Acessar o conteúdo principal

Síria começa a enterrar os mais de 100 mortos por ataque a drone, incluindo civis e crianças

Na Síria, a sexta-feira (6) foi marcada pelos enterros de soldados e seus familiares mortos em um ataque de drone, ocorrido na quinta-feira (5), durante uma cerimônia de promoção de oficiais. O ataque deixou mais de uma centena de mortos e levou Damasco a reagir bombardeando áreas rebeldes do país em guerra.

Homens da guarda de honra carregam os caixões de duas das vítimas do ataque a uma academia militar, em Homs, na Síria. Em 6 de outubro de 2023. REUTERS/Yamam al Shaar
Homens da guarda de honra carregam os caixões de duas das vítimas do ataque a uma academia militar, em Homs, na Síria. Em 6 de outubro de 2023. REUTERS/Yamam al Shaar REUTERS - YAMAM AL SHAAR
Publicidade

As autoridades sírias proclamaram três dias de luto no país e pediram orações nas mesquitas, nesta sexta-feira, para homenagear os mortos da tragédia.

Logo cedo, dezenas de familiares das vítimas esperavam em frente ao hospital militar de Homs, de onde ambulâncias começaram a sair transportando os restos mortais de oficiais e seus parentes para os locais de sepultamento.

“Meu filho, não vá, fique perto de mim”, gritava a mãe de uma das vítimas, vestida de preto, com a cabeça coberta por um lenço branco e segurando flores da mesma cor. Enquanto isso, soldados carregavam os caixões, ao som de uma marcha militar.

Khawla, uma mulher de 33 anos, procurava entre os caixões aquele que transportava o corpo de seu irmão. Ele seria promovido a oficial, no dia do ataque. “Amjad não está morto (…), gostaria de vê-lo recém-casado”, disse ela com a voz embargada.

O ataque, um dos mais sangrentos contra o Exército sírio, teve como alvo a academia militar de Homs, no centro do país, em área sob controle do governo.

Vídeos postados nas redes sociais mostram as vítimas em pânico caindo no chão e os feridos pedindo ajuda, logo após o ataque que deixou mais de 100 mortos, incluindo mulheres e crianças, além de quase 300 feridos, segundo as autoridades sírias.

O Observatório Sírio para os Direitos Humanos (OSDH), com sede no Reino Unido e com uma vasta rede de fontes na Síria, calcula 123 mortes, incluindo 54 civis, entre eles 39 crianças, e um total de 150 feridos.

O ministro da Defesa sírio, Ali Mahmoud Abbas, compareceu ao funeral de cerca de 30 soldados e civis em Homs. Na quinta-feira, ele havia comparecido à cerimônia, mas saiu antes do ataque do drone, ocorrido no final do evento, de acordo com testemunhas e o OSDH. O ataque não foi reivindicado.

A cidade de Homs, que antes era um reduto rebelde, foi recuperada pelas forças sírias em 2017. A província homônima está longe da linha do front. Porém, apesar da sua derrota territorial, grupos jihadistas que ainda controlam parte do território sírio e combatentes do grupo Estado Islâmico utilizam drones, regularmente, para atacar as forças sírias e o seu aliado russo.

O presidente russo, Vladimir Putin, enviou uma mensagem de condolências em que garante ao seu homólogo sírio, Bashar al-Assad, que “pretende continuar a cooperação com parceiros sírios para lutar contra qualquer forma (. ..) de terrorismo”.

Contra-ataque  

O Exército sírio prometeu “responder com firmeza” ao ataque na academia militar, bombardeando o último reduto rebelde do país, localizado no noroeste. Desde a tarde de quinta-feira, o OSDH relatou 15 civis mortos em áreas rebeldes, em locais parcialmente controlados pela organização jihadista Hayat Tahrir al-Cham (HTS) e grupos aliados a ela.

Aviões russos também realizaram pelo menos cinco ataques à região rebelde de Idlib, segundo o OSDH.

O secretário-geral da ONU, António Guterres, expressou a sua preocupação após a escalada da violência na Síria. Na quinta-feira, o enviado especial da ONU para a Síria, Geir Pedersen, apelou a “uma redução imediata” da violência.

O conflito na Síria começou em 2011 e já deixou mais de meio milhão de mortos.

(Com informações da AFP)

NewsletterReceba a newsletter diária RFI: noticiários, reportagens, entrevistas, análises, perfis, emissões, programas.

Acompanhe todas as notícias internacionais baixando o aplicativo da RFI

Compartilhar :
Página não encontrada

O conteúdo ao qual você tenta acessar não existe ou não está mais disponível.