Acessar o conteúdo principal

ONU pede US$ 1,6 bilhão em 2023 para ajuda a refugiados palestinos

A Agência das Nações Unidas para os Refugiados Palestinos (Unrwa), que enfrenta um déficit orçamentário crônico, lançou nesta terça-feira (24) um apelo de US$ 1,6 bilhão para 2023, além de pedir mais “solidariedade” aos países árabes. Este apelo - por um valor semelhante ao solicitado no ano passado - foi lançado em Genebra perante os países doadores pelo comissário-geral da Unrwa, Philippe Lazzarini.

Palestinos em uma escola administrada pela Agência das Nações Unidas para os Refugiados Palestinos (Unrwa), em 21 de maio de 2021.
Palestinos em uma escola administrada pela Agência das Nações Unidas para os Refugiados Palestinos (Unrwa), em 21 de maio de 2021. AFP - MOHAMMED ABED
Publicidade

"Poderíamos ter pedido o dobro. Mas vimos que houve uma estagnação de recursos nos últimos dez anos. Há uma espécie de teto de vidro", ele comentou. "Entramos em uma zona perigosa. (...) Em algum momento, podemos chegar a um ponto de ruptura que muito provavelmente levará à suspensão das atividades", acrescentou.

Lazzarini atribui a falta de generosidade dos doadores à multiplicação de crises e necessidades humanitárias no mundo, mas também a "novas dinâmicas políticas regionais". "Não é muito popular, politicamente, nos países doadores aumentar substancialmente o apoio à Unrwa", declarou, lamentando que a organização esteja sujeita a "considerações políticas".

No ano passado, a Unrwa, onde estão inscritos 5,9 milhões de palestinos, arrecadou quase US$ 1,2 bilhão, e “pelo quarto ano consecutivo, estamos terminando com um déficit significativo de mais de US$ 70 milhões”, informou o comissário-geral.

Crises globais e dinâmica geopolítica

Do montante solicitado para 2023, US$ 848 milhões seriam destinados a apoiar serviços básicos (um aumento de 4% em relação ao ano anterior), como necessidades de saúde e educação, enquanto US$ 781,6 milhões financiariam operações de emergência em Gaza, na Cisjordânia, Jordânia, Síria e Líbano.

O apelo de emergência solicita US$ 311,4 milhões para Gaza, US$ 32,9 milhões para a Cisjordânia, US$ 247,2 milhões para a Síria, US$ 160 milhões para o Líbano e US$ 28,8 milhões para a Jordânia.

De acordo com a Unrwa, os desafios acumulados ao longo de 2022 – subfinanciamento, crises globais competitivas, inflação, interrupções nas cadeias de suprimentos, dinâmica geopolítica e níveis vertiginosos de pobreza e desemprego entre os refugiados palestinos – colocam a agência à prova.

Lazzarini pediu em particular aos países árabes que traduzam sua "solidariedade" política com os palestinos em "recursos tangíveis e substanciais". Em 2018, a contribuição dos países árabes representou 25% do orçamento da Unrwa, ante 3% em 2021 e 4% no ano passado, explicou.

O fator Trump

Os problemas da Unrwa começaram depois que seu principal contribuinte, os Estados Unidos, retirou seu financiamento durante o governo do então presidente Donald Trump. A chegada de Joe Biden ao poder trouxe um sopro de ar fresco à organização, com o restabelecimento das contribuições à Unrwa anunciado em 2021 - até US$ 340 milhões.

"Refugiados palestinos - uma das comunidades mais desfavorecidas da região - enfrentam desafios sem precedentes e dependem cada vez mais da Unrwa para serviços básicos e, em alguns casos, para sobreviverem", alerta Lazzarini.

De acordo com a Unrwa, criada em 1949, um ano após a criação de Israel, a maioria dos refugiados palestinos vive agora abaixo da linha da pobreza e muitos dependem da ajuda humanitária da agência da ONU.

"Acabei de voltar da Síria, onde testemunhei em primeira mão sofrimento e desespero indescritíveis. A situação dos refugiados palestinos neste país infelizmente se reflete em outros lugares, como no Líbano e em Gaza, e afeta o fundo", comentou Lazzarini. "Muitos me disseram que tudo o que pedem é poder levar uma vida digna. Não é pedir muito."

Líbano

A crise econômica no Líbano desde 2019 – uma das piores dos tempos modernos – foi um duro golpe para comunidades vulneráveis, incluindo refugiados palestinos. Informações da Unrwa apontam que a taxa de pobreza destes refugiados no Líbano, que era de quase 70% no início de 2022, agora chega a 93%.

Um grande número de refugiados palestinos estava entre as cerca de cem pessoas mortas quando um barco afundou na Síria em setembro.

(Com informações da AFP)

NewsletterReceba a newsletter diária RFI: noticiários, reportagens, entrevistas, análises, perfis, emissões, programas.

Acompanhe todas as notícias internacionais baixando o aplicativo da RFI

Compartilhar :
Página não encontrada

O conteúdo ao qual você tenta acessar não existe ou não está mais disponível.