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Cúpula Rússia-África: Egito pede a Moscou que retome acordo de exportação de grãos

O presidente egípcio, Abdel Fattah al-Sisi, insistiu nesta sexta-feira (28) que a Rússia retome o acordo de cereais no Mar Negro, medida que permitiu à Ucrânia exportar grãos através de seus portos, apesar da guerra.  Moscou abandonou o acordo por acreditar que a Ucrânia e o Ocidente não respeitam seus compromissos. 

O presidente russo, Vladimir Putin, à direita, e o presidente de Moçambique, Filipe Nyusi, apertam as mãos durante uma foto oficial dos participantes da Cúpula Rússia-África, em São Petersburgo, Rússia. Nesta sexta-feira, 28 de julho de 2023. (Alexei Danichev, Sputnik, Kremlin Pool Photo via AP)
O presidente russo, Vladimir Putin, à direita, e o presidente de Moçambique, Filipe Nyusi, apertam as mãos durante uma foto oficial dos participantes da Cúpula Rússia-África, em São Petersburgo, Rússia. Nesta sexta-feira, 28 de julho de 2023. (Alexei Danichev, Sputnik, Kremlin Pool Photo via AP) AP - Alexei Danichev
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O presidente egípcio falou durante a sessão plenária do segundo e último dia da cúpula Rússia-África, em São Petersburgo. O Egito é um grande importador de alimentos.

O fim do acordo de grãos gera preocupação entre os países africanos. Na quinta-feira (27), o presidente russo, Vladimir Putin, prometeu entregar grãos gratuitamente a alguns países do continente. 

Em seu discurso de abertura da cúpula, Moscou informou que poderia entregar gratuitamente “nos próximos meses” até 50 mil toneladas de cereais a seis países: Zimbábue, Somália e Eritreia e três países que se aproximaram da Rússia nos últimos anos: Mali, República Centro-Africana e Burkina Faso. 

“O nosso país pode substituir os cereais ucranianos comercialmente, mas também em termos de (entregas humanitárias) gratuitamente”, disse Putin, afirmando que a Rússia era um produtor “sólido e responsável”.  Ele ainda justificou sua decisão dizendo que os países ocidentais estavam "obstruindo" as entregas de fertilizantes e cereais russos. 

Apesar do risco de desabastecimento no continente africano, Moscou se recusou a estender o acordo de grãos com a Ucrânia, medida que havia permitido a estabilização dos preços dos alimentos e evitou o risco de escassez. 

Uma porta-voz do Exército ucraniano, Natalia Goumenyuk, acusou Moscou de querer "um monopólio de grãos", no momento em que Kiev carece de defesas antiaéreas para conter os ataques russos em sua infraestrutura portuária. 

Rússia examina propostas de solução para o conflito 

A Rússia afirmou nesta sexta-feira estar examinando "cuidadosamente" as propostas africanas para encontrar uma solução para o conflito armado na Ucrânia. "Esse é um problema sério, não podemos deixar de estudá-las", declarou Putin diante de vários altos funcionários africanos.

“Significa muito, porque antes as missões de mediação eram monopolizadas por países com uma democracia supostamente avançada. Agora, a África também está pronta para ajudar a resolver problemas que parecem fora da sua área prioritária de interesse”, disse o presidente russo. "Respeitamos suas iniciativas e as estudamos cuidadosamente", reafirmou.  

Isolado no cenário internacional desde o lançamento da ofensiva militar na Ucrânia, em 2022, o Kremlin espera contar com o apoio, ou a neutralidade, de muitos países africanos. A cúpula é, desta forma, vista como um teste diplomático e político para Moscou.  

Na quarta-feira, Putin conversou com o primeiro-ministro etíope, Abiy Ahmed, e depois com o presidente egípcio, Abdel Fattah al-Sissi, divulgando seus projetos conjuntos de energia. 

Em geral, "o quadro em que a Rússia e a África interagem mudou profundamente", observa Vsevolod Sviridov, especialista do Centro de Estudos Africanos da Universidade de Economia de Moscou. "Portanto, obviamente, devemos redefinir (essas) relações", explica o acadêmico.  

Sinal desse interesse russo na região, o chefe da diplomacia russa, Sergei Lavrov, já fez duas viagens ao continente desde o início do ano, tentando atrair os países africanos para o lado de Moscou e se comportamento como um baluarte contra o "imperialismo" e “neocolonialismo” do Ocidente. 

Nos últimos anos, a Rússia tem procurado estreitar os seus laços com África e uma das estratégias era através da presença do grupo paramilitar Wagner. Porém, a rebelião abortada pela mílicia Wagner, no final de junho, lança dúvidas sobre o futuro das operações do grupo no continente. 

Com informações da AFP

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