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Em conversa com Nethanyahu, Biden diz que apoio dos EUA depende de ações para proteger civis em Gaza

O presidente norte-americano Joe Biden conversou por telefone com o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, nesta quinta-feira (4) e afirmou que o apoio contínuo dos Estados Unidos dependerá das ações de Israel para proteger os civis de Gaza. Esta foi a primeira vez que o democrata sugeriu que os EUA poderiam impor condições a sua ajuda ao país aliado. 

Joe Biden și Benjamin Netanyahu
O presidente dos Estados Unidos Joe Biden, à esquerda, e o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu. AP
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Os dois líderes conversaram ao telefone poucos dias após um bombardeio israelense que matou trabalhadores humanitários da ONG americana World Central Kitchen, um episódio que provocou revolta internacional e aumentou o descontentamento dos Estados Unidos. Israel atribuiu as mortes a um erro.

Na terça-feira, Washington expressou “indignação” pelas mortes, na segunda-feira (1°), de sete voluntários humanitários em Gaza, incluindo seis estrangeiros. Biden, que considerou "inaceitáveis" os ataques israelenses contra trabalhadores humanitários, também pediu a Netanyahu para "concluir um acordo de cessar-fogo imediato" na Faixa de Gaza.

O presidente americano encorajou o líder israelense a "anunciar e implementar uma série de passos específicos, concretos e mensuráveis para abordar os danos a civis, o sofrimento humanitário e a segurança dos voluntários", conforme um comunicado da Casa Branca. Biden "deixou claro que a política americana com relação a Gaza será determinada por uma avaliação da ação imediata de Israel sobre estes passos", acrescentou a nota do governo americano.

De acordo com assessores da Casa Branca, os dirigentes também teriam conversado sobre os planos israelenses de lançar uma operação terrestre em Rafah, no sul de Gaza, e sobre as tensões crescentes na região, concretamente com o Irã.

Na segunda-feira, a República Islâmica acusou Israel de bombardear o consulado iraniano em Damasco, na Síria, em um ataque que matou sete membros da Guarda Revolucionária, o exército ideológico do país.

A última vez em que Biden e Netanyahu haviam conversado foi em18 de março, em um contexto já complicado devido ao agravamento da situação humanitária na Faixa de Gaza, sitiada e com a população à beira da fome.

Em quase seis meses de guerra, 33.037 palestinos morreram, segundo o balanço mais recente divulgado pelo grupo Hamas.

As relações entre os dois aliados ficaram ainda mais tensas desde que Washington permitiu a aprovação no Conselho de Segurança da ONU, no fim de março, de uma resolução que pede um "cessar-fogo imediato", algo que ainda não teve efeito no território palestino.

 "Preocupação" com Rafah 

O secretário de Defesa americano, Lloyd Austin, também destacou a necessidade de adoção de medidas "imediatas" e "concretas" para proteger os trabalhadores humanitários e os civis palestinos em Gaza. Os episódios recentes aumentaram as preocupações com uma possível operação militar israelense em Rafah, no sul do território, perto da fronteira com o Egito, que está fechada.

Netanyahu repete que deseja iniciar uma ofensiva contra esta cidade, que considera o "último reduto" do Hamas e onde segundo a ONU estão aglomerados quase 1,5 milhão de palestinos deslocados pelos combates. 

A guerra começou no dia 7 de outubro, após um ataque sem precedentes do Hamas em território israelense, quando 1.170 pessoas foram assassinadas, a maioria civis, segundo balanço da AFP baseado em dados oficiais. Israel afirma que mais de 250 pessoas foram sequestradas e 130 delas continuam em cativeiro em Gaza, incluindo 34 que as autoridades temem que foram mortas.

Nesta quinta-feira, o Exército israelense informou que prossegue com as operações no centro de Gaza e em Khan Yunis, no sul do território. Ao menos 62 pessoas morreram nas últimas 24 horas, segundo o Hamas.

Situação humanitária se degrada

Após o ataque que matou sete de seus funcionários, a ONG World Central Kitchen, que distribuía refeições diariamente em Gaza, anunciou a suspensão de suas operações, o que aumentou o temor sobre a situação alimentar de quase 2,4 milhões de moradores.

No norte do território, a situação humanitária é extremamente difícil. "As entregas de farinha demoram e há escassez de verduras, carnes e outros produtos essenciais, como legumes, lentilhas e grão-de-bico", disse um morador da Cidade de Gaza, que preferiu não se identificar.

"Dormimos na rua, no frio, na areia, com muitos problemas para conseguir comida para nossas famílias, especialmente para as crianças pequenas", disse outro morador de Gaza.

Segundo um novo estudo da ONG Oxfam, a população do norte da Faixa sobrevive com 245 calorias por dia, ou seja, "menos que uma lata de feijão, o que representa menos de 12% das necessidades calóricas diárias em média".

"Israel escolheu deliberadamente fazer com que os civis passem fome", disse Amitabh Behar, diretor-executivo da Oxfam Internacional, citado no comunicado da ONG.

(Com AFP)

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