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De hoje até o final do ano francesas passam a trabalhar 'de graça', afirma coletivo feminista

As mulheres começarão a “trabalhar de graça” a partir das 11h25 de segunda-feira (6) até o final do ano, afirma a newsletter feminista Les Glorieuses, que denuncia as persistentes desigualdades salariais entre mulheres e homens. 

Mulheres começarão a "trabalhar de graça" a partir das 11h25 desta segunda-feira (6) até o final do ano, de acordo com o boletim informativo feminista "Les Glorieuses", que condena as persistentes desigualdades salariais entre homens e mulheres.
Mulheres começarão a "trabalhar de graça" a partir das 11h25 desta segunda-feira (6) até o final do ano, de acordo com o boletim informativo feminista "Les Glorieuses", que condena as persistentes desigualdades salariais entre homens e mulheres. AFP - JOHANNES EISELE
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Concretamente, as mulheres “poderiam deixar de trabalhar no dia 6 de novembro às 11h25 e garantir a mesma renda de todo o ano, se recebessem uma taxa horária média semelhante à dos homens”, assegura a newsletter em um comunicado de imprensa.

Esta data e hora simbólicas foram calculadas a partir de estatísticas europeias sobre as disparidades salariais entre mulheres e homens na França. Mesmo em pleno ano de 2023, as mulheres continuam a ganhar em média 15,4% menos que os homens.

No ano passado, a diferença salarial alcançou os 15,8%, o que levou Les Glorieuses a fixar a data simbólica em 3 de novembro, às 9h10. “Há oito anos que fazemos este cálculo, que varia muito pouco, há uma verdadeira estagnação”, observa Rebecca Amsellem, fundadora da newsletter que está na origem de uma petição que apela à implementação de três políticas públicas destinadas à promoção da igualdade salarial.

Em entrevista à RFI, Anne-Laure Guihéneuf, socióloga e consultora especializada em questões de igualdade de gênero, disse que, na França, a situação salarial das mulheres no mercado de trabalho não é a melhor em comparação com outros países europeus. Para a socióloga, a França está "um pouco no meio da tabela de classificação", mas que, de qualquer forma, o problema é "sistemático" e "não é algo específico" do país, "mesmo que haja certos prismas culturais ligados à França", afirmou ela.

"Podemos ver que existem algumas diferenças entre mulheres e homens, e desde muito cedo, de fato, em questões de negociação do primeiro emprego", explicou. "Depois, há o tema da parentalidade, que é claramente um tema que também foi criado e em que temos absolutamente de trabalhar a questão das desigualdades entre homens e mulheres. Então, de fato, ao longo de nossas carreiras, as desigualdades persistem e há muitas coisas para trabalhar e ativar. E, por fim, especialmente para as mulheres jovens que estão estudando hoje", alertou.

“É um assunto real que tem sido objeto de muitas leis e percebemos que os resultados não estão à altura, é hora de passar a segunda [marcha]”, comentou na manhã desta segunda-feira no France Inter, Marylise Léon, secretária-geral da Confederação Francesa Democrática do Trabalho (CFDT).

“Precisamos ser muito mais ofensivos para atacar todas as questões que fazem com que os homens ganhem mais do que as mulheres pelo mesmo trabalho. Há diversos ângulos de ataque: há a questão do reconhecimento de competências, há uma questão em torno da luta contra o trabalho em tempo parcial, contratos de curta duração. São assuntos concretos em que o governo pode ter um papel”, acrescentou o dirigente sindical.

Avanços notáveis

Já as Les Glorieuses, por seu lado, exigem um aumento dos salários nas profissões em que as mulheres são mais numerosas e pedem licenças-maternidade equivalentes tanto para os pais quanto para as mães.

Elas querem também que a obtenção de subsídios e empréstimos garantidos pelo Estado estejam condicionados ao “respeito pela igualdade de remuneração”, de forma a “garantir que o orçamento atribuído por fundos públicos não acentue as desigualdades”.

Se, por um lado, “ainda faltam muitas coisas por fazer”, por outro, este ano foram obtidos “dois avanços notáveis” na questão da transparência em termos de salários, enfatiza Rebecca Amsellem.

De acordo com uma decisão do Tribunal de Cassação de 8 de março, uma trabalhadora pode legitimamente solicitar o acesso os contracheques de trabalhadores do sexo masculino que ocupem cargos de nível comparável ao seu.

Uma diretiva europeia, destinada a forçar os empregadores na União Europeia a serem transparentes para garantir a igualdade de remuneração entre mulheres e homens, também foi adotada e terá de ser transposta pelos Estados-membros para sua legislação nacional até junho de 2026, vibra Amsellem.

(Com informações da AFP)

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