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"O mundo não pode prescindir do petróleo ou do gás russo", diz especialista sobre embargo

Enquanto o conflito na Ucrânia já está afetando os preços dos combustíveis, o chefe da diplomacia ucraniana pediu aos ocidentais neste sábado (26) que “imponham um embargo ao petróleo russo”. Mas tal medida "não pode ser implementada, porque a Rússia é o segundo maior exportador de petróleo bruto do mundo, fornecendo 11,5% da oferta de petróleo", segundo Pierre Terzian, especialista em questões petrolíferas, ouvido pela RFI.

A Rússia é um dos principais produtores mundiais de petróleo e gás. Na foto, o logotipo da gigante russa Gazprom em um de seus postos de gasolina em Moscou.
A Rússia é um dos principais produtores mundiais de petróleo e gás. Na foto, o logotipo da gigante russa Gazprom em um de seus postos de gasolina em Moscou. AFP - KIRILL KUDRYAVTSEV
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“Isolar a Rússia, impor um embargo de petróleo, arruinar sua economia”: este é o apelo que o ministro das Relações Exteriores ucraniano, Dmytro Kuleba, fez aos líderes mundiais. Mas tais sanções são impensáveis, segundo Pierre Terzian, diretor do boletim semanal Petrostratégie, especialista em questões petrolíferas, porque a Rússia é o terceiro maior produtor mundial.

“A cruel realidade é esta: o mundo não pode prescindir do petróleo ou gás russo. A Rússia exporta mais de 8 milhões de barris por dia de petróleo bruto e produtos refinados. Não há como substituir esse volume. Mal conseguimos, mobilizando a Arábia Saudita em 100% e os Emirados em 100%, encher entre dois e três milhões de barris por dia. Mas o resto, não seremos capazes de encontrar”, de acordo com o especialista, em entrevista à RFI.

“Então, infelizmente, essa ameaça não pode ser concretizada. O objetivo das sanções é prejudicar a economia russa e forçar Moscou a encontrar uma solução. Se decretarmos um embargo ao petróleo ou gás russo, não será a Rússia que sofrerá, mas o mundo inteiro. A partir daí, não há hesitação”, afirma Terzian.

“Os preços das energias permanecerão voláteis enquanto durar o conflito”

Mesmo sem embargo, a guerra já teve impacto nos preços do petróleo, já que Moscou fornece 11,5% da oferta mundial e é o segundo maior exportador: os preços do petróleo e do gás estão em alta. O petróleo subiu acima de US$ 100 o barril, atingindo US$ 105 na quinta-feira (24), o maior em oito anos.

Com cerca de 2,3 milhões de barris de petróleo bruto russo saindo para a Europa todos os dias, o mercado permanecerá volátil enquanto o conflito durar, segundo Pierre Terzian.

“Os preços do petróleo e do gás permanecerão completamente à mercê dos desenvolvimentos geopolíticos. Se a situação piorar, os preços vão subir. Se, ao contrário, tivermos negociações ou soluções à vista, os preços podem cair, porque atualmente não há escassez física nem de petróleo nem de gás. Assim, o aumento dos preços se deve a razões psicológicas e temores geopolíticos”, analisa Terzian.

Dito isso, continua o especialista, “o aumento de preço não foi grande, porque o mercado meio que antecipou. Houve até uma queda nos preços no dia seguinte ao ataque, porque o mundo inteiro soube - e, portanto, o setor petrolífero - que o petróleo e o gás russos não seriam afetados pelas sanções”, conclui, lembrando que os preços permanecerão voláteis enquanto durar o conflito.

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