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Quase 20% dos estudantes universitários franceses não têm dinheiro para comer, diz pesquisa

A Federação de Associações de Estudantes da França (Fage) publicou uma pesquisa nesta quarta-feira (10) que mostra que quase 20% dos estudantes franceses não têm dinheiro para se alimentar de maneira correta. 

Estudantes fazem fila em frente a um restaurante universitário em Nantes, no oeste da França, em 29 de novembro de 2023.
Estudantes fazem fila em frente a um restaurante universitário em Nantes, no oeste da França, em 29 de novembro de 2023. AFP - LOIC VENANCE
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A pesquisa online contou com a participação de 7.531 estudantes, de 23 a 10 de dezembro de 2023. 

O estudo revelou que quase 20% dos estudantes (19%) não têm dinheiro para se alimentar de maneira correta. "Dormir de barriga vazia e estudar com a barriga vazia, não são condições ideais para fazer faculdade", declarou nesta quarta-feira à RFI Sarah Biche, vice-presidente para assuntos sociais da Fage.  

Esta situação abrange tanto estudantes que recebem bolsas (28% não têm o que comer) quanto não bolsistas (16%, ou um em cada seis). 

Apesar das refeições serem oferecidas a preços módicos nos restaurantes universitários (RU) — € 3,30 (por volta de R$ 18) para não bolsistas e € 1 (R$ 5,3) para bolsistas e estudantes precários — os valores são considerados elevados por muitos estudantes. 

Um em cada cinco universitários que não tem bolsa de estudos (19,1%) não come nos RUs devido ao custo e pulam mais de três refeições por semana (3,5). 

O estudo também destaca a qualidade da alimentação dos estudantes e aponta que metade (49%) não tem condições de comprar frutas e verduras frescas todas as semanas.

Residências insalubres

A Fage também questionou os estudantes sobre suas condições de moradia. Segundo a pesquisa, um terço dos entrevistados (37%) que não moram em alojamentos universitários, gostariam de viver neste tipo de residência. Este número sobe para 58% na região de Paris. A principal razão apresentada é o preço dos aluguéis para 65% dos entrevistados (51% em Paris e região). 

A moradia “é a principal despesa” dos estudantes, “é algo essencial para o acesso aos estudos e um fator que pesa no bom desempenho acadêmico”, lembra Sarah Biche.

Mesmo assim, um terço dos estudantes que não moram em residências universitárias (32%) não se interessa por estes alojamentos, devido ao estado precário de alguns edifícios. 

O péssimo isolamento térmico das acomodações, as condições insalubres e até mesmo a presença de insetos, como percevejos ou baratas, não incentivam os alunos a se candidatarem. "Podemos compreender. Como conseguiremos estar em condições dignas quando temos que conviver com insetos e baratas?", questiona a representante da Fage.

Também segundo a pesquisa da Fage, quase metade dos estudantes que participaram (41%) afirma que precisa trabalhar paralelamente aos estudos, tornando a precariedade o principal fator de fracasso escolar. 

Entre os estudantes que trabalham, 54,2% não tem bolsa e 41,4% são bolsistas. Além disso, 35% dos estudantes assalariados trabalham mais de 12 horas por semana. 

Baseado na pesquisa, a Fage fez um apelo para a generalização das refeições a um euro para todos os estudantes, para o congelamento dos preços dos aluguéis de estudantes e para a construção massiva de alojamentos estudantis. 

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