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França proíbe pausa durante jogos para atletas quebrarem jejum do Ramadã

Na última quinta-feira (30), a Federação Francesa de Futebol (FFF) e a Comissão Federal dos Árbitros reafirmaram que é proibido na França interromper uma partida para permitir que jogadores muçulmanos quebrem o jejum durante o mês sagrado do Ramadã. Quem não respeitar a regra será sancionado. A decisão polêmica provocou reações imediatas de jogadores e torcedores franceses.

Jogadores do Lyon durante o jogo contra o PSG no estádio Parque dos Príncipes, nos arredores de Paris. 02/04/2023
Jogadores do Lyon durante o jogo contra o PSG no estádio Parque dos Príncipes, nos arredores de Paris. 02/04/2023 REUTERS - SARAH MEYSSONNIER
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Com a colaboração especial de Jonas Duris

A FFF baseou sua decisão no princípio de laicidade do Estado Francês e na neutralidade religiosa do futebol. No comunicado enviado por e-mail a todos os árbitros da Liga francesa, a entidade lembrou que os jogadores muçulmanos podem cessar o jejum durante o intervalo ou quando houver uma substituição. A justificativa não apaziguou a polêmica.

No último sábado (1), o jogador francês Lucas Digne, que atua pelo time inglês Aston Villa, denunciou pelo Instagram a decisão da FFF. “Em 2023, podemos parar um jogo durante 20 minutos para tomar decisões, mas um minuto para tomar água não pode”, ironizou o jogador, se referindo ao uso do VAR, muito criticado na França.

O descontentamento ganhou as arquibancadas do Parque dos Príncipes. No domingo (2), durante o jogo PSG-Lyon, torcedores do time parisiense exibiram uma faixa com os dizeres: “uma tâmara, um copo de água; os maiores pesadelos da FFF”.

Consequências

As consequências da declaração da FFF já aparecem. O técnico do Nantes, Antoine Kombouaré, decidiu não selecionar Jaouen Hadjam, um jogador muçulmano que se recusou a romper o jejum nos dias de jogos. O técnico justificou a escolha controversa alegando a aptidão física dos atletas, que precisam seguir uma dieta estrita.

Esses eventos vêm reforçando na França um debate constante sobre a liberdade religiosa. Ramadã é o nono mês do calendário islâmico, durante o qual os muçulmanos jejuam do nascer ao pôr do sol. O jejum é o quarto dos cinco pilares do islamismo e o Ramadã é considerado um período sagrado no Islã.

Inglaterra, país mais aberto

Na Inglaterra, segundo o jornal Sky Sports, os árbitros, com a orientação da Professional Game Match Officials Ltd (PGMOL), autorizam os jogadores muçulmanos praticantes a quebrar o jejum quando há uma pausa natural no jogo.

Didier Digard, técnico do OGC Nice e ex-jogador que já atuou na Inglaterra, reagiu à polêmica. “Conhecemos a Inglaterra. Temos de admitir que eles são mais abertos do que nós sobre esse assunto e sempre foi assim. Seria bom que a França fizesse o mesmo, mas ninguém se preocupa porque não estamos em um país muçulmano. Mas precisaríamos levar em conta a realidade do país em que vivemos”, sugeriu Digard.

Este ano, o mês sagrado do Ramadã começou em 22 de março e vai até 21 de abril.

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