Acessar o conteúdo principal

Eleição presidencial é encerrada na Rússia; viúva de Navalny afirma ter ‘votado’ no falecido marido

Neste domingo (17), último dia das eleições presidenciais russas, as seções eleitorais encerraram no fim do dia em Moscou. O enclave russo de Kaliningrado, no mar Báltico, foi o último a encerrar as urnas da eleição, que começou na sexta-feira (15). Ainda neste domingo, os resultados iniciais e uma pesquisa de boca-de-urna deverão ser divulgados. 

Yulia Navalnaya, viúva de Alexei Navalny, na fila com outros eleitores em uma seção eleitoral perto da embaixada russa em Berlim, depois do meio-dia, horário local, no domingo, 17 de março de 2024.
Yulia Navalnaya, viúva de Alexei Navalny, na fila com outros eleitores em uma seção eleitoral perto da embaixada russa em Berlim, depois do meio-dia, horário local, no domingo, 17 de março de 2024. AP - Ebrahim Noroozi
Publicidade

A eleição aparentemente deve consagrar o triunfo de Vladimir Putin em mais uma reeleição, apesar da repressão, da morte do oponente Alexei Navalny e dos ataques à Ucrânia que formam o pano de fundo da disputa eleitoral. Sem nenhum candidato forte em oposição, os detratores do presidente russo, que está à frente do país há 24 anos, quiseram mostrar seu apoio votando ao mesmo tempo, ao meio-dia deste domingo.

Em algumas partes de Moscou, grandes multidões eram visíveis, como observaram os jornalistas da AFP. "Vim para mostrar que somos muitos, que existimos", disse Artiom Minassian, um estudante de 19 anos.

No distrito de Marino, em Moscou, algumas dezenas prestaram homenagem ao túmulo do oponente, enterrado na vizinhança. No cemitério, dezenas de pessoas passaram, colocando flores frescas no túmulo, bem como cédulas de votação nas quais o nome de Navalny havia sido acrescentado.

De modo geral, a mobilização foi pacífica, mas a ONG OVD-Info registrou pelo menos 80 prisões por várias formas de protesto eleitoral.

Navalnaya em Berlim

Yulia Navalnaya disse no domingo que havia escrito o sobrenome de seu falecido marido, Alexei Navalny, em sua cédula de votação para a eleição presidencial russa, depois de convocar os partidários da oposição a fazerem o mesmo para protestar contra Vladimir Putin.

"É claro que escrevi o nome 'Navalny' porque não é possível (...) que, um mês antes das eleições, o principal oponente de Putin, que já estava na prisão, seja morto", disse ela à imprensa após votar na embaixada russa em Berlim. Quando ela entrou, seus partidários cantaram "Yulia, Yulia, estamos com você", observou a reportagem da AFP, acrescentando que a viúva foi aplaudida por seus partidários.

A esposa do falecido, que lançou a convocação para votar ao meio-dia, fez fila durante toda a tarde na capital alemã. Ela foi cercada por pessoas que seguravam cartazes com os dizeres "No Putin, No War" (Sem Putin, Sem Guerra), "Russia without Putin" (Rússia sem Putin) e "Putin is a killer" (Putin é um assassino).

Leia tambémRussos atendem convocação de viúva de Navalny e homenageiam opositor no último dia da eleição presidencial

Demonstrações ao redor do mundo

Em frente a várias embaixadas russas em todo o mundo, enormes filas se formaram na hora marcada. As multidões eram particularmente grandes em Berlim, Londres e Paris, onde dezenas de milhares de russos fugiram para o exílio como resultado da repressão e da mobilização militar desde o início do ataque russo à Ucrânia em 2022.

Leonid Volkov, um ex-parceiro próximo de Navalny, agradeceu à multidão: "O mundo viu vocês. A Rússia não é Putin, a Rússia é você", disse ele no X.

A porta-voz da diplomacia russa, Maria Zakharova, disse que os eleitores que se aglomeraram nas embaixadas não eram partidários da oposição, mas russos que tinham ido votar "apesar de todas as ameaças do Ocidente".

No entanto, os protestos não terão qualquer influência sobre o resultado muito previsível da votação. As estimativas iniciais e os resultados de uma pesquisa realizada por um instituto estatal, o Vtsiom, devem ser conhecidos logo após o fechamento das últimas seções eleitorais.

O presidente Putin, de 71 anos, está enfrentando três candidatos escolhidos a dedo, sem nenhuma chance de ameaça real. A oposição foi dizimada por anos de repressão, que se acelerou com o conflito na Ucrânia e culminou com a morte, em circunstâncias obscuras, de Alexei Navalny em uma prisão no Ártico em meados de fevereiro.

Putin defende a "unidade"

Apesar dos ataques trocados entre Moscou e Kiev, de um prolongado conflito mortal e de liberdades cada vez mais restritas, o chefe do Kremlin pode contar com uma popularidade real e quer mostrar que o país está unido a ele.

"Precisamos confirmar nossa unidade", insistiu ele na quinta-feira, pois vê o país como alvo de uma guerra arquitetada pelo Ocidente.

Uma opinião compartilhada por muitos de seus compatriotas. "As ações infligidas a nós pelo Ocidente só servem para unir ainda mais o povo russo", jurou à AFP Lioubov Piankova, uma aposentada de 70 anos de São Petersburgo, cidade natal do chefe de Estado.

No final da tarde em Moscou, a participação nacional havia subido para 73,33%, um recorde de acordo com os números oficiais.

Com relação à Ucrânia, onde o conflito provavelmente custou a vida de dezenas de milhares de soldados russos, o Kremlin está se esforçando para apresentar as vitórias recentes de forma triunfal, embora em escala limitada.

Durante toda a semana, o exército também teve que repelir incursões armadas reivindicadas por unidades anti-Putin que alegavam ser compostas por russos e que tinham como objetivo atrapalhar a votação.

(Com informações da AFP)

NewsletterReceba a newsletter diária RFI: noticiários, reportagens, entrevistas, análises, perfis, emissões, programas.

Acompanhe todas as notícias internacionais baixando o aplicativo da RFI

Compartilhar :
Página não encontrada

O conteúdo ao qual você tenta acessar não existe ou não está mais disponível.