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Premiê espanhol anuncia que continuará no cargo após esposa ser acusada de corrupção

O primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, anunciou nesta segunda-feira (29) que continuará no cargo, durante um discurso de nove minutos nas escadarias do Palácio da Moncloa, sede oficial da presidência do governo espanhol. A demissão do chefe do governo havia sido cogitada após acusações de corrupção visando sua mulher. 

O primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, disse que permanece no cargo, apesar das acusações envolvendo sua mulher.
O primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, disse que permanece no cargo, apesar das acusações envolvendo sua mulher. AP - Darko Vojinovic
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Sánchez acusou a oposição de direita pela "campanha de descrédito" em relação ao seu governo. Ele citou como exemplo a investigação judicial contra sua esposa, Begoña Gómez, por "tráfico de influência" e "corrupção". O líder socialista de 52 anos está no poder desde 2018.

O premiê ainda não tinha dado declarações desde que um tribunal de Madri anunciou, na quarta-feira (23), a abertura de um inquérito contra sua mulher. Mas escreveu uma carta de quatro páginas aos espanhóis, publicada na rede X, explicando que poderia renunciar para proteger sua família.

Na carta, o premiê espanhol escreveu que a denúncia se tratava de uma "nova campanha de desestabilização por parte de uma coalizão de interesses de direita e extrema-direita" que "não aceita o veredito das urnas”.

No discurso desta segunda-feira, Sánchez pediu ao país que faça "uma reflexão coletiva" sobre a polarização da vida política, para evitar que "a desinformação direcione o debate político".   "Ou dizemos 'basta', ou a deterioração da vida pública condicionará o nosso futuro e nos condenará como país", acrescentou.    

Em uma medida sem precedentes, Sánchez suspendeu todas as atividades públicas na quarta-feira, na véspera do lançamento da campanha para as eleições regionais de 12 de maio na Catalunha, na noite de quinta-feira.  

Do que Gómez é acusada?

A investigação contra a mulher de Pedro Sánchez foi aberta após uma denúncia da associação "Mãos Limpas", um coletivo próximo à extrema direita.  

De acordo com o jornal online El Confidencial, o inquérito se concentra nas ligações entre Begoña Gómez com o grupo Globalia, patrocinador de uma fundação onde ela trabalhava.

A Air Europa, companhia aérea detida pela Globalia, negociava com o governo de Sánchez a obtenção de auxílios estatais.  

Atendente de um bar em Madri acompanha o discurso do primeiro-ministro espanhol Pedro Sánchez na TV, onde explica por que desistiu da renúncia
Atendente de um bar em Madri acompanha o discurso do primeiro-ministro espanhol Pedro Sánchez na TV, onde explica por que desistiu da renúncia AP - Bernat Armangue

Em novembro de 2020, a empresa recebeu € 475 milhões de um fundo de € 10 mil milhões para apoiar empresas estratégicas em dificuldade devido à pandemia. Mas dezenas de outras empresas beneficiaram da ajuda, incluindo vários concorrentes, como a Iberia, a Vueling e Volotea.

Na quinta-feira, o Ministério Público pediu o arquivamento da investigação. A "Mãos Limpas" reconheceu que sua denúncia se baseava apenas em reportagens da imprensa, mas o juiz responsável pelo caso ainda não se pronunciou.

Contexto político tenso

Desde que chegou ao poder, há seis anos, a legitimidade do líder socialista foi sempre questionada pela direita e pela extrema-direita, que nunca o perdoaram por ter alcançado o poder com o apoio da extrema-esquerda. 

O contexto político tornou-se ainda mais tenso nos últimos meses. Pedro Sánchez, que ficou em segundo lugar nas eleições de 23 de julho, atrás de seu rival conservador Alberto Núñez Feijóo, conseguiu ser reeleito pelo Parlamento em novembro graças ao apoio dos partidos independentistas catalães. Em troca, ele defendeu uma lei de anistia para os separatistas envolvidos na tentativa de secessão da Catalunha em 2017.  

A lei foi votada em primeira leitura pelos deputados em março e deverá ser definitivamente aprovada no final de maio. A oposição de direita tem criticado o comportamento de Pedro Sánchez e o acusa de "tentar se passar por vítima".  

"Um chefe de governo não pode se comportar como um adolescente para que todos implorem que ele fique e não se zangue", disse Alberto Núñez Feijóo, líder do Partido Popular de direita.  

No fim de semana, milhares de militantes do Partido Socialista Espanhol (PSOE) saíram às ruas da capital Madrid, para pedir ao premiê que continuasse no cargo.

Com informações da AFP

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