Evo Morales enfrenta greve geral contra construção de estrada
Uma greve geral foi convocada para esta quarta-feira pela maior central sindical da Bolívia, para pressionar o presidente Evo Morales a anunciar uma solução definitiva sobre a construção da rodovia que atravessa uma reserva natural indígena e é financiada pelo Brasil. A greve de 24 horas foi convocada pela Central Obrera Boliviana, que reúne todos os sindicatos de trabalhadores do país.
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Além de apoiar a população indígena, a manifestação visa exigir uma posição clara do presidente Evo Morales se vai haver ou não a construção da polêmica rodovia de 306 quilômetros que vai passar por dois estados e cortar uma reserva natural indígena. Financiada pelo BNDES e construída pela empreitera OAS, a estrada, que vai custar U$ 415 milhões, gerou muitos protestos das comunidades locais.
A situação se agravou no domingo quando a polícia lançou uma operação contra um acampamento de opositores ao projeto e reprimiu uma marcha de indígenas rumo à capital, La Paz.
Na segunda-feira, a ministra da Defesa, Cecilia Chacon, pediu demissão em protesto contra a ação policial que levou o presidente Morales a suspender a construção da estrada e anunciar a realização de um referendo popular nos dois estados envolvidos no projeto.
Criticado pela violência usada pelos policiais, o ministro do Interior, Sacha Llorenti, renunciou na terça-feira. O presidente Morales nomeou os dois substitutos: Wilfredo Chávez, que assume o Ministério do Interior, e Rubén Saavedra, escolhido para substituir a ministra da Defesa.
Durante a cerimônia de posse dos novos ministros, Evo Morales reiterou que "mantém o diálogo aberto" com os opositores do projeto.
Marcha
Centenas de indígenas continuam mobilizados nos municípios de Rurrenabaque e San Borja, nos arredores de Yucuno, distante 320 quilômetros de La Paz, local onde no domingo foi reprimida a marcha rumo à capital.
Os nativos decidiram manter a marcha porque não consideram a suspensão provisória da obra uma garantia de que ela não será construída. "Temos dito e repetido: não queremos essa rodovia", afirmou o deputado indígena Pedro Nuni, um dos líderes do movimento que defende uma solução definitiva.
Em comunicado, o departamento de Estado americano pediu que o conflito "seja resolvido pacificamente através do diálogo e da consulta de acordo com a lei boliviana e as regras internacionais".
Os indígenas aproveitam a mobilização para fazer outras reivindicações relacionadas a atividades petrolíferas em suas comunidades, emissão de títulos de posse de propriedades, compensações pela emissão de gazes que provocam o efeito estufa e direitos de consultas a todas as leis que envolvam interesses das populações nativas do país.
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