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Refugiados sírios e palestinos serão quase metade da população do Líbano em 2038, diz estudo

Os libaneses podem passar a representar apenas 52% da população do Líbano em 2038, segundo um estudo elaborado pelo economista Charbel Nahas, ex-ministro libanês das Telecomunicações. Os refugiados já representam mais de um quarto da população do país. O acolhimento de pessoas de regiões em conflito, o declínio da natalidade e a emigração histórica dos libaneses estão entre as razões desse fenômeno.

A entrada do campo de refugiados palestinos de Burj al-Barajneh, ao sul de Beirute, em 15 de novembro de 2023.
A entrada do campo de refugiados palestinos de Burj al-Barajneh, ao sul de Beirute, em 15 de novembro de 2023. AFP - ANWAR AMRO
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Paul Khalifeh, correspondente da RFI em Beirute

O cenário mais pessimista estabelecido pelo estudo é, ao mesmo tempo, totalmente realista diante da atual evolução demográfica no Líbano. Hoje, os libaneses representam apenas entre 65% e 69% da população residente no país. Em 2018, eles representavam 71% da população do Líbano e, há 20 anos, quase 80%.

Os dados mostram um rápido declínio da população libanesa. Na pesquisa, Charbel Nahas alerta sobre o tipo e a extensão do fenômeno da mudança demográfica.

​Nos últimos dez anos, o Líbano acolheu mais de 2 milhões de sírios deslocados pela guerra. Num intervalo de mais amplo, de 75 anos, cerca de 300 mil palestinos se instalaram em terras libanesas.

O estudo mostra que, em determinadas faixas etárias, os refugiados sírios já são mais numerosos que os libaneses e em proporções não negligenciáveis. Os menores sírios de 1 ano a 4 anos representam mais do dobro do número de crianças libanesas da mesma idade. A população síria também é maior que a libanesa na faixa etária entre 5 e 14 anos.

Este ainda não é o caso dos jovens de 15 a 19 anos, mas a diferença é mínima. Se a evolução atual se confirmar, o número de pessoas vindas da Síria nesta faixa etária será, muito em breve, superior.

Declínio da fertilidade

O Líbano tem a maior densidade de refugiados per capita do mundo. Mas esta presença maciça – de refugiados sírios e, em menor medida, de palestinos – não é a única razão para explicar o declínio de sua população.

Outro fator é a queda da fertilidade. Este fenômeno, no passado limitado aos cristãos, espalhou-se pelas comunidades sunitas e, mais recentemente, pelas comunidades xiitas, devido à melhora dos padrões de vida nas últimas três décadas, particularmente entre os muçulmanos.

O terceiro fator é a emigração, uma tradição libanesa que remonta há quase dois séculos. Este fenômeno é causado por acontecimentos históricos, como os massacres entre comunidades em 1860, a fome de 1914, a guerra civil entre 1975 e 1990 ou, mais recentemente, a crise econômica de 2019.

Estatísticas mostram que entre 1997 e 2018, o Líbano perdeu quase 25 mil cidadãos todos os anos.

Desde 2019, esse número mais que triplicou. Todos os anos, 78 mil libaneses deixam o país. Num intervalo de aproximadamente cinco anos, 470 mil pessoas saíram do Líbano. Essa emigração gera um impacto significativo para uma população de menos de 7 milhões de habitantes.

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