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Secretário-geral da ONU pede trégua para pôr fim ao "pesadelo" em Gaza

O secretário-geral da ONU, António Guterres, em visita à Faixa de Gaza, voltou a apelar, neste sábado (23), a um cessar-fogo entre Israel e o Hamas, para pôr fim ao “pesadelo” no território palestino que sofre ainda com a fome.

O secretário-geral da ONU, António Guterres, visita a Faixa de Gaza enquanto as tropas israelenses se preparam para uma operação de evacuação.
O secretário-geral da ONU, António Guterres, visita a Faixa de Gaza enquanto as tropas israelenses se preparam para uma operação de evacuação. REUTERS - Mohamed Abd El Ghany
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Depois de cinco meses e meio de uma guerra devastadora na Faixa de Gaza, que mergulhou o enclave em uma situação humanitária catastrófica, Guterres foi ao lado egípcio da cidade fronteiriça de Rafah, onde disse ter vindo chamar a atenção para a “dor” dos habitantes de Gaza, prisioneiros de “um pesadelo sem fim”.

"Nada justifica os ataques horríveis do Hamas em 7 de outubro. E nada justifica o castigo coletivo sofrido pelo povo palestino. Agora, mais do que nunca, é hora de um cessar-fogo humanitário imediato", afirmou.

Não há trégua nos confrontos em toda a Faixa de Gaza, especialmente dentro e ao redor do hospital al-Chifa, na cidade de Gaza, no Norte, onde o exército israelense iniciou uma operação na segunda-feira com dezenas de veículos blindados com base em informações que indicam, segundo as forças armadas, que o hospital era usado por "terroristas de alto escalão do Hamas".

O exército afirmou ainda, no sábado, ter matado mais de 170 combatentes palestinos e prendido centenas de suspeitos.

Em Rafah (sul), um bombardeio noturno israelense contra uma casa matou uma avó, Nadia Kawareh, de 65 anos, e quatro de seus netos com idades entre 3 e 12 anos, segundo parentes e o Ministério da Saúde, que também relatou 14 feridos.

“A casa inteira foi destruída”, disse Fawzy Kawareh, membro da família, que disse que outras pessoas ainda estavam presas sob os escombros.

“Liberte-nos desta vida”

Na manhã de sábado, o Ministério da Saúde do Hamas relatou 67 mortes durante a noite em todo o território.

"Já estamos fartos. Jogue uma bomba sobre nós e liberte-nos desta vida (...) Nenhum ser humano poderia suportar o que está acontecendo conosco", disse Turkiya Barbakh, próximo às vítimas dos ataques, chorando.

A guerra eclodiu em 7 de outubro, quando comandos do Hamas infiltrados a partir de Gaza realizaram um ataque sem precedentes no sul de Israel, que resultou na morte de pelo menos 1.160 pessoas, principalmente civis, segundo uma contagem da AFP estabelecida a partir de dados oficiais israelenses.

Segundo Israel, cerca de 250 pessoas foram sequestradas e 130 delas ainda são reféns em Gaza, das quais 33 teriam morrido.

Em retaliação, Israel prometeu destruir o Hamas, no poder em Gaza desde 2007, que considera uma organização terrorista juntamente com os Estados Unidos e a União Europeia.

O exército israelense lançou uma ofensiva que deixou 32.142 mortos em Gaza, a maioria deles civis, de acordo com o último relatório do Ministério da Saúde do Hamas.

Em Rafah, o chefe da ONU apelou a Israel para que assuma um “compromisso sólido” para facilitar a entrada de ajuda humanitária na Faixa de Gaza.

“Liberte todos os reféns”

"No espírito de compaixão do Ramadã (o mês sagrado muçulmano), é hora de libertar imediatamente todos os reféns” em Gaza, disse ele também.

Além da dramática situação humanitária na Faixa de Gaza, ameaçada pela fome segundo a ONU, existem preocupações crescentes sobre uma possível ofensiva terrestre israelense em Rafah, onde 1,5 milhão de palestinos estão amontoados.

A questão esteve no centro das discussões na sexta-feira (22) em Tel Aviv entre o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, e o chefe da diplomacia americana, Antony Blinken, que discordam sobre como enfraquecer militarmente o Hamas.

Netanyahu informou ao responsável americano que Israel pretendia levar a cabo uma ofensiva em Rafah, o "último reduto" do Hamas, mesmo que os Estados Unidos não a apoiassem.

Pouco depois, Blinken disse que tal operação “arrisca matar mais civis (...), isolando ainda mais Israel globalmente e pondo em perigo a sua segurança a longo prazo”.

O secretário de Estado completou na sexta-feira uma nova viagem pela região, que o levou ao Egito e à Arábia Saudita, para tentar também aumentar a ajuda humanitária na Faixa de Gaza e apoiar as negociações no Catar com vista a uma trégua.

Veto na ONU

Entretanto, na ONU, um projeto de resolução ao Conselho de Segurança, apresentado pelos Estados Unidos, não foi adotado na sexta-feira devido aos vetos russos e chineses.

Desde o início da guerra, os Estados Unidos opuseram-se à utilização do termo “cessar-fogo” nas resoluções da ONU, bloqueando três textos nesse sentido.

Decidiram finalmente submeter à votação este novo texto que mencionava “a necessidade de um cessar-fogo imediato e duradouro”, mas a Rússia e a China criticaram uma formulação ambígua que não apelava diretamente à uma trégua.

Uma nova votação de um novo projeto de resolução que exige um cessar-fogo “imediato”, preparada por oito dos dez membros não permanentes do Conselho, está marcada para segunda-feira (25).

Israel impôs um cerco total ao território palestino desde o início da guerra e controla estritamente a ajuda que chega principalmente do Egito através de Rafah. No entanto, estes controles têm o efeito, segundo a ONU, de reduzir o número de caminhões que entram no território.

Para aliviar a população, vários países estão organizando entregas aéreas de alimentos e abriram um corredor marítimo de Chipre a Gaza. Mas a ajuda continua a ser insuficiente para satisfazer as necessidades dos 2,4 milhões de habitantes.

(Com informações da AFP)

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