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Paraguai/crise

Lugo acusa Congresso do Paraguaio de "destituir democracia"

O presidente destituído do Paraguai, Fernando Lugo, contestou a legitimidade de seu processo de impeachment decidido pelo Congresso na sexta-feira e qualificou a decisão de “destituição da democracia”. Lugo pediu que seus partidários manifestem pacificamente contra o que considerou um “veridito injusto” dos deputados.

Paraguaios protestam nas ruas de Assunção contra o novo presidente do país, Federico Franco, em 23 de junho de 2012.
Paraguaios protestam nas ruas de Assunção contra o novo presidente do país, Federico Franco, em 23 de junho de 2012. REUTERS/Jorge Adorno
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"Não foi Lugo que foi destituído, mas a democracia. A vontade popular não foi respeitada”, disse ele diante de mais de 500 partidários que manifestaram nas ruas em frente a uma emissora de televisão, em Assunção. Ele fez um apelo para que seus partidário manifestem pacificamente e disse aceitar um “veridito injusto do parlamento, em nome da paz e da não-violência”.

Fernando Lugo estima ter sido vítima de um golpe de estado parlamentar em uma declaração feita nos estúdios de uma rede de tevê onde participou de um programa matinal. Lugo, ex-bispo de 61 anos, foi o primeiro presidente de esquerda a assumir o poder no Paraguai após 62 anos de governo ininterrupto do partido conservador Colorado.

O novo presidente, Federico Franco, disse querer encontrar-se com Lugo para discutir um papel que ele possa desempenhar para restaurar a credibilidade do país, bastante afetada por um processo de impeachment que surpreendeu pela rapidez e provocou uma onda de indignação especialmente nos países vizinhos.

Em sinal de protesto, o Brasil, a Argentina e o Uruguai, parceiros do Paraguai no Mercosul, chamaram de volta seus embaixadores em Assunção.

O novo governo paraguaio, que ainda não foi reconhecido oficialmente por nenhum país, se esforça para impor sua legitimidade após a destituição de Fernando Lugo.

No sábado de manhã, Federico Franco admitiu em uma entrevista coletiva que se preocupava com as reações da comunidade internacional, mas, ao mesmo tempo, recusou ter se beneficiado de um golpe de estado.

Segundo ele, o processo foi legítimo e respeitou a Constituição do país. Diante da transição decidida rapidamente e condenada pela maioria dos países da América Latina, o novo presidente paraguaio terá que justificar a situação para se tornar um interlocutor de credibilidade no cenário internacional.

Teste diplomático

A presidente da Argentina, Christina Kirchner, considerou um “golpe de estado ilegítimo” e disse que o embaixador argentino só voltará ao Paraguai depois que a ordem democrática for reestabelecida no país.

No sábado, o governo brasileiro condenou a destituíção sumária do presidente Lugo, dizendo que seu direito de defesa não foi garantido e, por isso, houve uma “ruptura da ordem democrática”. O respeito à democracia é uma condição necessária para o Paraguai continuar no Mercosul, o bloco de integração dos 4 países da região.

O Uruguai também considerou que a destitução de Fernando Lugo foi contrária às “práticas democráticas fundamentais”, de acordo com um comunicado emitido pela presidência do país. O presidente do Equador, Rafael Correa, convocou uma reunião da Unasul (União das Nações Sul-Americanas) para discutir eventuais sanções ao novo governo paraguaio.

Federico Franco se recusou a criar uma comissão para investigar o recente massacre dos sem-terra e policiais, que foi usado como argumento para a destituição de Lugo, acusado de não ter cumprido bem suas funções durante o episódio de violência que resultou em 17 mortos.

Ex-vice-presidente de Lugo, Federico Franco, de 49 anos, tomou posse na sexta-feira logo após o Senado do Paraguai ter aprovado o pedido de impeachement. Ele anunciou horas depois a formação de seu gabinete.

Franco, do partido Liberal, recebeu rapidamente apoio dos latifundiários do país que cancelaram a realização de um “tratoraço” na próxima segunda-feira para dar uma “oportunidade” ao novo governo.

A Cúpula do Mercosul programada para a próxima quinta e sexta-feira, em Mendoza, na Argentina, será o primeiro teste diplomático para o novo governo paraguaio.

 

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