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Negociações de trégua entre Israel e Hamas não avançam e ONU implora por cessar-fogo

O secretário-geral da ONU, António Guterres, voltou a pedir, neste domingo (24), que "Israel remova os últimos obstáculos à ajuda humanitária" para a Faixa de Gaza, e estabeleça um "cessar-fogo imediato" com o Hamas.   

O secretário-geral da ONU, António Guterres, durante um discurso em Rafah, na fronteira com o Egito no sábado (23).
O secretário-geral da ONU, António Guterres, durante um discurso em Rafah, na fronteira com o Egito no sábado (23). AP - Amr Nabil
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“Parece que os Quatro Cavaleiros do Apocalipse estão galopando em Gaza, semeando guerra, fome, conquista e morte", disse Guterres em uma entrevista coletiva conjunta com o ministro das Relações Exteriores egípcio, Sameh Shoukry. "O mundo inteiro acha que é hora de silenciar as armas e colocar em prática um cessar-fogo imediato", acrescentou.  

Guterres se reuniu mais cedo, no domingo, com o presidente egípcio, Abdel Fattah al-Sisi. Ele estava acompanhado do chefe da agência da ONU para refugiados palestinos (UNRWA), Philippe Lazzarini.  

Os bombardeios no enclave palestino mataram 84 pessoas em 24 horas, de acordo com o Ministério da Saúde do Hamas, incluindo na cidade de Gaza, no norte; e Khan Younis e Rafah, no sul. O secretário-geral da ONU já havia denunciado, no sábado (23), a "dor" dos habitantes de Gaza.

Segundo ele, os civis são prisioneiros de "um pesadelo sem fim". Israel impõe um cerco total a Gaza desde 9 de outubro e controla a ajuda humanitária que chega do Egito.

De acordo com a ONU, esses controles reduzem o número de caminhões que entram no território palestino. "De um lado da fronteira, há dezenas de caminhões que carregam a ajuda e estão estacionados. Do outro acontece uma catástrofe humanitária que piora a cada dia que passa", disse Guterres.   

O representante da ONU também ressaltou o "papel político e humanitário vital do Egito com o aeroporto de Al-Arish e a travessia de Rafah, essenciais para a entrada de ajuda em Gaza".  

Por ser o primeiro Estado árabe a reconhecer Israel, o Egito é um mediador tradicional entre israelenses e palestinos. Ao lado do Catar, o país contribuiu para estabelecer a trégua que levou à libertação de reféns e prisioneiros palestinos no final de novembro.

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Trégua continua incerta

Os chefes dos serviços de inteligência dos Estados Unidos e de Israel deixaram Doha após uma nova rodada de negociações sobre uma trégua na Faixa de Gaza, neste domingo. 

O representante da CIA, Bill Burns, e do Mossad, David Barnea, deixaram a capital do Catar na noite de sábado "para informar suas respectivas equipes em seus países sobre as negociações", disse uma fonte à AFP. As conversas "se concentraram em detalhes e na proporção para a troca de reféns e prisioneiros". As equipes técnicas permanecem em Doha.  

Os países mediadores - Estados Unidos, Catar e Egito - estão envolvidos há semanas em negociações sobre uma trégua, após cinco meses e meio de guerra entre Israel e o movimento Hamas.

Israel anunciou na quinta-feira (21) que o chefe do Mossad viajaria para Doha para se reunir com o chefe da CIA, o primeiro-ministro do Catar e o chefe dos serviços de inteligência do Egito.

Esta foi sua segunda visita em uma semana, depois da retomada das negociações após o fracasso das discussões, que visavam garantir um cessar-fogo antes do mês de jejum do Ramadã.  

EUA aumentam a pressão

O ministro da Defesa israelense, Yoav Gallant, também é esperado em Washington no domingo. Os Estados Unidos aumentam a pressão sobre Israel para obter um cessar-fogo que permitiria a libertação de reféns e a entrada de mais ajuda humanitária em Gaza.   

A visita de Gallant ocorre após o mais recente giro do secretário de Estado americano, Anthony Blinken, pelo Oriente Médio, durante a qual ele alertou que uma ofensiva israelense na cidade de Rafah, arriscaria "isolar ainda mais Israel globalmente".

Os EUA pedem a Israel que suspenda as operações na cidade, onde, segundo a ONU, quase 1,5 milhão de palestinos, a maioria deles deslocados pela guerra, estão refugiados.   

O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, disse que uma ofensiva terrestre é necessária para alcançar a "vitória total" contra o Hamas. No sábado, um líder do Hamas disse que havia "profundas diferenças" com Israel nas negociações, incluindo o cessar-fogo, o retorno total dos deslocados e o tratamento da ajuda humanitária.

A guerra na Faixa de Gaza teve início em 7 de outubro, após um ataque sem precedentes do Hamas em Israel, que matou cerca de 1.160 pessoas no país, a maioria civis, de acordo com uma contagem da AFP baseada em números oficiais.   

De acordo com o governo israelense, cerca de 250 pessoas foram sequestradas e 130 delas ainda estão sendo mantidas como reféns em Gaza e 33 são dadas como mortas.  

Segundo o Hamas, a ofensiva do Exército israelense já deixou 32.226 mortos no território palestino desde 7 de outubro.

(Com informações da AFP)

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