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Irã/Programa nuclear

Disposto a negociar, Rohani diz que EUA não compreendem o Irã

Em sua primeira coletiva de imprensa como presidente do Irã, Hassan Rohani se disse disposto a iniciar negociações "sérias e substanciais" sobre seu programa nuclear e se comprometeu pessoalmente a chegar a uma solução. Mas isso só será possível por meio da "negociação e não pelas ameaças", afirmou, em referência às sanções impostas pelo ocidente.

Hassan Rohani acena a jornalistas na chegada a sua primeira entrevista coletiva como presidente do Irã
Hassan Rohani acena a jornalistas na chegada a sua primeira entrevista coletiva como presidente do Irã REUTERS/IRNA
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"Estamos prontos para negociações sérias sem perda de tempo", com as potências do grupo 5+1 (Estados Unidos, França, Grã-Bretanha, Rússia, China e Alemanha). "Se a outra parte estiver pronta, as preocupações (externas) acabarão rapidamente", disse. Para Rohani, os Estados Unidos, cujos senadores acabam de aprovar um projeto de lei que pode proibir qualquer importação petrolífera do Irã, não compreendem bem o Irã. "Infelizmente, existem nos Estados Unidos grupos de pressão, hostis ao diálogo construtivo, que buscam assegurar os interesses de um país estrangeiro (Israel) e seguem suas ordens".

Israel, assim como outros países ocidentais, acusam Teerã de tentar fabricar a bomba atômica, usando o programa nuclear pacífico - e especialmente o enriquecimento de urânio - como fachada. Por causa desta desconfiança, uma série de sanções foi imposta, causando um impacto sensível na economia do país. O último e mais duro pacote, aprovado no início de 2012, fez a receita petrolífera do país despencar mais da metade, de US$ 100 bilhões para menos de US$ 50 bi.

Apesar de o novo presidente insistir na manutenção do processo, que ele chama de direito inalienável do povo iraniano, o Ocidente encara sua eleição com otimismo moderado. Principalmente pelo fato de de ele suceder Mahmoud Ahmadinejad, cujos oito anos de gestão foram marcados por fortes tensões.

Catherine Ashton, representante do 5+1 em Teerã, escreveu a Rohani para pedir "discussões significativas" sobre energia nuclear. "O governo insiste sobre os direitos nucleares em conformidade com as regras internacionais. Não cederemos quanto aos direitos de nossa nação, mas somos favoráveis ao diálogo e ao acordo", respondeu Rohani, destacando sua "vontade política séria" e garantindo que nomeará uma nova equipe de negociadores.

Mas garantiu que ninguém imporá sua vontade sobre o Irã pela força: "O objetivo das sanções era fazer pressão sobre a população, sobre a vida cotidiana do povo, mas os iranianos mostraram que resistem diante dessas sanções". Nesta terça-feira, o chefe da diplomacia russa Serguei Lavrov apoiou o discurso do novo presidente dizendo que as restrições unilaterais dos Estados Unidos visam "asfixiar o Irã nos planos econômico e financeiro". Isso, nas palavras dele, "vai de encontro com os interesses fundamentais da comunidade internacional, o objetivo de garantir o regime de não-proliferação das armas nucleares".

Enquanto Hassan Rohani falava à imprensa, o ministro das Relações Exteriores da França, Laurent Fabius, se encontrou com o embaixador do Irã na França, Ali Ahani. De acordo com o porta-voz da pasta, ele disse ao colega que a França "espera do Irã atos concretos em resposta às preocupações internacionais sobre a finalidade de seu programa nuclear, sua atuação na Síria e a situação dos direitos humanos".
 

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