Em Taiwan, proximidade das eleições presidenciais não motiva população
No próximo sábado (13) o mundo inteiro estará de olho em Taiwan. O país, ameaçado pela China, elegerá o seu novo presidente e deputados. No entanto, a campanha eleitoral não mobilizou a população.
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Adrien Simorre e Heike Schmidt, correspondentes da RFI em Taipei
Nas ruas do centro de Taipei, militantes fazem campanha pedindo aos passantes que compareçam às urnas. No entanto, o entusiasmo não existe, como explica um jovem estudante. “Há quatro anos houve o movimento social em Hong Kong, que causou muita ansiedade entre os taiwaneses. Então, nos mobilizamos para votar porque tínhamos medo de que isso acontecesse conosco também. Mas este ano é verdade que o cenário está muito mais calmo”, explica.
Depois de oito anos no poder, o Partido Democrático Progressista também decepcionou os seus mais fervorosos apoiadores. “Antes, dissemos a nós mesmos que apoiar o Partido Democrático Progressista significava apoiar Taiwan. Mas isso não é mais o caso hoje. O poder os transformou. Acham que devem vencer, mas já não se colocam no lugar do povo!”, lamenta uma aposentada.
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“A ameaça da China”
Mas o Partido Nacionalista Chinês ainda preocupa Yan, um estudante. “A ameaça da China não é apenas militar. A China também procura se infiltrar na nossa democracia e influenciar as nossas eleições. Então, para mim, votar é a melhor forma de resistir à China e demonstrar a determinação dos taiwaneses”, diz ele, que voltou da França apenas para votar.
A oposição parece ter conseguido mobilizar o descontentamento com o partido no poder. No sábado, a participação dos eleitores jovens será decisiva.
Desde as primeiras eleições por sufrágio universal que aconteceram em 1996, após quatro décadas de ditadura sob domínio do Kuomintang, o Partido Nacionalista chinês, Taiwan vem realizando uma longa marcha rumo à democracia.
Agora, um terceiro partido está desafiando os dois gigantes da vida política taiwanesa. Esta aparição põe fim ao eterno duelo entre os democratas progressistas, de um lado, e os nacionalistas do Kuomintang, do outro. Ko Wen-je, fundador do Partido Popular (TPP), apresenta-se como o terceiro homem nesta eleição, acompanhada de perto pela China e pelos Estados Unidos.
De pé no seu carro eleitoral, com um casaco branco, a cor do seu partido, Li Youyi cumprimenta os passantes enquanto lança uma transmissão ao vivo na sua página do Facebook. A candidata do TPP, que concorre a um assento parlamentar nos subúrbios de Taipei, tem como alvo principal “jovens eleitores frustrados”, diz ela, após oito anos de um governo democrático progressista.
“Nossa prioridade é dar esperança aos jovens. Hoje não temos dinheiro nem para ter moradia. Essa é a nossa prioridade. O TPP quer lançar um programa de construção de moradias públicas. E também queremos aumentar os baixos salários dos jovens”, explica Li Youyi. Perante uma China ameaçadora, a candidata de trinta anos propõe uma terceira via com contornos bastante vagos: nem demasiado pró-China, nem demasiado hostil em relação a Pequim.
“Taiwan precisa da sua soberania. Aumentaremos, portanto, o nosso orçamento militar para nos protegermos contra qualquer possível ataque. Mas nós, no TPP, também admitimos que compartilhamos parte das nossas raízes com o continente chinês”, acrescenta a candidata. Uma posição que tem tudo para agradar Pequim.
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