Acessar o conteúdo principal
Cuba/ reformas

Ainda tabu, classe média começa a emergir em Cuba

A abertura econômica gradual de Cuba está levando à emergência de uma classe média no país, onde durante décadas os sinais externos de riqueza foram um tabu, além de serem reservados para apenas um punhado de privilegiados. Até pouco tempo atrás, somente uma elite composta por militares, presidentes de estatais, donos de agências de turismo ou artistas podia exibir carros ou roupas de marca nas ruas de Havana.

Turista consulta guia no bairro de Havana Velha.
Turista consulta guia no bairro de Havana Velha. REUTERS/Alexandre Meneghini
Publicidade

Hoje, no entanto, esse cenário está em plena transformação. “Privilegiados” de outros setores aparecem nos bares e restaurantes dos bairros descolados da capital cubana, os chamados “paladares”, entre empresários de diplomatas. “Esse fenômeno começou nos últimos quatro anos e explodiu com a abertura para o comércio privado”, constatou à AFP Daybell Pañellas, uma psicóloga que realizou diversos estudos sobre a questão.

“Tem cada vez mais cubanos consumindo, mais pessoas que realizam atividades autônomas, o que lhes dá a chance de poder frequentar lugares como o meu restaurante”, afirma Ernesto Blanco, dono do La Fontana, um lugar da moda que recebeu, recentemente, a cantora americana Rihanna.

Veículo "vintage" americano estacionado em rua de Havana.
Veículo "vintage" americano estacionado em rua de Havana. REUTERS/Chris Arsenault

As reformas econômicas lançadas a partir de 2008 pelo presidente Raúl Castro, como a autorização de algumas atividades privadas, levaram ao aumento da renda de uma parcela da população cubana. Estima-se que 500 mil cubanos trabalhem atualmente em diferentes setores do “cuentapropismo”, estabelecimentos comerciais autônomos que incluem bares, restaurantes, mecânicos e pousadas, ou serviços como mestres de obras – as áreas mais bem sucedidas.

Constrangimento para falar em dinheiro permanece

“O fato de ter o meu próprio negócio permite a alguns ganhar um certo dinheiro, ao contrário dos demais cubanos, que têm empregos no Estado. O restaurante fez com que a gente vivesse muito melhor”, atesta Blanco – que se recusa, no entanto, a falar em cifras.

Esse também é o caso do motorista de táxi independente Raúl, de 36 anos. Sentado na mesa de um “paladar”, ao lado da mulher usando pulseiras de ouro, ele diz que o trabalho autônomo possibilitou-lhe “consumir coisas um pouco mais caras e viajar mais”. Mas o profissional prefere não dar detalhes sobre o que mudou na sua vida.

Vendores informais comercializam frutas em Havana.
Vendores informais comercializam frutas em Havana. REUTERS/Chris Arsenault

Compras escondidas dos vizinhos

“Em Cuba, ser rico não é visto como um modelo e a população continua estigmatizando o fato de ter dinheiro”, explica Pañellas. A pesquisadora percebe, por exemplo, que muitos cubanos esperam a noite chegar para retirar as sacolas de compras do porta-malas do carro, para não se expor diante dos vizinhos.

Na falta de estatísticas, é difícil definir o perfil desses novos ricos do país, que ainda estão distantes de ter acesso a bens de luxo como em outros países. O salario médio em Cuba é de US$ 20 por mês.

Com informações da AFP
 

NewsletterReceba a newsletter diária RFI: noticiários, reportagens, entrevistas, análises, perfis, emissões, programas.

Acompanhe todas as notícias internacionais baixando o aplicativo da RFI

Compartilhar :
Página não encontrada

O conteúdo ao qual você tenta acessar não existe ou não está mais disponível.