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Foguete americano privado decola com sucesso levando cinzas humanas à Lua

O foguete Vulcan Centaur do grupo industrial ULA, que reúne Boeing e Lockheed Martin, foi lançado com sucesso de Cabo Canaveral, na Flórida, decolando às 2h18 locais (4h18 no horário de Brasília) desta segunda-feira (08). O foguete, desta vez desenvolvido por uma empresa privada, é o primeiro dispositivo americano a tentar pousar na Lua em mais de 50 anos.

A decolagem do Vulcan Centaur, em Cabo Canaveral, na Flórida, aconteceu na madrugada desta segunda-feira.
A decolagem do Vulcan Centaur, em Cabo Canaveral, na Flórida, aconteceu na madrugada desta segunda-feira. AFP - GREGG NEWTON
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A separação do lançador e da espaçonave lunar após cerca de 48 minutos sem incidentes, considerada um marco importante para a empresa privada, foi aplaudida pelos técnicos que acompanharam ao vivo a transmissão do lançamento pela NASA.

O CEO da ULA, Tony Bruno, disse que estava “animado”. "Foram anos de trabalho árduo (...) Até agora foi uma missão maravilhosa de volta à Lua", acrescentou.

Um lançamento “impecável”, avaliou Eric Monda, diretor de planejamento estratégico da ULA. “Foi tão bom que corri para fora para assistir”, disse ele.

O módulo de aterrissagem a bordo, denominado Peregrine, foi desenvolvido pela startup Astrobotic, com o apoio da NASA. O contrato da agência americana com a empresa para transportar equipamentos científicos para a Lua é de US$ 108 milhões.

O lançamento deverá inaugurar uma série de missões apoiadas pela NASA, que deseja contar em parte com o setor privado para as suas ambições lunares.

Se a Astrobotic conseguir pousar na Lua, conforme planejado, em 23 de fevereiro, a ULA pode se tornar a primeira empresa a conseguir esse feito. Nos últimos anos, empresas israelenses e japonesas tentaram aterrissar na Lua, mas estas missões terminaram em acidentes.

“Liderar o retorno da América à superfície da Lua, pela primeira vez desde a Apollo, é uma honra tremenda”, disse o chefe da Astrobotic, John Thornton, em entrevista coletiva na sexta-feira (05). No entanto, ele disse estar ciente da dificuldade da tarefa e dos riscos de fracasso.

Após a separação entre o lançador e a nave lunar, a Astrobotic deve ligar o foguete Vulcan Centaur e tentar estabelecer comunicação. Se tudo correr bem, o módulo de aterrissagem continuará a sua rota em direção ao satélite natural. Uma vez na órbita lunar, a sonda vai esperar até que as condições de iluminação sejam adequadas para tentar pousar. O local de pouso está localizado no lado visível da Lua, perto de montes misteriosos formados por lava, mas que os cientistas têm dificuldades para explicar.

Graças aos instrumentos enviados, a NASA deverá estudar a composição da superfície lunar, bem como os sinais de radiação.

Cinzas humanas

Essa missão também gerou polêmica por carregar cinzas ou DNA de dezenas de pessoas, inclusive do criador da popular série televisiva de ficção científica Star Trek, Gene Roddenberry, no âmbito de uma parceria com a empresa Celestis, especializada em “voos espaciais comemorativos”.

O envio destas cinzas para a Lua gerou protestos da tribo indígena Navajo, que denunciou a "profanação de um lugar sagrado" para "muitas culturas nativas americanas", sem, no entanto, obter o cancelamento do lançamento.

O Vulcan Centaur, que estava sendo desenvolvido há cerca de 10 anos, representa “o futuro da empresa”, sublinhou Mark Peller, vice-presidente do grupo ULA.

O foguete, que mede cerca de 60 metros de altura, deve competir com a SpaceX, com decolagens mais acessíveis.

A ULA, que planeja seis lançamentos do Vulcan Centaur este ano, quer recuperar seus motores após cada voo para aumentar ainda mais a rentabilidade de suas atividades.

Economia lunar

Mesmo a NASA não estando no centro desta missão, o lançamento representa um grande passo para encorajar o desenvolvimento de uma economia lunar.

A agência americana assinou contrato com diversas empresas, incluindo a Astrobotic, para enviar equipamentos científicos à Lua. 

Outra empresa selecionada, a Intuitive Machines, também tem lançamento programado para o satélite da Terra em meados de fevereiro com um foguete SpaceX.

Esta nova estratégia deverá permitir à NASA “fazer viagens com mais frequência, de forma mais rápida e mais barata”, explicou Joel Kearns, um alto funcionário da agência espacial.

Estas missões de estudo do ambiente lunar deverão preparar o regresso dos astronautas à Lua, planejado pelo programa Artemis, da NASA.

Até o momento, apenas os Estados Unidos, a Rússia, a China e a Índia pousaram com sucesso na Lua. Uma missão da agência espacial japonesa (Jaxa) também deve tentar pousar no satélite dentro de cerca de duas semanas. A Rússia, por sua vez, perdeu um pouso na Lua neste verão.

(Com informações da AFP)

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