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Japão se torna quinto país a pousar com sucesso módulo espacial na Lua

Um módulo espacial japonês realizou um feito tecnológico ao pousar com grande precisão na Lua na sexta-feira (19), mas a Agência Espacial Japonesa (Jaxa) disse que encontrou um problema com seus painéis solares. O país tornou-se o quinto a pousar com sucesso na Lua, depois dos Estados Unidos, da ex-União Soviética, da China e da Índia.

Um foguete lançado em 7 de setembro da base de lançamento da Jaxa em Tanegashima, no sudoeste do Japão (imagem de ilustração).
Um foguete lançado em 7 de setembro da base de lançamento da Jaxa em Tanegashima, no sudoeste do Japão (imagem de ilustração). via REUTERS - KYODO
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A Jaxa confirmou que o módulo SLIM (Smart Lander for Investigating Moon), que orbitava em torno da Lua desde o final de dezembro, pousou às 0h20 de sábado (12h20 de sexta em Brasília) e que as comunicações com ele puderam ser estabelecidas.

“No entanto, suas células solares não produzem energia e a aquisição de dados a partir da superfície lunar tem prioridade”, acrescentou a agência num comunicado. "O SLIM funciona com baterias a bordo. Os dados adquiridos durante o pouso são armazenados a bordo e trabalhamos para maximizar os resultados científicos transmitindo primeiro esses dados para a Terra", disse Hitoshi Kuninaka, funcionário da Jaxa.

A espaçonave não tripulada japonesa, com 2,4 metros de comprimento, 1,7 metros de largura e 2,7 metros de altura, é apelidada de “Moon Sniper”, porque sua missão não era apenas pousar na Lua, mas também pousar a menos de 100 metros de seu alvo.

É comum que veículos lunares pousem a vários quilômetros de seu objetivo, o que pode complicar suas missões de exploração. A precisão do SLIM constitui “um enorme progresso tecnológico”, disse à AFP Emily Brunsden, diretora do Astrocampus da Universidade de York (Reino Unido), poucas horas antes do pouso.

Esta aterrissagem de precisão na Lua é “excepcionalmente difícil tecnologicamente”, sublinhou, porque “geralmente só há uma oportunidade, por isso, o menor erro pode levar ao fracasso de uma missão”.

Investigação sobre recursos hídricos

O SLIM pousou em uma pequena cratera de menos de 300 metros de diâmetro, chamada Shioli, de onde deverá ser capaz de realizar análises terrestres de rochas que podem ser provenientes do manto lunar, estrutura interna do satélite natural da Terra, que ainda é muito pouco conhecido.

Estas rochas “são cruciais para a investigação sobre a origem da Lua e da Terra”, lembra Tomokatsu Morota, professor da Universidade de Tóquio especializado em exploração espacial.

A missão japonesa também pretende avançar na investigação sobre os recursos hídricos na Lua, uma questão fundamental, uma vez que os Estados Unidos e a China pretendem, em última análise, instalar bases habitadas no satélite.

SLIM carrega uma sonda esférica chamada SORA-Q, pouco maior que uma bola de tênis e capaz de modificar seu formato para se mover na superfície lunar. Foi desenvolvido pela Jaxa, em parceria com a empresa japonesa de brinquedos Takara Tomy.

SORA-Q inclui duas câmeras e, uma vez aberta sua carcaça metálica, suas duas extremidades servem como rodas para se mover em uma superfície irregular.

Domínio espacial

O sucesso da missão SLIM permitirá ao Japão “mostrar a sua presença” no domínio espacial, segundo Morota. Mais de 50 anos depois dos primeiros passos humanos em sua superfície – os americanos em 1969 –, a Lua voltou a ser alvo de uma corrida global, na qual a rivalidade entre os Estados Unidos e a China ocupa um papel central.

Mas muitos outros países e empresas privadas também estão interessadas, como a Rússia, que sonha em se reconectar com a glória espacial da ex-União Soviética, estabelecendo parcerias – em particular, com a China – ou a Índia, que conseguiu realizar no ano passado sua primeira aterrissagem na Lua.

As duas primeiras tentativas do Japão de pousar na Lua deram errado. Em 2022, uma sonda Jaxa, Omotenashi, a bordo da missão americana Artemis 1, sofreu uma falha fatal na bateria, logo após sua ejeção no espaço.

Em abril de 2023, um módulo lunar da jovem empresa privada japonesa Ispace caiu na superfície da Lua, ao perder o estágio de descida suave.

Chegar à Lua continua a ser um imenso desafio tecnológico, mesmo para as grandes potências espaciais. A empresa privada americana Astrobotic, sob contrato com a NASA (Agência Espacial Americana), anunciou quinta-feira (18) que o seu módulo Peregrino foi perdido, provavelmente desintegrado no regresso para a Terra, ao entrar em contato com a atmosfera.

A NASA também adiou por quase um ano as próximas duas missões de seu principal programa de retorno à Lua, Artemis, para setembro de 2025 e setembro de 2026.

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