China tenta influenciar reta final de eleição presidencial em Taiwan e chama favorito de “perigo”
Taiwan elegerá seu novo presidente neste sábado (13). Após oito anos e dois mandatos, o atual chefe de Estado, Tsai Ing-wen, do Partido Democrático Progressista (DDP) deverá deixar o cargo. Lai Ching-te, seu atual vice-presidente, é considerado favorito. Outros dois candidatos estão na disputa: Hou Yu-ih, do KMT (Kuomintang), Partido Nacionalista, que apoia a China; e Ko Wen-je, do Partido Popular TPP, fundado em 2019.
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Heike Schmidt, enviada especial da RFI a Taiwan
Na quarta-feira (10), na sede do Partido Democrata Progressista (DPP), o clima era de dúvida. Na reta final da votação, Lee Yen-jong, um dos líderes dos democratas progressistas, admite estar preocupado.
"A situação é tensa porque temos três candidatos e não importa quem vai ganhar: a diferença será pequena", explica. "Depois de oito anos no poder, fizemos muito e implementamos políticas sociais para ajudar os mais pobres. Mas, apesar de tudo, no setor de serviços, temos jovens que estão enfrentando muitos problemas", diz Yen-jong.
“E em relação ao salário, ainda há pessoas que se sentem negligenciadas pelo DPP. Muitos jovens que, por essa razão, querem votar em Ko Wen-je do TPP. Todos estão muito preocupados. Mesmo que Lai Ching-te seja eleito presidente, se perdermos a maioria parlamentar, será muito difícil manter nossa defesa nacional ou todas as políticas sociais que consideramos importantes para o desenvolvimento de Taiwan”, detalha o político.
Militantes do DPP também temem que o desgaste no poder favoreça Ko Wen-je, ex-prefeito de Taipei, candidato pelo TPP. Muito presente nas redes sociais, ele é considerado como “a surpresa” desta campanha. A expectativa é que Ko Wen-je supere as divisões entre o KMT e o DPP, especialmente em relação à ameaça chinesa. Para angariar votos, Ko Wen-je tenta seduzir um eleitorado jovem e bastante desiludido. Ele promete melhorar os baixos salários e diminuir a escassez de moradias.
A China tenta por todos os meios "atrapalhar" a campanha de Lai Ching-te, o qualificando como “grave perigo” e “separatista”. Lai Ching-te, que defende a independência de Taiwan, desde então vem adotando um tom moderado para não irritar o país vizinho, mesmo que sua intenção de promover mudanças esteja clara.
Pequim pede abertamente aos taiwaneses que façam a "escolha certa" e não deem o seu voto ao candidato Lai Ching-te. Por isso, convencer os indecisos será o último desafio da campanha.
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EUA querem enviar delegação
Os Estados Unidos planejam enviar uma "delegação não oficial" a Taiwan após as eleições presidenciais e legislativas do dia 13 de janeiro, segundo informou um funcionário da administração do presidente Joe Biden.
O grupo seria formado por ex-funcionários do governo americano, mas os detalhes ainda estavam sendo confirmados. Washington alertou a China sobre o risco do aumento das tensões após as eleições, que podem determinar o futuro das relações de Taiwan com Pequim.
As relações entre a China e os Estados Unidos esfriaram nos últimos anos, mas melhoraram desde a cúpula realizada em novembro em San Francisco entre Biden e o presidente chinês, Xi Jinping. Ambos os líderes concordaram em retomar as discussões sobre questões militares, embora Taiwan continue sendo objeto de divergências.
Pequim criticou a visita à ilha autogovernada da então presidente da Câmara dos Representantes dos EUA, Nancy Pelosi, em 2022, e cortou as comunicações militares com Washington.
(RFI e AFP)
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