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Sonda da Nasa com amostra histórica de asteroide deve pousar hoje nos EUA

Uma sonda da Nasa com material do asteroide Bennu, que pode explicar a formação do sistema solar e possíveis origens da água no planeta, deve pousar neste domingo (24) por volta de 11h15 no deserto de Utah, em uma área do Departamento de Defesa dos Estados Unidos. A Nasa acredita que a sonda tenha coletado uma amostra de cerca de 250 gramas de material, muito acima do inicialmente previsto na missão.

Em agosto, a Nasa efetuou simulações para planejar a aterrissagem da sonda Osiris-Rex no deserto de Utah.
Em agosto, a Nasa efetuou simulações para planejar a aterrissagem da sonda Osiris-Rex no deserto de Utah. © Keegan Barber / AP
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A nave Osiris-REx foi lançada em 2016 e iniciou seu retorno à Terra em 2021. O pouso é aguardado com expectativa pela comunidade científica, pois esta amostra inédita pode desvendar uma história de mais de 4 bilhões de anos. O asteroide Bennu tem 500 metros de diâmetro, orbita o Sol e se aproxima da Terra a cada seis anos.

Após sua decolagem, a sonda Osiris-Rex recolheu pequenos pedaços de pedra e poeira do asteroide Bennu em 2020. Este material pode dar indicações sobre "o início da história do nosso sistema solar", enfatizou o diretor da agência espacial norte-americana, Bill Nelson. "O retorno dessa amostra é realmente histórico", explicou à AFP o cientista da Nasa Amy Simon, já que será a maior quantidade de material transportado para a Terra desde as rochas lunares do programa Apollo, que terminou em 1972.

A manobra de pouso a ser realizada é considerada delicada pelos técnicos. A sonda deve liberar a cápsula contendo a amostra quatro horas antes do pouso, a mais de 100.000 km da Terra. Durante os 13 minutos finais, a cápsula passará pela atmosfera, entrando a mais de 44.000 km/h e atingindo temperaturas de até 2.700°C.

A queda, observada por sensores militares, será freada por dois paraquedas sucessivos, que devem ser acionados corretamente para evitar uma aterrissagem violenta. Pode ser decidido no último minuto não liberar a cápsula se houver risco de a zona visada não ser atingida. A sonda então circundaria o Sol, antes da Nasa tentar um novo pouso em 2025. Caso a operação dê certo, a Osiris-rex partirá para outro asteroide.

Amostras japonesas

Assim que a cápsula estiver no solo, técnicos equipados com luvas e máscaras irão vistoriar seu estado antes de colocá-la em uma rede, que será então içada por um helicóptero e levada para um local temporário. A cápsula deve ficar exposta o menor tempo possível à areia do deserto americano, para evitar qualquer contaminação da amostra que possa distorcer as análises posteriores.

Na segunda-feira (25), a amostra será levada de avião para o Johnson Space Center em Houston, no Texas. Lá, a caixa será aberta em outra sala hermeticamente fechada. O processo levará vários dias.

A Nasa planeja dar uma entrevista coletiva à imprensa em 11 de outubro para revelar os resultados iniciais desta missão.

A maior parte da amostra será preservada para ser estudada pelas gerações futuras. Cerca de 25% serão utilizados imediatamente para experimentos, e uma pequena parte será compartilhada com os países parceiros nesta empreitada, que são o Japão e o Canadá.

O Japão cedeu à Nasa alguns grãos do asteroide Ryugu que compunham uma amostra de cerca de 5,4 gramas coletada durante a missão Hayabusa-2, em 2020. Em 2010, os japoneses trouxeram de volta à Terra uma quantidade microscópica de outro asteroide.

Desta vez, a amostra de Bennu é "muito maior, portanto, poderemos fazer muito mais análises", disse Amy Simon.

História de nossas origens 

Os asteroides são compostos por materiais originais do sistema solar há 4,5 bilhões de anos. Ao contrário da Terra, eles permaneceram intactos. Por isso, eles contêm "indícios sobre a forma como o sistema solar se formou e evoluiu", afirmou Melissa Morris, chefe do programa Osiris-Rex da Nasa. "É a história de nossa própria origem."

Ao atingir nosso planeta, "acreditamos que os asteroides e cometas trouxeram matéria orgânica, potencialmente água, que ajudou o desenvolvimento da vida na Terra", explicou Amy Simon.

Os cientistas acreditam que Bennu é rico em carbono e contém moléculas de água envoltas em minerais. O asteroide também surpreendeu os cientistas: sua superfície se mostrou menos densa do que o esperado durante a coleta de amostras. O braço da sonda afundou, como se fosse uma piscina de bolinhas.

Uma melhor compreensão de sua composição pode ser útil no futuro. Há uma pequena chance (1 em 2.700) de que Bennu atinja a Terra em 2182, uma colisão que seria catastrófica. No entanto, no ano passado, a Nasa conseguiu desviar a trajetória de um asteroide ao colidir com ele.

Com informações da AFP

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