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Eclipse total afeta comportamento dos animais e aquece turismo na América do Norte

Um eclipse solar total será visível nesta segunda-feira (8) por boa parte da América do Norte, na costa Atlântica. O fenômeno poderá ser admirado do México até o norte do Canadá. O episódio celeste deve atrair a atenção de milhões de pessoas, entre eles muitos cientistas, que pretendem coletar dados sobre sua influência na Terra, inclusive no comportamento dos animais.

População da costa Atlântica no Canadá, Estados Unidos e México (foto) se preparam para admirar o eclipse total.
População da costa Atlântica no Canadá, Estados Unidos e México (foto) se preparam para admirar o eclipse total. AP - Fernando Llano
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Os eclipses totais são raros e representam “uma oportunidade científica incrível”, ressaltou Pam Melroy, uma das administradoras da Nasa. Quando a Lua cobrir completamente o disco central do Sol, a camada externa da sua atmosfera, chamada coroa solar, será visível “de uma forma muito especial”, explicou. No entanto, esta é uma área “que ainda não compreendemos totalmente”, disse a cientista.

A Nasa lança três pequenos foguetes antes, durante e logo após o eclipse na Virgínia, leste dos Estados Unidos. O objetivo da operação é medir as mudanças causadas pela escuridão na parte superior da atmosfera terrestre. Essa zona, chamada de ionosfera, por onde passa grande parte dos sinais de comunicação, é afetada pelo Sol, já que suas partículas são carregadas de eletricidade sob a sua radiação durante o dia. “Perturbações nesta camada podem causar problemas no nosso GPS”, disse Kelly Korreck, que também é funcionária da Nasa.

A coroa solar, a camada externa da atmosfera do Sol, torna-se especialmente visível durante um eclipse e é onde ocorrem as explosões solares. Os pesquisadores estão particularmente entusiasmados com o fato de o Sol estar perto do auge de sua atividade, que funciona em ciclos de 11 anos, o que pode contribuir para as análises.

Aves podem migrar mais

Os eclipses causam comportamentos surpreendentes nos animais: girafas foram vistas, por exemplo, galopando, enquanto galos começaram a cantar em episódios passados. Além da alteração na luminosidade, o fenômeno também provoca queda nas temperaturas e uma diminuição momentânea nos ventos, aos quais os animais são sensíveis.

Andrew Farnsworth, pesquisador do Laboratório de Ornitologia da Universidade Cornell, estuda o efeito do fenômeno celeste nas aves. Ele explica que durante o eclipse anterior nos Estados Unidos, em agosto de 2017, os pesquisadores observaram “uma queda no número de animais voadores”.

Neste ano, pesquisadores apontam que aves poderão migrar mais devido ao fenômeno celeste. Estes estudos são “importantes para compreender a forma como os animais percebem o mundo”, sublinha o especialista.

Eclipse é tema de festivais e casamentos coletivos

Além do interesse científico, o eclipse virou motivo para festivais e festas de observação ao longo dos territórios onde o fenômeno poderá ser observado.

Muitas regiões também serão beneficiadas com a chegada de turistas. "Temos pessoas dos 50 estados, até do Alasca e do Havaí. Há turistas da Holanda, Finlândia, Alemanha, Israel, Nova Zelândia", diz Jennyth Peterson, funcionária do parque Stonehenge II em Ingram, Texas.

Em Burlington, Vermont, a população poderá dobrar em um dia, segundo autoridades locais. Em Russellville, Arkansas, 300 casais celebrarão uma grande cerimônia de casamento. "A Total Eclipse of the Heart", dizem os organizadores, em alusão à famosa canção de Bonnie Tyler.

Muitos hotéis estão lotados há meses, com preços altíssimos, e são esperados engarrafamentos, como no último eclipse total nos Estados Unidos, em 2017. Muitas escolas fecharão ou permitirão que os alunos saiam mais cedo.

Engarrafamentos são esperados nas estradas dos Estados Unidos por causa do eclipse total.
Engarrafamentos são esperados nas estradas dos Estados Unidos por causa do eclipse total. AP - Charles Rex Arbogast

O eclipse também poderá ser admirado do ar: algumas companhias aéreas planejaram voos na escuridão, cujas passagens estão esgotadas.

A região das Cataratas do Niagara chegou a declarar "estado de emergência" para controlar o fluxo de visitantes. A mesma medida foi tomada no Texas.

Óculos especiais para evitar lesões

Os eclipses totais ocorrem quando a Lua se localiza exatamente entre a Terra e o Sol, bloqueando temporariamente a luz do grande astro em pleno dia. O Sol é cerca de 400 vezes maior que a Lua, mas também está 400 vezes mais distante, então vistos da terra ambos parecem ter tamanhos semelhantes.

O evento deve ser visível primeiro na costa oeste do México, a partir das 18h07 GMT (15h07 em Brasília). Cruzará então 15 estados americanos, do Texas ao Maine, antes de terminar no leste do Canadá.

As autoridades americanas orientam sobre segurança há semanas, em particular a necessidade de usar óculos especiais para evitar lesões oculares.

A Nasa transmitirá um vídeo ao vivo filmado a partir de vários locais, apresentando imagens de telescópios e comentários de especialistas.

O próximo eclipse total visível nos Estados Unidos (excluindo o Alasca) ocorrerá em 2044. Antes disso, um eclipse total ocorrerá na Espanha em 2026.

(Com informações da AFP)

 

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