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População civil colombiana está no centro da nova rodada de negociações com ELN

Os guerrilheiros do ELN e o governo da Colômbia, que realizaram a quarta rodada de negociações na capital da Venezuela na segunda-feira (14), querem manter o cessar-fogo, que vigora há seis meses, para permitir a chegada de ajuda humanitária às áreas afetadas pelo conflito.

Segundo informações oficiais, a guerrilha ELN conta com mais de 2.000 membros.
Segundo informações oficiais, a guerrilha ELN conta com mais de 2.000 membros. REUTERS/Federico Rios
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"Estamos chegando a esta quarta rodada, aqui em Caracas, em um momento inédito, uma ocasião que chamamos de salto de qualidade para esta mesa de negociações. E, por quê? Porque já estamos prestes a implementar um acordo de cessar-fogo bilateral, que deve terminar em fevereiro, e que conta com um órgão de monitoramento e verificação muito robusto, liderado pelas Nações Unidas e pela Igreja colombiana", assegurou Pablo Beltrán, chefe do ELN, à RFI.

Isso inclui a melhoria das condições de vida das populações civis em zonas de conflito. "Que este ciclo seja o das pessoas, dos que vivem nos territórios mais afetados pelo abandono e pela violência", defendeu o principal mediador e representante do governo colombiano, Otty Patino.

"É muito importante que medidas de socorro possam ser tomadas para as comunidades afetadas por este conflito armado. Acho que se torna um objetivo humanitário, um objetivo inadiável, imperativo (...) para reduzir os efeitos do conflito armado em todas as comunidades", disse a vice-presidente venezuelana Delcy Rodriguez, presente na abertura das negociações.

Iniciado em 2017 em Cuba, o diálogo foi interrompido pelo presidente conservador Ivan Duque (2018-2022), após um atentado com carro-bomba em janeiro de 2019 contra uma escola de polícia que deixou 22 mortos. As negociações foram retomadas em novembro de 2022 como parte de um plano de paz abrangente, lançado pelo recém-eleito presidente Gustavo Petro.

Durante a última rodada de negociações realizada em Havana, as partes concordaram com um cessar-fogo bilateral por um período de seis meses, que entrou em vigor em 3 de agosto.

As negociações, no entanto, foram prejudicadas por uma denúncia do Ministério Público colombiano sobre um suposto plano de assassinato do chefe do órgão. A delegação do ELN negou a acusação, afirmando tratar-se de uma tentativa de sabotar as negociações.

Cessar-fogo mantido e população cautelosa

Apesar de tudo, o cessar-fogo bilateral de seis meses continua. Foram criadas comissões para acompanhar e avaliar o bom funcionamento da trégua, o que deve permitir diminuir as tensões e ajudar a abrir o diálogo para o fim definitivo do conflito armado.

"Aspiramos que, com a boa vontade de cumprir e com o monitoramento do mecanismo de verificação, incidentes possam ser evitados e os que ocorrerem possam ser resolvidos, para chegar a fevereiro com um cessar-fogo satisfatório na Colômbia", reafirmou Pablo Beltrán durante as negociações. 

É o que espera o presidente de esquerda Gustavo Petro, que aposta toda a sua estratégia de paz no sucesso dessas negociações com os últimos guerrilheiros ativos no país. O ELN ainda teria milhares de homens e sua luta armada já dura quase 60 anos. 

Mas os colombianos estão cautelosos. Nas ruas de Medellín, as conversas sobre negociações com o ELN são discretas. A população sabe que o caminho será longo, mas a maioria quer acreditar.

(Com informações da AFP)

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