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Lula e líderes caribenhos buscam soluções para o Haiti, 'imerso em espiral de insegurança'

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta quarta-feira (28) que é preciso "agir com rapidez" no Haiti, durante sua participação na cúpula da Comunidade do Caribe (Caricom), onde foram anunciados acordos políticos sobre o país mais pobre da região, assolado pela violência.

Presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, participa de evento com chefes de Governo da Comunidade do Caribe - CARICOM, em Georgetown, Guiana.
Presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, participa de evento com chefes de Governo da Comunidade do Caribe - CARICOM, em Georgetown, Guiana. © Ricardo Stuckert/PR
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O Haiti enfrenta uma crise humanitária crônica, agravada pelo terror semeado pelas gangues que controlam porções inteiras de seu território e, nos últimos dias, por protestos exigindo a saída do primeiro-ministro Ariel Henry.

Em um discurso ao plenário da cúpula em Georgetown, capital da Guiana, o presidente brasileiro declarou que é “preciso agir com rapidez para aliviar o sofrimento de uma população dilacerada pela tragédia”.

"Infelizmente, a comunidade internacional não deu ouvidos quando o Brasil alertou que o esforço de estabilização só seria sustentável com o apoio maciço ao desenvolvimento e ao fortalecimento institucional do país”, argumentou. "Hoje, o Haiti – primeira nação independente do Caribe e primeiro país a abolir a escravidão no hemisfério ocidental – se vê novamente imerso em uma espiral de insegurança e instabilidade. Escutar a voz da região, portanto, é imprescindível.”

Atraso na sucessão do poder

O primeiro-ministro de Antígua e Barbuda, Gaston Browne, havia afirmado mais cedo que Henry aceitou "compartilhar o poder" com a oposição, como parte de um acordo que abre caminho para eleições dentro de um ano.

Henry governa o Haiti desde a morte do presidente Jovenel Moïse, em 7 de julho de 2021. Segundo o acordo assinado então, ele deveria entregar o poder em 7 de fevereiro deste ano.

"Avançamos muito", disse Browne aos jornalistas. Ele contou que durante uma "sessão difícil" com outros líderes da Caricom, "Henry se comprometeu a servir como um intermediário honesto e a compartilhar o poder".

Não é a primeira vez que o primeiro-ministro haitiano faz uma promessa desse tipo. A última vez foi em 1º de janeiro, durante um discurso por ocasião do 220º aniversário da independência do Haiti, mas o compromisso não se concretizou, apesar de várias tentativas de mediação.

"A oposição está se unindo [...] e só falta o governo se organizar, se reunir e concretizar os detalhes. Tenho bastante certeza de que [um acordo] poderá ser alcançado em um curto período de tempo", declarou Browne. "Não se trata apenas de ter um grupo provisório de partilha de poder para governar o Haiti, mas sim das questões de fortalecimento institucional, restauração da máquina eleitoral, das instituições democráticas e, ao mesmo tempo, fixar uma data firme, possivelmente dentro dos próximos 12 meses, para as eleições presidenciais", acrescentou.

Envio de tropas

A cúpula da Caricom, reunida desde domingo (25) e encerrada nesta quarta, expressou preocupação com a situação do Haiti e está buscando fazer um "esforço coletivo" para apoiar o país, de acordo com o presidente da Guiana, Irfaan Ali.

"Estão sendo gastos muitos recursos em treinamento e facilitação de treinamento, recrutamento", apontou Ali, lembrando que parceiros internacionais buscam "impulsionar transferências de dinheiro para apoiar as forças multinacionais" que atuarão no país.

A chegada dessas forças servirá para ajudar a combater as gangues. O Conselho de Segurança da ONU aprovou em outubro passado uma missão que deveria ser liderada pelo Quênia, mas que enfrentou obstáculos judiciais em Nairóbi.

O Benin anunciou na terça-feira (27) que enviará inicialmente 2 mil soldados ao país caribenho, como parte dessa missão.

Browne considerou que Estados Unidos, França e Canadá deveriam ter "uma obrigação moral mínima de fornecer liderança na resolução desta questão e não permitir que um grupo de países em desenvolvimento suporte todo o sacrifício da perda de vidas".

Com informações da AFP 

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