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Rússia é suspensa do Conselho da Europa, enquanto tropas avançam em Kiev

O Ministro das Relações Exteriores italiano, Luís Di Maio, anunciou nesta sexta-feira (25) a suspensão da Rússia do Conselho da Europa, grupo formado após a Segunda Guerra Mundial com o objetivo de proteger os Direitos Humanos e garantir a aplicação da lei em todo o continente. A decisão é tomada no segundo dia da ofensiva russa na Ucrânia e se soma a outras sanções já aplicadas pelo Ocidente.

Homens da Guarda Nacional Ucraniana se posicionam no centro de Kiev, após a operação militar lançada pelo exército russo. Em 25 de fevereiro de 2022.
Homens da Guarda Nacional Ucraniana se posicionam no centro de Kiev, após a operação militar lançada pelo exército russo. Em 25 de fevereiro de 2022. © REUTERS/Gleb Garanich
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Roma considera que esta é uma "medida necessária após a inaceitável agressão militar russa contra Ucrânia, o que constitui uma grave violação do direito internacional", acrescentou Luigi Di Maio. Em um comunicado, o chefe da diplomacia italiana indicou que "o Comitê de Ministros do Conselho da Europa, da qual a Itália detém a presidência, tomou a decisão de excluir a Federação Russa".

O Conselho da Europa decidiu "suspender" toda a participação de diplomatas e delegados russos nos principais órgãos da organização pan-europeia "com efeito imediato", em resposta ao "ataque armado" contra a Ucrânia, informou o Conselho em um comunicado de imprensa.

Desde a invasão, esta é a primeira sanção desta ordem pronunciada por uma organização internacional da qual a Rússia é membro. No entanto, esta decisão não diz respeito ao Tribunal Europeu dos Direitos Humanos (CEDH), o braço judicial do Conselho da Europa, que continuará a oferecer sua proteção aos cidadãos russos.

Notícias do front

Nesta sexta-feira (25), as forças russas pressionaram as posições militares no entorno de Kiev, com combates dentro e ao redor da capital ucraniana. Neste segundo dia após a invasão, o exército ucraniano faz o possível para repelir as tropas de Moscou.

Em uma área residencial ao norte de Kiev, o corpo de um civil jazia na calçada nesta sexta-feira: é um dos primeiros civis mortos em confrontos com as forças russas na capital ucraniana, onde as primeiras unidades entraram na madrugada.

Cinquenta metros adiante, os paramédicos corriam para resgatar outro homem, preso em seu carro despedaçado por um veículo blindado. Estes são alguns vestígios deixados pelas unidades avançadas do exército russo em Kiev, cidade de cerca de três milhões de habitantes, onde os primeiros combates eclodiram nesta sexta-feira, 24 horas após o início de uma ofensiva maciça contra a Ucrânia.

Trocas de tiros e explosões abalaram o bairro residencial de Oblon. As explosões mais fortes atingiram o centro da cidade, a sete quilômetros de distância. Alguns moradores, até então presos em casa, se aventuram pelas ruas desertas para ver os estragos e socorrer os feridos. Alguns contaram terem visto dois corpos parecidos com soldados russos.

"Dois veículos de combate de infantaria com marcas de identificação ocultas estavam circulando na estrada. Eu não vi o distintivo da unidade", disse Evguen Nalutay, de 39 anos, à agência AFP. “Um se escondeu bem nesta passagem subterrânea e o outro seguiu em frente, antes de entrar no pátio de uma casa e eu o perdi de vista, as pessoas estavam fugindo”, acrescentou.

Outro morador do bairro, Viktor Berbach, 58, que também presenciou a cena, garante que dois blindados esmagaram o carro deliberadamente. "Não foi um acidente, foi por diversão", diz ele. O Ministério da Defesa ucraniano afirmou em sua página no Facebook que era um comando de soldados russos em missão de reconhecimento.

As forças ucranianas confirmaram a chegada de tanques russos em duas localidades, Dymer e Ivankiv, respectivamente 45 e 80 km a noroeste de Kiev. O exército ucraniano alegou ter repelido os invasores. Porém, as forças russas continuavam chegando pelo Nordeste, e horas depois alguns veículos blindados já estavam em ação na capital.

"Pedimos aos cidadãos que nos informem sobre os movimentos do inimigo, façam coquetéis molotov, neutralizem o invasor!", pediu em mensagem o Ministério da Defesa ucraniano aos habitantes da cidade. A chegada do exército russo à capital, onde há grandes avenidas e prédios de apartamentos densamente povoados, sugerem batalhas sangrentas no caso das forças russas decidirem atacar.

No distrito de Pozniaky, em um conjunto de edifícios herdado da era soviética no sudeste de Kiev, um prédio de 10 andares perdeu todas as janelas após uma explosão, no meio da noite. "Pegou fogo", disse à reportagem Sergiy Rozheskiy, acreditando se tratar de um míssil ou uma interceptação de mísseis.

O russo Vladimir Putin disse estar pronto para enviar uma delegação a Minsk, capital de seu aliado Belarus, para conversar com a Ucrânia, enquanto os europeus decidiram sancionar o presidente russo e seu ministro das Relações Exteriores, Sergei Lavrov, congelando os seus ativos na União Europeia.

Zelensky convoca combatentes

O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, convidou todos os europeus com experiência em combate para viajar à Ucrânia e enfrentar o exército russo. "Se você tem experiência de combate e não quer mais assistir à indecisão de seus políticos, pode vir ao nosso país para defender a Europa", disse, alfinetando os demais líderes ocidentais por uma resposta considerada muito "lenta" à invasão de Moscou.

Considerado o "alvo número 1" da guerra entre Rússia e Ucrânia, Zelensky divulgou um vídeo, na noite desta sexta-feira, em que aparece em frente à sede da Presidência, nas ruas de Kiev, dizendo "estar preparado para defender a Ucrânia e a independência".  

O prisidente ucraniano Volodymyr Zelensky diz estar pronto para defender a soberania de seu país. Em 25 de fevereiro de 2022.
O prisidente ucraniano Volodymyr Zelensky diz estar pronto para defender a soberania de seu país. Em 25 de fevereiro de 2022. © 网络图片

A União Europeia e os Estados Unidos anunciaram novas sanções contra Moscou sem, no entanto, tomar as medidas consideradas mais duras, como a exclusão do sistema de trocas interbancárias Swift.

Nesta sexta-feira, o ministro das Finanças da França, Bruno Le Maire, disse que o país é a favor da exclusão da Rússia do sistema bancário Swift como forma de sanção à Rússia pela invasão da Ucrânia. "Alguns estados membros expressaram reservas, a França não é um desses estados", disse o ministro, durante uma coletiva de imprensa na conferência que reúne ministros das Finanças da UE. "Deve haver um consenso europeu", continuou ele, ao lamentar a ausência dessa "arma nuclear financeira" no arsenal de sanções ocidentais contra Moscou.

A Casa Branca informou na noite de sexta-feira sanções contra o presidente Vladimir Putin e o ministro de Relações Exteriores russo, Serguei Lavrov. Mais cedo, a União Europeia e o Reino já haviam anunciado o congelamento dos bens de Vladimir Putin na UE.

(Com informações da AFP)

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