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Guatemala vai às urnas em eleições presidenciais marcadas por acusações de fraudes

Os guatemaltecos escolhem no domingo (20) seu próximo presidente entre dois social-democratas, ao final de uma campanha dominada por ataques ao favorito nas pesquisas, o inesperado Bernardo Arevalo, que prometeu combater a corrupção, e as dúvidas sobre a justiça do voto lançadas por sua rival Sandra Torres.


O candidato presidencial Bernardo Arévalo, do Movimento Semilla, vai comemorar com simpatizantes na Plaza de la Constitución na Cidade da Guatemala, em 26 de junho de 2023.
O candidato presidencial Bernardo Arévalo, do Movimento Semilla, vai comemorar com simpatizantes na Plaza de la Constitución na Cidade da Guatemala, em 26 de junho de 2023. AP - Moises Castillo
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Bernardo Arevalo, 64 anos, filho do primeiro presidente democraticamente eleito do país, Juan José Arevalo (1945-1951), prometeu seguir os passos do pai para melhorar a educação, combater a violência, a pobreza e combater a corrupção.

“Há anos somos vítimas, presas de políticos corruptos”, disse ao encerrar sua campanha. "Votar é dizer claramente que é o povo guatemalteco que governa este país, e não os corruptos".

Sandra Torres, 67 anos, ex-esposa do ex-presidente de esquerda Álvaro Colom (2008-2012), candidata três vezes à Presidência, concentrou sua campanha no combate às quadrilhas criminosas e à pobreza, graças à ajuda alimentar e a programas de treinamento.

Segundo pesquisa de quarta-feira (16), Bernardo Arevalo, sociólogo e ex-diplomata, teria 50% das intenções de voto, à frente de Torres, comunicadora e empresária, com 32%.

Reta Final

Na reta final, Torres disse "questionar esse processo eleitoral", dizendo que estava "preocupada com qualquer alteração dos dados" da apuração dos votos pelos mandatários do Tribunal Superior Eleitoral do país.

Seja quem for, o vencedor colocará fim a 12 anos de governos de direita, incluindo o de Alejandro Giammattei, que está de saída, após quatro anos de mandato não renovável marcado pela repressão contra magistrados e jornalistas que denunciaram a corrupção.

"Na Guatemala, Bernardo Arevalo é apresentado como a opção de mudança política" contra Sandra Torres que "assume uma posição de defesa do sistema tradicional das últimas décadas", sublinha à AFP Arturo Matute, chefe do Instituto de Gobernalisis da Guatemala.

"Se isso se confirmar nas urnas e a eleição não for 'maculada por fraudes', será uma grande esperança para uma reconstrução institucional democrática e transparente", estimou à AFP Francisco Rojas, reitor da Universidade para a Paz.

A candidata da União Nacional da Esperança da Guatemala e ex-primeira-dama (2008-2011) Sandra Torres chega à sede de seu partido na Cidade da Guatemala em 25 de junho de 2023.
A candidata da União Nacional da Esperança da Guatemala e ex-primeira-dama (2008-2011) Sandra Torres chega à sede de seu partido na Cidade da Guatemala em 25 de junho de 2023. AFP - LUIS ACOSTA

 

Acusações contra Arevalo

Embora ambos os candidatos sejam de centro-esquerda, o Ministério Público intensificou o processo contra Bernardo Arevalo, levantando suspeitas contra as elites guatemaltecas, que o veem como um perigo para seus interesses desde sua espetacular vitória em 25 de junho no primeiro turno da eleição.

O conselho do Ministério Público, um juiz determinou a suspensão de seu partido, por supostas irregularidades durante sua criação em 2017. O Tribunal Constitucional tinha suspendido esta decisão, mas os serviços da Procuradoria-Geral da República efetuaram buscas à sede do partido em julho.

Na sexta-feira, a Suprema Corte anulou essa ordem de suspensão. “O tribunal aceitou por unanimidade o recurso do partido político Semilla, o que torna ineficaz sua suspensão”, disse o porta-voz da Suprema Corte, Rudy Esquivel, a repórteres.

Esquivel disse à AFP que esta decisão garante "a participação de Semilla no processo de segundo turno (eleitoral)".

Na quinta-feira, o procurador Rafael Curruchiche, sancionado por "corrupção" por Washington, anunciou possíveis detenções de dirigentes do Semilla, não excluindo "reides, mandados de detenção, pedidos de levantamento de imunidade após 20 de agosto".

A comunidade internacional e os analistas consideram as ações do Ministério Público como uma tentativa de retirar o Sr. Arevalo das urnas.

O chefe do Departamento de Estado dos EUA para a América Latina pediu na sexta-feira uma votação "como parte de um processo livre, justo, transparente e pacífico". “O verdadeiro poder da democracia está em respeitar a vontade do povo”, disse Brian Nichols no X (ex-Twitter).

Três décadas após o fim de sua brutal guerra civil, o país mais populoso da América Central está atolado em pobreza, violência e corrupção, levando milhares de guatemaltecos a emigrar todos os anos. Dez dos 17,6 milhões de habitantes do país vivem abaixo da linha da pobreza, segundo estatísticas oficiais.  O novo presidente tomará posse em 14 de janeiro de 2024.

(Com AFP)

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