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Universidade de Columbia, em NY, desiste de ultimato para fim de acampamento contra ação de Israel

A Universidade de Columbia, em Nova York, desistiu na quinta-feira (25) de um ultimato até a meia-noite para que os manifestantes pró-palestinos desmantelassem um acampamento no local, enquanto outros campi universitários nos Estados Unidos tentavam impedir que as ocupações se instalassem. Em Paris, universitários protestam na Sciences Po, instituição parceira da Columbia.

Estudantes da Universidade da Califórnia protestam em Irvine contra o massacre de palestinos na Faixa de Gaza (25/04/24).
Estudantes da Universidade da Califórnia protestam em Irvine contra o massacre de palestinos na Faixa de Gaza (25/04/24). © AP - Paul Bersebach
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Com centenas de detidos e confrontos com policiais, as manifestações pró-palestinos se tornaram uma onda em expansão nas universidades dos Estados Unidos, onde acampamentos se multiplicam nos campi, em um ambiente de aumento da tensão.

De Los Angeles a Nova York, passando por Austin e Boston, o movimento estudantil pró-Palestina cresce, uma semana depois de ter começado na Universidade de Columbia, em Nova York.

A universidade havia estabelecido como prazo limite a meia-noite de quinta-feira para que os manifestantes abandonassem o acampamento, mas a direção do centro de ensino retrocedeu pouco antes do fim do ultimato.

O movimento abrange universidades renomadas, como Princeton e Harvard.

Grupos de estudantes montaram barracas nos campi para denunciar o apoio militar americano a Israel e a situação humanitária dramática na Faixa de Gaza.

Na tarde de ontem, mais de 100 pessoas foram presas perto da Emerson College, em Boston. Em Austin, dezenas de estudantes da Universidade do Texas foram presos pela polícia montada.

No campus da Universidade do Sul da Califórnia (USC), em Los Angeles (oeste), 93 pessoas foram presas por invasão de propriedade privada. A instituição optou por deixar o campus fechado até nova ordem e cancelou sua principal cerimônia de formatura neste ano, por segurança.

No campus da universidade de Emory, em Atlanta, os manifestantes foram retirados à força pela polícia, segundo imagens registradas por um fotógrafo da AFP. A polícia de Atlanta informou que usou "irritantes químicos" diante da violência de alguns manifestantes.

Na Universidade de Columbia, berço do movimento, o gabinete da reitora Minouche Shafik informou que o diálogo com os estudantes "demonstraram progresso e continuam conforme o planejado".

"Temos nossas demandas; eles têm as deles", afirmou.

Onda crescente 

Apesar das detenções, o movimento de protesto cresce. Na UCLA, em Los Angeles, mais de 200 estudantes montaram um acampamento com cerca de 30 barracas, cercado de faixas.

"Durante 201 dias, o mundo assistiu em silêncio ao assassinato de mais de 30 mil palestinos por Israel. A UCLA se une hoje aos estudantes que, ao redor do país, exigem que suas universidades se afastem das empresas que se beneficiam da ocupação, do apartheid e do genocídio na Palestina", diz uma declaração divulgada pelos organizadores do protesto.

Em Austin, cerca de 2 mil estudantes se manifestaram hoje no campus da Universidade do Texas, aos gritos de "Libertem a Palestina!". Para a professora Kit Belgium, a universidade deve garantir "a liberdade de expressão e o debate livre de ideias".

Perto de uma das manifestações pró-Gaza, cerca de 30 estudantes organizaram uma contramanifestação.

A estudante de jornalismo da Universidade do Texas Jasmine Rad, uma jovem judia de 19 anos, considera as manifestações de apoio aos palestinos perigosas. "Causam danos aos estudantes judeus e àqueles que não se sentem seguros por causa da violência em nosso campus."

Preocupação 

Autoridades temem que os protestos propaguem incidentes antissemitas.

O ex-presidente e candidato republicano Donald Trump condenou hoje as manifestações e disse que "o nível de ódio" é muito superior ao da manifestação da extrema direita em Charlottesville em 2017, que deixou um morto e 19 feridos.

"Temos protestos por toda parte", ressaltou Trump ao deixar a sala do tribunal de Manhattan onde é julgado por falsificação de registros comerciais. "Charlottesville foi insignificante, não foi nada comparado com isto. O ódio não era o mesmo que há aqui."

A equipe de campanha do presidente Joe Biden respondeu divulgando vídeos do comício em Charlottesville que mostram "membros neonazistas e da KKK" gritando "Os judeus não vão nos substituir!".

Biden apoiou o direito dos estudantes à liberdade de expressão mas criticou a possibilidade de atos antissemitas.

Parceira francesa

Na França, a mobilização pró-palestina continuava na manhã desta sexta-feira na Sciences Po Paris, onde estudantes passaram a noite no prédio histórico da escola e bloquearam a principal entrada, constatou a AFP. A Sciences Po tem aliança com a Columbia de Nova York.

Com lenços palestinos na cabeça, bandeiras palestinas penduradas nas balaustradas e slogans em apoio à luta palestina, os estudantes que passaram a noite na instituição eram visíveis na manhã de sexta-feira nas janelas do 27 rue Saint-Guillaume, sede histórica da escola.

Lixeiras e materiais de construção bloqueiam a entrada principal da Sciences Po Paris, que possui um amplo campus no centro da capital, dividido em várias instalações. Algumas dezenas de estudantes estão presentes nas ruas.

Contatada, a direção da instituição não estava disponível no momento.

O comitê pró-Palestina exige especialmente "a condenação clara das ações de Israel pela Sciences Po" e "o fim das colaborações" com todas as "instituições ou entidades" consideradas cúmplices "da opressão sistemática do povo palestino".

Além disso, pede o fim da "repressão das vozes pró-palestinas no campus".

Na quarta-feira à noite, uma dezena de barracas foram instaladas no pátio de outro prédio da instituição, antes que a polícia viesse remover os militantes e simpatizantes da causa palestina.

 

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