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Confrontos na fronteira entre Israel e Líbano podem espalhar conflito no Oriente Médio

Os Estados Unidos e seus aliados ocidentais vêm alertando sobre uma possível propagação da guerra entre Israel e o Hamas em outros países do Oriente Médio. Para evitar que o Hezbollah e seu principal financiador, o Irã, entrem no conflito, Washington posicionou no Mediterrâneo Oriental dois porta-aviões. Mas, poucas horas após o ataque do Hamas contra o território israelense, aconteceu um primeiro confronto na fronteira entre o Líbano e Israel.

Membros do Hezbollah levantam bandeiras enquanto participam do funeral de dois membros mortos por Israel, em Kherbet Selem, no sul do Líbano, em 10 de outubro de 2023.
Membros do Hezbollah levantam bandeiras enquanto participam do funeral de dois membros mortos por Israel, em Kherbet Selem, no sul do Líbano, em 10 de outubro de 2023. AP - Hussein Malla
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Paul Khalifeh, correspondente da RFI em Beirute

Após a tentativa de infiltração de um comando da Jihad Islâmica Palestina do sul do Líbano em Israel, em 9 de outubro, os combates que opõem o Hezbollah e o Exército israelense estão cada dia mais intensos. Antes limitados a alguns pontos, agora eles atingem toda a fronteira.

Nos ataques são usados artilharia, tanques, drones e helicópteros e os confrontos já deixaram ao menos 15 mortos do lado do Hezbollah.

Esta ainda não é, entretanto, uma guerra oficial. Israel e Hezbollah tentam respeitar as regras  de cessar-fogo em vigor desde 2006, após a guerra de 30 dias entre os dois países. Israel também afirmou, no domingo (16), que não quer uma guerra na fronteira com o Líbano. Os combates, apesar de violentos, continuam confinados à região da fronteira e os protagonistas evitam, até agora, atacar zonas residenciais.

O silêncio de Nasrallah

O secretário geral do Hezbollah, Hassan Nasrallah, que costuma fazer pronunciamentos durante as crises consideradas mais graves, não fez, até agora, nenhuma declaração. Analistas especializados no conflito dão duas explicações possíveis a este silêncio preocupante.

A primeira é que ele não teria nada a anunciar, o que significa que o grupo, e com ele o Irã, ainda não tomou uma decisão definitiva sobre a atitude que vai adotar diante da crise atual.

A segunda razão seria que Nasrallah, que controla bem os elementos da guerra psicológica, deixaria, de maneira consciente, pairar a dúvida sobre suas intenções para surpreender os israelenses ou para dar mais espaço aos iranianos em uma eventual mediação ou negociação indireta.

Libaneses divididos

Diante do novo envolvimento do país na guerra, os libaneses estão profundamente divididos. Na noite de quarta-feira (18), milhares de apoiadores do Hezbollah desceram às ruas da periferia sul de Beirute, após o ataque contra o Hospital Batista de Gaza, gritando frases a favor de Hassan Nasrallah e declarando guerra a Israel.

Outra parte da população teme os efeitos de uma guerra devastadora em um momento em que o Líbano atravessa uma grave crise econômica. Com um Estado empobrecido, o desinteresse da comunidade internacional e dos países árabes, se houvesse um conflito, a implementação de um plano de reconstrução do país seria impossível.

Os países ocidentais também alertam que o envolvimento em uma guerra não ajudaria os interesses do Libano, que deve se manter afastado do conflito atual.

Enquanto isso, as autoridades libanesas estão completamente impotentes. O primeiro-ministro Najib Mikati repete a seus parceiros internacionais que seu governo não pode decidir sobre a guerra ou sobre a paz.

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