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Erro em mensagem para moradores de Taiwan sobre satélite chinês alimenta tensão antes das eleições

Em Taiwan, quatro dias antes de uma eleição presidencial crucial para a segurança da região e que decidirá o futuro das relações entre a pequena ilha e a grande China, o lançamento de um satélite chinês, nesta terça-feira (9), fez com que uma mensagem oficial de alerta fosse enviada a todos os telefones de Taiwan. O governo teve que se desculpar com seus cerca de 24 milhões de habitantes pela mensagem que foi depois verificada como um "alarme falso".

A China anunciou o lançamento bem-sucedido de um satélite de observação espacial na terça-feira, 9 de janeiro de 2024.
A China anunciou o lançamento bem-sucedido de um satélite de observação espacial na terça-feira, 9 de janeiro de 2024. VIA REUTERS - STRINGER
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Pouco depois das 15h locais (4h no horário de Brasília), o alerta apareceu automaticamente nas telas dos telefones celulares da ilha, pedindo à população que "tomasse cuidado".

"A China lançou um satélite que sobrevoou o espaço aéreo do sul". A mensagem inicialmente causou confusão, pois a tradução em inglês se referia a um "sobrevoo de míssil no espaço aéreo de Taiwan".

"Os alarmes estavam tocando na sala de imprensa onde estávamos acompanhando uma conferência do ministro das Relações Exteriores com a imprensa estrangeira", relatou a correspondente especial da RFI na Ásia, Heike Schmidt. 

Na rede social X, usuários publicaram capturas de tela de seus telefones, expressando preocupação com o conteúdo da mensagem. "Em chinês, diz satélite, mas em inglês diz míssil", questionou um deles. "O que?", escreveu outro. "Eu nunca vi nada parecido", adicionou um terceiro.

 

O ministro das Relações Exteriores, Joseph Wu, que estava dando uma entrevista coletiva ao mesmo tempo, imediatamente procurou tranquilizar, confirmando que era de fato um satélite, cujo lançamento poderia causar a queda de "detritos" na ilha.

"É por isso que nosso centro de alerta nacional emite esse tipo de alerta, pois isso já aconteceu antes", explicou ele.

O chefe da diplomacia taiwanesa, Joseph Wu, acusou Pequim, que estaria enviando seus caças e inundando as redes sociais com informações falsas, quando os telefones começaram a tocar na sala e um alerta oficial soou.   

"Atenção, sobrevoo de míssil no espaço aéreo de Taiwan", diz o texto em inglês na tela do celular. No final, é apenas um satélite chinês inofensivo - um alarme falso. Trata-se de um satélite de observação espacial chamado Einstein Probe (EP), que usa uma nova tecnologia de detecção de raios X, informa a AFP.

A ilha está em alerta e o nervosismo é perceptível, porque antes da votação, Pequim pretende intimidar os eleitores por todos os meios possíveis, insiste Joseph Wu.

"Eles querem minar a democracia taiwanesa. Eles querem nos dividir e colocar os cidadãos contra o governo, com o objetivo de semear a desconfiança e a desordem em nossa sociedade. Eles estão usando Taiwan como um laboratório e, se conseguirem manipular o resultado da votação, aplicarão as mesmas táticas em outros países", denunciou.

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O satélite chinês e as eleições em Taiwan

O lançamento do satélite de observação espacial foi anunciado pelo lado chinês pelo canal de televisão estatal CCTV, que descreveu a operação como um "sucesso".

Em abril de 2023, a China proibiu toda a navegação em uma área ao norte de Taiwan por algumas horas, devido à "possível queda de detritos" ligada ao lançamento de um satélite.

No entanto, o aviso foi emitido alguns dias antes da data planejada para o lançamento, e não no próprio dia.

O candidato favorito para a eleição presidencial, o vice-presidente que está deixando o cargo, Lai-Ching-te, também acusou Pequim na terça-feira de tentar influenciar a votação por "todos os meios", cujo resultado será decisivo para as relações entre a ilha e a China.

Pequim interfere em "todas as eleições em Taiwan", mas este ano suas manobras são "as mais fortes" já registradas, disse Lai Ching-te em uma coletiva de imprensa.

"Além da intimidação política e militar, a China está usando meios econômicos, guerra cognitiva, desinformação, ameaças e incentivos", disse o candidato, cujo Partido Democrático Progressista (DPP) sustenta que Taiwan já é um estado independente de fato.

(Com RFI e AFP)

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