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Air France/França

Hollande pede esforços de funcionários e direção para evitar demissões na Air France

"Podemos evitar demissões na Air France", disse o presidente francês, François Hollande, em uma entrevista à rádio francesa nessa manhã. Sob enorme pressão, o chefe de Estado abre nesta segunda-feira (19) a 4ª conferência social de seu governo, com o boicote da principal central sindical do país, a CGT. A organização condena a dura resposta que o governo deu aos sindicalistas que agrediram dois diretores da Air France, há duas semanas.

O presidente francês, François Hollande discursa na abertura  da 4ª conferência social do Partido Socialista em Paris. 19 de outubro, 2015
O presidente francês, François Hollande discursa na abertura da 4ª conferência social do Partido Socialista em Paris. 19 de outubro, 2015 AFP PHOTO / THOMAS SAMSON
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"Na quinta-feira, acontecerá uma reunião. E eu peço, tanto à direção [da Air France] quanto aos parceiros sociais, que sejam responsáveis. Por quê? Porque podemos evitar demissões na Air France. Isso se os pilotos fizerem os esforços necessários, se a direção apresentar propostas e se os funcionários de solo se conscientizarem de determinadas realidades. Nós podemos evitar as demissões. Mas, se estamos nesta situação, cada um deve fazer uma parte do caminho. O diálogo social é isso", declarou o presidente francês nesta manhã à rádio RTL antes do início da 4ª conferência social do Partido Socialista (PS).

O principal desafio do governo é convencer os sindicatos e organizações patronais a dialogarem. Uma dura tarefa, especialmente após a pancadaria durante uma reunião do comitê central da Air France no dia 5 de outubro. Na ocasião, quatro sindicatos haviam anunciado uma greve nacional depois que a empresa anunciou um plano de reestruturação que prevê 2,9 mil demissões.

Na última segunda-feira (12), seis funcionários da Air France tiveram sua prisão provisória decretada por "criminalização da atividade sindical", no âmbito da investigação aberta para esclarecer as agressões físicas na qual sete pessoas ficaram feridas. Eles foram identificados graças a vídeos postados na internet e das câmeras de segurança internas da empresa.

Boicote

A principal central sindical da França, a CGT, anunciou que não participará da conferência social do PS, que classificou de "autoritária". A organização considerou muito rígida a resposta do governo aos sindicalistas suspeitos de agressão. Seu secretário-geral, Philippe Martinez, declarou que o evento é "a grande missa dos patrões".

A decisão da CGT é mais um gesto entre uma série de protestos que vêm gelando as relações do governo com os sindicatos. Na semana passada, dois sindicalistas da CGT se negaram a apertar a mão de Hollande, que visitava uma empresa naval na cidade de Saint Nazaire, no oeste da França.

Já o sindicato Force Ouvrière (FO) decidiu participar do evento, denunciando "o autoritarismo social" do governo. Para seu secretário-geral do FO, Jean-Claude Mailly, o conflito com a Air France ressalta o tenso clima social no país.

A tensão entre os sindicalistas e o governo socialista não é novidade. Na conferência social do PS do ano passado, quatro organizações sindicais abandonaram o evento, deixando sozinhos em uma reunião representantes da CFDT, do patronato e do governo.

Clima social "difícil"

Em uma entrevista concedida ao jornal Le Parisien, a ministra francesa do Trabalho, Myriam El Khomri, reconheceu o clima social "difícil" e criticou a ausência da CGT. "Me surpreende e lamento essa decisão. O que condeno é que, com essa atitude, a CGT entra no jogo daqueles que não acreditam nos sindicatos de nosso país", declarou.

Na conferência, a ministra vai presidir uma mesa redonda a uma das grandes reformas do direito trabalhista que Hollande pretende colocar em prática. Ela prevê conceder todos os direitos sociais à pessoa e não mais ao contrato de trabalho.

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