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Contra separatismo islâmico, França não aceitará novos “imãs destacados” a partir de 1º de janeiro

A França não aceitará mais novos imãs “destacados”, ou seja, enviados por outros países, a partir de 1º de janeiro, declarou na sexta-feira (29) o ministro francês do Interior, Gérald Darmanin, em uma carta aos países afetados pelo assunto. Depois de 1º de abril de 2024, os imãs destacados ainda presentes no território não poderão permanecer no país “sob este estatuto”, acrescenta o texto.

Pessoas oram na Grande Mesquita de Paris, França, em 11 de abril de 2021.
Pessoas oram na Grande Mesquita de Paris, França, em 11 de abril de 2021. Godong/Universal Images Group vi - Godong
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No início de 2020, o presidente francês, Emmanuel Macron, anunciou seu desejo de acabar com a recepção de cerca de 300 imãs enviados por diversos países (Argélia, Turquia, Marrocos, etc.), e de aumentar ao mesmo tempo o número de imãs formados na França. “Estamos trabalhando para acabar com os imãs destacados em 2024”, revelou o então ministro do Interior, Christophe Castaner, à época.

Recordando este “aviso prévio” de três anos, para dar às mesquitas e aos estados tempo para se organizarem, Gérald Darmanin insistiu no prazo: a decisão “será efetivamente aplicável a partir de 1º de janeiro de 2024”. Isto significa, em termos concretos, que a partir desta data a França “não aceitará mais novos imãs destacados”.

Quanto aos que já se encontram em território francês, estes terão de alterar seu estatuto: a partir de 1º de abril, será criado um “quadro específico” para permitir que as próprias associações gestoras de locais de culto recrutem os imãs e sejam responsáveis por seus pagamentos.

O objetivo da medida não é impedir que imãs estrangeiros preguem em França, mas garantir que nenhum deles seja pago por um Estado estrangeiro de que seja funcionário público ou agente público.

Ramadã

Por outro lado, a chegada dos “imãs do Ramadã”, um grupo de cerca de 300 cantores e recitadores que vão à França durante o mês sagrado para os muçulmanos, “não é questionada”, de acordo com o comunicado.

Ao mesmo tempo, é colocada ênfase na necessidade de que uma “proporção crescente” de imãs que exercem funções no território seja, “pelo menos parcialmente, formados na França”. Isto exige desenvolver a formação e o Estado quer estar “atento” para garantir que uma oferta “respeitadora das leis e princípios da República Francesa” seja rapidamente ampliada.

Para além da formação religiosa, a medida consiste também em apoiar o acesso dos imãs à formação universitária, como as lançadas em 2023 pelo Instituto Francês de Islamologia, por exemplo.

Determinado a lutar contra o “separatismo islâmico”, Macron anunciou em fevereiro de 2020 uma série de medidas contra “influências estrangeiras” sobre o Islã na França, que vão desde imãs destacados até o financiamento de mesquitas.

União das Mesquitas da França

Questionado, Mohammed Moussaoui, presidente da União das Mesquitas da França (UMF), afirma não se preocupar desde 2021 com a medida anunciada por Darmanin. Em sua opinião, os 27 imãs marroquinos destacados foram contratados por associações da UMF e já não recebem financiamento de Rabat.

Já o número de imãs destacados pela Argélia é estimado em 120. Para melhor organizar o culto muçulmano, também foi lançado em fevereiro de 2022 um Fórum do Islã na França (Forif), com participantes que deveriam representar melhor a segunda religião do país. Mas este organismo luta para se estabelecer no cenário fragmentado do Islã na França.

(Com informações da AFP)

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