Missão da OEA vai ao Paraguai depois do impeachment
A OEA - Organização dos Estados Americanos - vai enviar uma missão ao Paraguai no final de semana para avaliar a situação do país após o impeachment do ex-presidente Fernando Lugo. O anúncio foi feito pelo secretário-geral da organização, José Miguel Insulza, depois de uma reunião difícil em Washington com os 34 países membros da OEA.
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Por Raquel Krahenbühl, correspondente da RFI em Washington
Foi uma longa e intensa discussão entre os países membros, que terminou sem consenso. Mas, no final, o secretário-geral da OEA, José Miguel Insulza, anunciou que ele ou seus representantes irão ao Paraguai em uma missão durante o fim de semana para avaliar a situação depois do impeachment do ex-presidente Fernando Lugo.
A proposta foi feita pelo representante de Honduras - país que há três anos viveu algo parecido quando o então presidente Manuel Zelaya foi destituído do cargo; no caso, houve um golpe de estado confirmado. Além de Honduras, outros 25 paísentre eles, Chile, México, Estados Unidos, Colômbia, Peru, El Salvador e Costa Rica, também aprovaram a medida.
Posição do Brasil
Brasil e Uruguai pediram que nenhuma decisão fosse tomada antes das reuniões do Mercosul e da Unasul na quinta e sexta-feira desta semana. Nicarágua, Venezuela, Bolívia e Equador – todos com governos esquerdistas - fizeram as críticas mais duras. Eles pediram a suspensão do Paraguai da OEA e fdeclararam que não reconhecem o atual governo do presidente Federico Franco porque acreditam que Lugo foi vítima de um golpe de estado.
No começo da reunião, a palavra foi concedida ao embaixador do Paraguai na OEA. Bernardino Hugo Saguier Caballero - que também representou o governo Lugo na organização - defendeu o atual governo, falou que o impeachment foi um julgamento político legítimo e pediu que a soberania do Paraguai seja respeitada, já que o novo presidente é reconhecido em todo o país.
A OEA convocou essa reunião extraordinária para analisar a crise política no Paraguai porque há dúvidas se a Constituição foi respeitada. O secretário-geral afirmou que o Paraguai enfrenta uma crise institucional, “uma situação nova que alguns estados membros consideram que causa prejuízo à democracia".
Insulza já tinha admitido que a organização não tem autonomia para intervir no Paraguai. A OEA poderia, no entanto, suspender temporariamente o Paraguai – como fez com Honduras – ou até impor sanções ao país, caso julgue necessário depois dessa missão.
Articulações
O governo americano – em contraste com vários governos da América Latina - não classificou a destituição de Lugo como golpe de estado e também não convocou seu embaixador para consulta. Mesmo assim, os Estados Unidos admitiram estar preocupados com a velocidade desse processo de impeachment.
A porta-voz do Departamento de Estado norte-americano, Victoria Nuland, insistiu no começo da semana que está consultando outros países da OEA e contou que a Secretária de Estado americana, Hillary Clinton, conversou por telefone no fim de semana com o ministro das Relações Exteriores brasileiro, Antonio Patriota.
Reunião da OEA em Washington sobre Paraguai
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