuniram diante do Westminster Magistrates para acompanhar a decisão. Vários deles carregavam cartazes exigindo a sua libertação e criticando a atitude dos Estados Unidos. 

Entre os manifestantes, estava o ex-líder do Partido Trabalhista britânico, Jeremy Corbyn. "Ele não fez absolutamente nada além de revelar verdades ao mundo", afirmou.

Simpatizantes de Julian Assange protestaram diante do Tribunal Westminster Magistrates, em Londres, nesta quarta-feira (20).
Simpatizantes de Julian Assange protestaram diante do Tribunal Westminster Magistrates, em Londres, nesta quarta-feira (20). AP - Alastair Grant

Mais de 700 mil documentos secretos revelados

Envolvido em uma longa saga judiciária, o australiano está no alvo da justiça american há anos. Assange revelou, a partir de 2010, mais de 700 mil documentos secretos, incluindo os que trouxeram à tona abusos cometidos por militares americanos no Iraque e no Afeganistão.

Caso seja extraditado aos Estados Unidos, o fundador do WikiLeaks corre o risco de ser condenado a até 175 anos de prisão. O caso é denunciado por organizações de defesa dos direitos humanos como um grave ataque à liberdade de imprensa, acusando Washington de tentar censurar informações. 

"Se #JulianAssange for extraditado aos Estados Unidos, os jornalistas do mundo inteiro deverão tomar cuidado se publicarem notícias que prejudiquem os interesses dos Estados Unidos", afirmou no Twitter a ONG Anistia Internacional. 

As autoridades americanas alegam que Assange não é jornalista. Os Estados Unidos o tratam de "hacker" e o acusam de colocar em risco a vida de muitos informantes ao publicar documentos secretos.

Quase dez anos sem liberdade

O australiano está há três anos na prisão de alta segurança de Belmarsh. No mês passado, ele se casou com a advogada sul-africana Stella Moris, sua companheira de batalha pela liberdade, com quem tem dois filhos. 

Os dois meninos foram concebidos na época em que Assange vivia na embaixada do Equador em Londres. Ele passou sete anos no local, a partir de 2012, como refugiado. Na época, além da extradição aos Estados Unidos, Assange também temia ser enviado à Suécia, que havia emitido um mandado internacional de prisão contra o australiano por uma acusação de estupro, posteriormente arquivada pela justiça sueca. 

Em abril de 2019, o então presidente equatoriano, Lenin Moreno, suspendeu o asilo em Londres ao fundador do Wikileaks, permitindo à polícia britânica entrar na embaixada para prendê-lo. Desde então, Stella Moris vem apelando ao governo britânico, e diretamente à ministra Priti Patel, para colocar um fim ao caso, mas muitos especialistas são céticos quanto a essa possibilidade. 

(Com informações da AFP)

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