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História

Romenos lembram 30 anos da morte de Ceausescu, ditador fuzilado diante das câmeras

Essa quarta-feira (25) marca os 30 anos da morte de Nicolae Ceausescu. No Natal de 1989, o então presidente da Romênia foi executado junto com sua mulher, Elena, após uma revolta popular que o retirou do poder, colocando um ponto final na última ditadura da Europa.

Os 30 anos da revolução romena foram lembrados discretamente com uma cerimônia no dia do aniversário da queda de Nicolae Ceausescu (22), e não de sua execução.
Os 30 anos da revolução romena foram lembrados discretamente com uma cerimônia no dia do aniversário da queda de Nicolae Ceausescu (22), e não de sua execução. Octav Ganea via REUTERS
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A queda de Ceausescu foi o ápice de uma das várias revoltas que marcaram o fim do comunismo no Leste Europeu. No entanto, a revolução romena é lembrada como uma das mais violentas em razão do processo e da execução do chefe de Estado e sua primeira-dama.

O fim do reinado do “conducator”, como era chamado, começou em 16 de dezembro, apenas cinco semanas após a queda do Muro de Berlim. Os eventos na capital alemã contribuíram com o surgimento de uma onda de protestos populares, reprimidos a tiros pelo governo em várias partes da Romênia. A ação do presidente foi rapidamente condenada por tribunais internacionais.

Em 22 de dezembro, em uma das manifestações populares contra o governo, Ceausescu tenta acalmar a população e, vaiado, é obrigado a fugir de helicóptero. Algumas horas mais tarde, uma multidão, apoiada pelo exército, invade a sede do Comitê central do partido comunista onde o ditador se refugiava.

Três dias depois, no Natal, o chefe de Estado e sua mulher foram julgados, em uma audiência improvisada, cujos trechos chegaram a ser transmitidos ao vivo por algumas emissoras de televisão internacionais. Além de destruir bens públicos e enfraquecer a economia nacional, Ceausescu é acusado de genocídio. Ele é apontado como responsável pela morte de milhares de pessoas, vítimas da repressão durante os protestos.

Pena de morte decretada em dez minutos

O presidente contesta a legitimidade do tribunal e afirma ser vítima de um complô. Mas após apenas dez minutos de deliberação, a sentença é anunciada: confiscação de bens e pena de morte. Nicolae e Elena são imediatamente levados para o pátio do prédio e fuzilados, diante das câmeras. As imagens foram divulgadas pela televisão romena e retransmitidas em vários países.

Até hoje, esse episódio da história divide. Além de o julgamento do presidente não ter respeitados os critérios da Justiça, informações posteriores confirmaram que os números de mortos vítimas da repressão do governo não eram verdadeiros. As agências da notícia da ex-Iugoslávia e da Hungria são acusadas de terem dramatizado os eventos, alimentando ainda mais a fúria contra Ceausescu.

Além disso, Ion Iliescu, um dos arquitetos da revolução, que em seguida foi eleito presidente três vezes, chegou a ser acusado de agir em nome dos soviéticos. Ele é julgado nesse momento por crimes contra a humanidade. Segundo a Justiça, ele teria orquestrado uma verdadeira campanha de desinformação para legitimar a queda do ditador.

Por essa razão, a revolução romena é lembrada de forma discreta, sem grandes cerimônias. No domingo (22), aniversário da queda de Ceausescu, cerca de mil pessoas homenagearam as vítimas desse episódio histórico em Bucareste. Mas trinta anos depois, muitos ainda pedem esclarecimentos sobre os eventos que resultaram na queda e na execução brutal do “conducator”.

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