A poucos meses dos Jogos Olímpicos, greves já começam a perturbar aeroportos na França
A ameaça de greves nos transportes durante os Jogos Olímpicos de Paris preocupa a França. A primeira das grandes paralisações previstas foi convocada para esta semana, e impacta o funcionamento dos aeroportos em todo o país.
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Os jornais franceses destacam que, apesar do acordo encontrado na quarta-feira (24) entre os controladores aéreos e o SNCTA, o principal sindicato do setor, a maioria dos aviões permanece em solo hoje. O compromisso foi anunciado tarde demais para evitar "uma bagunça" nos aeroportos da França nesta quinta-feira, afirma o jornal Le Parisien.
Apenas em Paris, 75% dos voos no aeroporto de Orly e 55% no Charles de Gaulle foram cancelados. Aeroportos de outras cidades francesas também sofrem as consequências da greve: em Marselha, no sul da França, 65% das chegadas e saídas estão suspensas. No total, mais de 2 mil voos foram cancelados e mil serão afetados, segundo a associação Airlines for Europe.
Sindicatos em posição de força
"Os sindicatos de transportes estão em posição de força antes dos Jogos", avalia o jornal La Croix. O diário explica que a mobilização dos controladores aéreos ocorre devido a uma reforma para a modernização do tráfego no céu da França. A categoria não se opõe à mudança, mas exige melhores salários, consciente de que a "ocasião é histórica e os sindicatos se aproveitam disso", afirma o cientista político Jean Viard ao diário.
O jornal Les Echos destaca que o conteúdo final do acordo entre os grevistas e o governo francês não foi revelado. Mas, de acordo com a reportagem, o compromisso incluiria, além da melhora nos salários, um aumento no valor das aposentadorias dos controladores aéreos, a partir dos 59 anos.
Estratégia para pressionar o governo
O jornal La Croix afirma que outras categorias já planejaram utilizar a mesma estratégia para pressionar o governo. É o caso da rede de transportes públicos de Paris, que já registrou sua convocação de greve para o período da Olimpíada e Paralimpíada.
Entrevistado pelo diário, Bernard Aubin, ex-secretário-geral do sindicato ferroviário First afirma que essa é a consequência da degradação do diálogo social. "Isso obriga os sindicatos a empregar métodos mais determinados e, sem dúvidas, mais contestáveis aos olhos do grande público", reitera.
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