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Verdes vencem eleições municipais e vão governar várias grandes cidades francesas

Os resultados do segundo turno das eleições municipais na França, ocorrido neste domingo (28), podem ser resumidos em dois aspectos, segundo a imprensa francesa. A vitória impressionante de candidatos ambientalistas em várias grandes cidades do país e a derrota do partido do presidente Emmaniel Macron, que não conseguiu vencer o desafio da implantação local.

A imprensa francesa desta segunda-feira, 29 de março destaca a vitória impressionante de candidatos ambientalistas.
A imprensa francesa desta segunda-feira, 29 de março destaca a vitória impressionante de candidatos ambientalistas. © Fotomontagem RFI
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Os verdes conquistaram as prefeituras de Lyon, Bordeaux, Estrasburgo, Poitiers, Besançon e Tours, um fenômeno que demonstra que a ecologia política deixou de ser virtual para se tornar uma realidade, pelo menos na França urbana, destaca o editorial do jornal Le Figaro. A segunda evidência extraída das urnas é o "fracasso contundente" do partido A República em Marcha (LREM), que fez alianças incompreensíveis para os eleitores, ora com a direita, ora com a esquerda, além de alinhar candidatos sem carisma e experiência política. "Macron sonhava em mudar o jogo, enraizando seu movimento político no coração do país, mas ele terá que desistir", afirma o conservador Le Figaro.

Os verdes foram reeleitos em Grenoble e vão participar ativamente das administrações municipais de Montpellier, Marselha e Paris, onde a socialista Anne Hidalgo se reelegeu com pouco mais de 50% dos votos, aliada aos ecologistas. Tanto a direita republicana quanto os socialistas perderam municípios para os verdes que eram redutos históricos dessas forças políticas. Foi o caso de Bordeaux, onde os conservadores não perdiam uma eleição havia 73 anos. Em Lyon, o ex-ministro do Interior de Macron, o socialista Gérard Collomb, prefeito da cidade durante 20 anos, chegou em quarto lugar.

Os aspectos marcantes da votação foram a abstenção histórica de 60% dos eleitores, e a eleição de mulheres, pela primeira vez, em várias cidades importantes, como Besançon, Poitiers, Biarritz, Quimper e St Denis, capital da Ilha da Reunião.

O jornal de esquerda Libération nota que apesar da abstenção recorde, os ambientalistas conquistaram uma vitória "retumbante", que vai além de suas expectativas. Eles também participam do bom desempenho da esquerda em vários municípios, incluindo a capital. "Quem teria dito isso alguns meses atrás?", indaga o diário em seu editorial.

Para o jornal progressista, as municipais fizeram duas vítimas: "primeiro a democracia, minada por uma taxa recorde de abstenção; e o partido presidencial, que perde sua tentativa de implantação e depende mais do que nunca do destino de seu único líder". "O movimento criado por Macron é uma pirâmide sem base ou uma cabeça sem corpo", escreve o Libération.

Extrema direita conquista um importante reduto em Perpignan

A imprensa registra a vitória da extrema direita em uma cidade importante, com mais de 100.000 habitantes: Perpignan, na fronteira com a Espanha. Luis Aliot, ex-companheiro de Marine Le Pen, foi eleito com mais de 50% dos votos, reforçado pelo apoio que recebeu na reta final pelo candidato da direita e também pelo adversário do partido de Macron. Ambos desistiram da disputa para apoiar o populista. Globalmente, o desempenho do partido de Marine Le Pen é considerado fraco, mas a vitória em Perpignan é um trunfo e pode representar uma plataforma de lançamento da candidatura presidencial em 2022.

Para o Le Monde, a vitória dos ambientalistas representa uma "mudança histórica". O partido Europe Ecologia-Verdes (EELV), que tinha até agora apenas quatro quatro funcionários e não formou uma bancada nas últimas legislativas na Assembleia Nacional, "encantou várias grandes cidades, tornando-se uma grande força de oposição ao presidente da República". Além da vitória em cidades simbólicas, como Lyon, Bordeaux e Estrasburgo, a reeleição em Grenoble e a participação importante que terão nos conselhos municipais de Paris, Montpellier e Marselha, os verdes utilizarão seus mandatos como vitrines da ecologia política que entrou em seu estágio de maturidade e não tem mais medo de dizer que deseja exercer o poder, afirma o Le Monde.

Le Parisien diz que Macron deverá fazer anúncios importantes para confortar o desejo de mudança e a exigência ecológica demonstrada pelos franceses nas urnas. Ele deve anunciar nos próximos dias uma ampla reforma ministerial que lhe permita chegar mais bem posicionado às eleições presidenciais de 2022.

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