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Polícia de Israel dispara munição real contra manifestantes de Eritreia em Tel Aviv

Um protesto de requerentes de asilo eritreus se transformou em palco de grande violência neste sábado (2) no sul de Tel Aviv, em Israel. Os manifestantes, contrários ao governo de seu país, tentavam impedir a realização de um evento que marcava o 30º aniversário da independência de Eritreia. Para reprimir o movimento, além de bombas de efeito moral e balas de borracha, a polícia utilizou munição real, deixando muitos feridos, alguns em estado grave.

Forças de segurança israelenses perseguem manifestantes de Eritreia, em Tel Aviv, em 2 de setembro de 2023.
Forças de segurança israelenses perseguem manifestantes de Eritreia, em Tel Aviv, em 2 de setembro de 2023. © Ohad Zwigenberg / AP
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Michel Paul, correspondente da RFI em Jerusalém

A polícia admite ter se surpreendido com a dimensão dos confrontos. “Infelizmente, desde a manhã, as partes não respeitaram as condições da autorização de manifestação. Eles vieram em massa para impedir o evento. Decidimos então usar meios específicos para dispersá-los”, explica Hayim Boublil, chefe da polícia do sul de Tel Aviv.

Os manifestantes atacaram principalmente a local onde seria realizado o evento, organizado pela Embaixada de Eritreia em Israel. “A comunidade eritreia está dividida em duas: aqueles que são a favor do regime e aqueles que são contra. Deixei Eritreia quando tinha 13 anos. Os apoiadores do regime queriam fazer um festival para seu governo. E não concordamos!”, conta Asante, um requerente de asilo opositor à ditadura em seu país.

Cidadãos pró e contra o regime se enfrentaram nas ruas, munidos principalmente de pedras e bastões de madeira. Lojas e outros estabelecimentos comerciais também foram saqueados e danificados. Pelo menos 170 pessoas ficaram feridas nos confrontos entre os manifestantes e também contra as forças de ordem.

O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, declarou que reunirá uma equipe especial de ministros para examinar a possibilidade de tomar medidas contra os imigrantes ilegais de Eritreia que participaram dos distúrbios em Tel Aviv neste sábado. A equipe deve se reunir no domingo (3) em Jerusalém para avaliar a possibilidade de deportar os imigrantes em questão.

Em um comunicado, a polícia israelense justificou o uso da munição real como meio de defesa, devido às proporções que tomou a situação de conflito. “A polícia, que temia pelas suas vidas, disparou munições reais contra os manifestantes”, justifica a nota.

O texto ainda informa que 27 policiais ficaram feridos nos confrontos, e que 39 suspeitos foram presos por “atacar policiais e atirar pedras contra eles”. Alguns carregavam “armas, bombas de gás de autodefesa e armas elétricas paralisantes”, continua a polícia.

Perseguição política

O serviço Magen David Adom, o equivalente à Cruz Vermelha em Israel, afirmou ter atendido pelo 114 pessoas, em que pelo menos oito estariam em estado grave. O Hospital Ichilov de Tel Aviv relatou ter recebido 38 pessoas feridas nos confrontos, incluindo uma dúzia por ferimentos à bala.

Quase 20 mil requerentes de asilo de Eritreia vivem atualmente em Israel e temem serem perseguidos caso sejam repatriados. A maioria deles chegou ilegalmente pela península do Sinai e se estabeleceu em bairros no sul de Tel Aviv.

Eles deixaram seu país governado com mão de ferro pelo presidente Isaias Afwerki, desde a declaração oficial de independência obtida em 1993, após 30 anos de guerra com a Etiópia. Eritreia é uma das nações mais isoladas do mundo e ocupa um dos últimos lugares nas classificações globais de liberdade de imprensa, direitos humanos e desenvolvimento econômico.

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