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Guerra dos grãos: Kiev desafia Moscou em nova rota no Mar Negro; Odessa é bombardeada

A Ucrânia anunciou nesta quarta-feira (16) que um primeiro cargueiro comercial deixou o porto de Odessa, desafiando a Rússia, que vem ameaçando afundar tais embarcações desde que fechou a porta ao acordo que permite a exportação de cereais ucranianos.

Imagem cedida pelo Ministério de Infraestrutura da Ucrânia mostra saída do navio porta-contêineres Joseph Schulte do porto de Odessa para passar pelo corredor temporário estabelecido por Kiev no Mar Negro, em Odessa, Ucrânia, 16 de agosto de 2023.
Imagem cedida pelo Ministério de Infraestrutura da Ucrânia mostra saída do navio porta-contêineres Joseph Schulte do porto de Odessa para passar pelo corredor temporário estabelecido por Kiev no Mar Negro, em Odessa, Ucrânia, 16 de agosto de 2023. AP
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Emmanuelle Chaze, correspondente da RFI em Kiev

O anúncio da saída no Mar Negro do navio "Joseph Schulte", de bandeira de Hong Kong, ocorreu apesar de um novo bombardeio noturno contra estruturas portuárias e silos de cereais no Danúbio, na região de Odessa.

Além disso, Kiev anunciou a libertação de uma localidade na frente sul, onde se concentra a maior parte do esforço de sua difícil contraofensiva para libertar os territórios ocupados pela Rússia.

"O navio porta-contêineres Joseph Schulte (...) saiu do porto de Odessa e está navegando pelo corredor temporário estabelecido para navios civis", anunciou Oleksandre Kubrakov, ministro ucraniano responsável pelas infraestruturas. A Ucrânia anunciou na semana passada a abertura de corredores "temporários" no Mar Negro para desafiar o bloqueio da Rússia.

Ainda de acordo com Kubrakov, este primeiro navio partiu com 30 mil toneladas de carga a bordo, incluindo cereais, depois de ficar imobilizado desde 23 de fevereiro de 2022.

Em resposta ao bloqueio da Rússia, a Letônia também propõe exportar até 1 milhão de toneladas de cereais ucranianos anualmente através de seus portos no Mar Báltico, e a Romênia quer dobrar a capacidade de trânsito mensal de cereais ucranianos para seu porto de Constanta para 4 milhões de toneladas nos próximos meses, pelo Danúbio.

Riscos

Uma evidência dos riscos que a decisão representa, durante o fim de semana, um navio de guerra russo disparou tiros de alerta contra um cargueiro que se dirigia a Izmail, porto do Danúbio, no sul da Ucrânia, que se tornou uma das principais rotas de escoamento de produtos agrícolas ucranianos desde o fim do acordo, em julho, sobre exportação de grãos, uma importante fonte de renda para Kiev.

O exército russo também continuou a atacar a infraestrutura portuária do Danúbio com seus bombardeios, lançando outro ataque de drone durante a noite de terça (15) para quarta-feira.

"Como resultado de ataques inimigos em um dos portos do Danúbio, armazéns de grãos foram danificados", anunciou o governador da região de Odessa, Oleg Kiper, nas redes sociais.

A Romênia condenou veementemente nesta quarta-feira os novos ataques russos contra a infraestrutura portuária do Danúbio, crucial para a entrega de cereais ucranianos, depois de diversos ataques às portas deste país da Otan nas últimas semanas.

“Condeno veementemente os repetidos ataques russos contra pessoas inocentes e infraestrutura civil, inclusive contra silos de grãos nos portos ucranianos de Reni e Izmail”, reagiu no X (ex-Twitter) a ministra das Relações Exteriores da Romênia, Luminita Odobescu. "Por meio dessas violações flagrantes do direito internacional, a Rússia continua a colocar em risco a segurança alimentar e de navegação no Mar Negro", acusou ela.

Drones

As forças ucranianas afirmaram terem derrubado 13 drones durante a noite nas regiões do sul de Odessa e Mykolaiv. O governador da região de Donetsk, Pavlo Kyrylenko, relatou na manhã desta quarta-feira quatro pessoas mortas e outras sete feridas na região pelas forças russas nas últimas 24 horas.

Quanto à difícil contraofensiva ucraniana em curso desde junho, o Ministério da Defesa anunciou pela manhã a libertação de Urozhaine, localidade da região de Donetsk, na frente sul, principal eixo de ataque dos ucranianos.

"Urozhaine foi libertada. Nossos defensores estão estabelecidos nas proximidades. A ofensiva continua", disse o vice-ministro da Defesa, Ganna Maliar, em um comunicado publicado nas redes sociais. A reconquista da cidade era esperada desde o fim de semana.

A Ucrânia já havia reivindicado algumas vitórias nas partes leste e sul de seu território na segunda-feira (14), particularmente em torno de Bakhmout, no leste. Avanços que seguem modestos, após dois meses de luta. Seu exército também está em dificuldade no nordeste, perto de Kupyansk.

"Recursos quase esgotados"

Moscou, por sua vez, afirma que as tropas ucranianas estão no fim de seus recursos e que sua contraofensiva continua sendo um fracasso. "Os recursos do exército ucraniano estão quase esgotados", declarou o ministro da Defesa russo, Sergei Shoigu, na terça-feira.

Kiev, que ainda exige cada vez mais ajuda ocidental, garante que sua contraofensiva avança metodicamente, enfrentando linhas de defesa russas compostas de trincheiras, campos minados e armadilhas antitanque.

O território russo na fronteira com a Ucrânia continua sendo alvo de ataques e drones ucranianos, com alguns chegando a Moscou. Uma pessoa foi morta e outras duas ficaram feridas na terça-feira em um bombardeio ucraniano na região russa de Belgorod, informou o governador regional Vyacheslav Gladkov nesta quarta-feira.

Economicamente, as dificuldades da Rússia são reais. O país viu sua moeda entrar em colapso, a inflação voltar a subir e seu comércio exterior cair, em particular suas vendas de hidrocarbonetos, sofrendo com as medidas restritivas adotadas pelo Ocidente.

Após longa espera, o banco central russo finalmente resolveu, na terça-feira, por um aumento surpresa da sua taxa básica de juros de 8,5% para 12%.

(Com informações da AFP)

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