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Atropelamento e morte de mulher em protesto de agricultores gera manifestações em toda a França

Os agricultores continuaram suas manifestações na França nesta terça-feira (23), após a morte de uma mulher atropelada por um carro em um bloqueio de estrada, durante um protesto, no dia seguinte a uma reunião com o governo e no início de uma reunião de ministros europeus do setor.

Vista do veículo destruído que matou uma mulher e feriu gravemente seu marido e sua filha adolescente quando foram atropelados na madrugada de 23 de janeiro de 2024 em uma barreira agrícola em Pamiers, na região de Ariège, na França. Um carro bateu num bloqueio de estrada colocado por agricultores que protestavam no sudoeste de França, em 23 de janeiro de 2024, matando uma mulher e ferindo gravemente o marido e a filha adolescente que ali estavam.
Vista do veículo destruído que matou uma mulher e feriu gravemente seu marido e sua filha adolescente quando foram atropelados na madrugada de 23 de janeiro de 2024 em uma barreira agrícola em Pamiers, na região de Ariège, na França. Um carro bateu num bloqueio de estrada colocado por agricultores que protestavam no sudoeste de França, em 23 de janeiro de 2024, matando uma mulher e ferindo gravemente o marido e a filha adolescente que ali estavam. AFP - VALENTINE CHAPUIS
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A vítima, uma fazendeira de 35 anos, foi atropelada nesta terça-feira de manhã quando participava de um bloqueio de estrada junto a um grupo de produtores rurais em Pamiers (sudoeste da França), com seu marido de 40 anos e sua filha de 14 anos.

O primeiro-ministro francês, Gabriel Attal, expressou sua "tristeza" e garantiu que a "nação está chocada e solidária", na rede X.

Os três ocupantes do carro que bateu contra o bloqueio na estrada - "um casal e um amigo" de nacionalidade armênia, de acordo com a promotoria pública - foram levados sob custódia como parte de uma investigação de homicídio culposo agravado.

"Os fatos em questão não parecem ser intencionais", enfatizou o promotor público, apontando para a iluminação muito ruim no local "no meio da noite".

"Neste momento específico para a agricultura, esse tipo de tragédia é difícil de suportar", disse Arnaud Rousseau, presidente da FNSEA, o maior sindicato de agricultores da França, em um comunicado. "A escala do que está sendo preparado não será alterada por essa tragédia", ele enfatizou, acrescentando que "a luta continua".

Um minuto de silêncio

No dia seguinte a uma reunião aparentemente infrutífera com o governo, ocorreram novos bloqueios. Por volta das 4h (meia-noite no Brasil), cerca de trinta tratores bloquearam o tráfego na rodovia A7, entre Lyon e Valence (sudeste), de acordo com os agentes de segurança do departamento da Drôme (650 km ao sul de Paris).

No sudoeste da França, os bloqueios permaneceram em estradas importantes. Na cidade de Agen (600 km a sudoeste de Paris), dezenas de tratores bloquearam estradas e o tráfego ferroviário foi interrompido por um tempo na área devido ao depósito de pneus nos trilhos. Os agricultores se reuniram em frente à delegacia, onde fizeram um minuto de silêncio em homenagem à agricultora morta.

O tráfego foi interrompido em vários lugares e comboios de tratores também convergiram para Limoges e Poitiers (centro), onde são esperadas manifestações.

Também houve "ações de pequena escala" no leste da França na noite de segunda-feira, principalmente em pedágios. Os agricultores também bloquearam a fronteira com a Alemanha. De acordo com Fabrice Couturier, chefe do principal sindicato de agricultores da região, mais ações serão feitas a partir de quarta-feira.

"A tragédia desta manhã (...) nos deu ainda mais dignidade em nosso movimento e com certeza nos mobiliza ainda mais", disse Luc Smessaert, chefe da CGT, o maior sindicato da França, nesta terça-feira.

Na noite de segunda-feira, o governo recebeu os sindicatos, sem fazer nenhum anúncio no final. Rousseau disse que esperava que o primeiro-ministro e sua equipe fizessem declarações "que movimentariam significativamente a situação", referindo-se a um desconto imediato no diesel para tratores.

"Agir rapidamente"

Attal quer "agir rapidamente", "dentro de uma semana", disse o ministro da Agricultura, Marc Fesneau, na sequência.

Há vários anos, o principal sindicato de agricultores da França vem conseguindo uma série de acordos com o governo, como os impostos sobre a água e os pesticidas, mas os agricultores continuam a reclamar que estão sobrecarregados com novas exigências e que não ganham o suficiente. 

Entre as muitas demandas, estão a simplificação dos procedimentos administrativos, nenhuma nova proibição de pesticidas, interrupção do aumento do preço do diesel para tratores, indenização mais rápida após desastres e aplicação integral da lei criada para forçar os fabricantes e supermercados a pagar mais aos agricultores.

O governo teme uma escalada do movimento. Da Holanda à Romênia, passando pela Polônia e a Alemanha, os agricultores estão agindo contra os aumentos de impostos e o "Pacto Verde" europeu.

Nesta terça-feira, os ministros europeus da agricultura se reunirão em Bruxelas.

(Com AFP)

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